Sempre fui muito engajado na Igreja.Era da pastoral da juventude da Igreja da Glória, fazia parte do grupo deoração e ia para a missa todos os domingos. No entanto, eu nunca tive umaexperiência com Deus. Da mesma forma que o meu domingo era para Deus, o meusábado era para o mundo. Seja em festas da escola ou forrós com meus primos, eusempre estava lá, fazendo o contrário do que Deus me convidava a fazer tododomingo.
Em julho de 2005, uns amigos meus forampara o Acamp’s e fizeram aquela propaganda! Eu fiquei muito animado, decidi,então, que iria em janeiro de 2006. Só de pensar que iria passar a semana todafora de casa, já ficava ansioso!
Quando cheguei ao acampamento nasegunda-feira, como todo mundo, eu me surpreendi com a estrutura, ou melhor, afalta de estrutura. Como o próprio nome do evento falava, era um acampamento deverdade, mesmo assim, fiquei muito animado. Conheci muita gente legal e, decerta forma, era esse o objetivo de eu estar lá.
Na terça-feira, aconteceu o que eununca imaginara que iria acontecer comigo: eu repousei. Durante aquele repouso,eu senti verdadeiramente a presença de Deus na minha vida, mostrando- me tudo oque ele não queria que fizesse parte de mim. Foi a primeira vez que eu senti aqueleamor tão falado que Deus tem por nós. Fiquei muito feliz depois daquelaexperiência. Eu queria muito mais. Queria aquilo todos os dias da minha vida.
Os dias foram passando, e o fato denão ter sentido a presença de Deus novamente entristeceu-me muito. Com isso, fuificando cada dia mais desmotivado e confuso, sem entender por que Ele havia me abandonado.Várias coisas passavam pela minha cabeça: será que aquele sentimento que euhavia sentido era apenas uma grande expectativa que eu havia posto naquelemomento?
Quando chegou o sábado, o último dia,eu já estava tão decepcionado que o sentimento tinha se transformado em raiva,revolta. Eu participava de tudo, mas quando chegava a hora da oração, eu já tinhaem mente que Deus não apareceria novamente para mim. Eu pensava que Ele sóestava presente se nós sentíssemos algo extraordinário.
Manifestaçãode Deus
Voltando para o sábado, durante aadoração, resolvi me entregar com força para que Ele voltasse a se manifestar damesma forma como havia feito no primeiro dia. Mas isso não aconteceu. O tempo foi passando e nada eusentia. Até que, de repente, o Célio, um dos seminaristas que lá estavam, dopalco falou o seguinte: “vamos nos preparar para a bênção do Santíssimo!”. Seeu tivesse uma pedra, teria jogado na cabeça dele naquele exato momento.
Comecei a me inquietar, pois o padre estavalevando o Santíssimo embora. Pensei, então, comigo mesmo: “não vá embora, euquero que você fique aqui até eu sentir alguma coisa. Hoje é o último dia e eunão quero sair daqui assim. Pode voltar. Eu quero que você fique na minhafrente até eu sentir o teu amor novamente”. No auge dessa autoridade toda,chegou um servo de seminário, tocou no meu ombro e falou: “meu filho, não sepreocupe. Eu sempre estarei com você. Eu nunca te abandonarei”.
Essa foi a parte mais engraçada porquefoi uma coisa muito simples, mas que calou de uma forma surpreendente no meucoração que eu tive a experiência que eu estava querendo ter. Quando tenho umaexperiência muito forte com Deus, começo a ficar com falta de ar, não consigo meexpressar nem falar nada. Meu amigo Rodrigo estava do meu lado e começou aficar preocupado. Depois ele me disse que pensava que eu estava tendo umamanifestação.
O Célio me viu passando pelo salãovermelho e viu a cara de preocupação do meu amigo, desceu do palco e sentou ao meulado. Ele olhou para mim e falou: “você quer partilhar? Você quer conversar?Você quer chorar?”. A todas essas perguntas eu respondi negativamente com acabeça. Nem falar eu conseguia. Foi aí que ele disse: “então fala o queaconteceu”. Quando abri a boca, comecei a chorar desesperadamente.
Essa foi a experiência que tive no acampamento.Depois desse, eu fui para mais dois, servindo no “Servos de Seminário”, que atéhoje é o meu ministério. Vou completar quatro anos de caminhada no Shalom, e todavez que penso em me afastar, lembro-me da promessa que Deus fez no meuseminário: “meu filho, não se preocupe, eu sempre estarei com você. Eu nunca teabandonarei!”.
Há pouco tempo eu estava muitodesmotivado com tudo no Shalom, e na hora da missa uma amiga minha, a Milinha,virou para mim e disse: “promete que nunca vai sair do Shalom!”. Eu comecei arir, porque ela não sabia pelo que eu estava passando. Ela repetiu mais uma veze eu disse: “Milinha, deixa de besteira!”. Ela disse: “você ainda não meprometeu!”. Eu respondi: “mesmo que eu queira abandonar tudo, eu não consigo,pois a experiência que eu tive não me deixa fazer isso!”. Quando ela se voltoupara o altar, eu comecei a chorar.
Eu continuo caminhando, continuo comsede de conhecer mais e mais a Deus e continuo com minhas mazelas, meuspecados, que infelizmente não são poucos. Mas o que me sustenta no desejo defazer a vontade de Deus é a promessa que Ele fez de sempre estar comigo,independente do que eu vier a fazer
Marcos Filho, 21 anos, estudante de educação física.