Formação

Dei Verbum e Formação do Antigo Testamento

comshalom

1. DEI VERBUM

INTRODUÇÃO:
Nosso estudo tem como base um documento do Magistério Eclesiástico que se chama Constituição Dogmática Dei Verbum. Este documento foi elaborado em 1965 no último Concílio Ecumênico da Igreja Católica, ou seja, no Concílio Vaticano II. Fala sobre a Revelação Divina e Sua Transmissão.

O que é a Revelação Divina?
É Deus comunicando e manifestando gradualmente a sua própria vida divina na história dos homens, por etapas, e que vai culminar na pessoa de Jesus. Deus quis Se revelar ao homem para que este O conhecesse e assim pudesse livremente amá-Lo e escolhê-Lo como Bem Supremo de sua vida.

Etapas da Revelação Divina:
– Deus manifestou-se desde o princípio, aos nossos primeiros pais através das coisas criadas.
– Convidou-os a uma comunhão íntima consigo mesmo revestindo-os de uma Graça e justiça resplandecentes.
– Depois da queda do homem, Deus prometeu-lhes a salvação.
– Concluiu com Noé uma aliança entre Si e todos os seres vivos.
– Escolheu Abraão e concluiu uma aliança com Ele e seus descendentes. Fez deles o Seu povo.
– Revelou a este povo a Sua lei por meio de Moisés.
– Preparou a este povo através dos profetas a acolher a salvação destinada a toda humanidade.
– Revelou-Se plenamente, enviando o Seu Filho, no qual estabeleceu a Sua aliança para sempre.
– O Filho é a palavra definitiva do Pai. Depois Dele não haverá outra Revelação.

Transmissão da Revelação Divina:
A transmissão da Revelação Divina aconteceu ao longo dos tempos, de duas maneiras: primeiro, oralmente e depois, por escrito. Hoje o que Deus revelou encontra-se por escrito na Sagrada Tradição e na Sagrada Escritura, os quais constituem um só sagrado depósito da Palavra de Deus confiado à Igreja.

1. TRADIÇÃO:
É oriunda dos Apóstolos e progride na Igreja sob a assistência do Espírito Santo . Jesus ordenou aos Apóstolos que o Evangelho fosse pregado por eles a todos. E os Apóstolos pregaram de forma oral e depois (Sob a inspiração do Espírito Santo) de forma escrita. A pregação apostólica foi conservada por escrito na Sagrada Tradição. Também fazem parte da Tradição, os escritos dos padres apostólicos (Santos Padres), bispos que conviveram com os 12 Apóstolos).

2. SAGRADA ESCRITURA (A Bíblia – Palavra de Deus)
É a Palavra de Deus, redigida pelo hagiógrafo (autor sagrado) sob a inspiração do Espírito Santo.
– A Palavra de Deus (Bíblia) – por meio do homem(autor sagrado) torna-se língua humana
– O Verbo de Deus (Jesus) – por meio de Maria(encarnação) torna-se homem.
Por isso a Igreja venera a Sagrada Escritura (A Bíblia) = Corpo de Cristo (Pão da vida)

3. MAGISTÉRIO DA IGREJA:
Só o magistério da Igreja pode interpretar e transmitir a Revelação Divina, cuja autoridade é exercida aos bispos em comunhão com o Papa.
O Magistério está a serviço das Palavra de Deus.
Ensina aos homens o que foi transmitido por Deus.

2. FORMAÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO

Foi no seio do povo hebreu que nasceu a Bíblia (A.T.) Os textos bíblicos do Antigo Testamento começaram a ser escritos a partir do século IX a. C. No decorrer dos séculos foi-se formando a biblioteca sagrada de Israel, sem que os judeus se preocupassem com a catalogação das mesmas. E o último livro a ser escrito foi Sabedoria (50 aC). Os autores sagrados (os hagiógrafos) viveram em lugares e ambientes muito diversos: cada um imprime na sua obra traços característicos de sua personalidade. Mas como eles escreveram sob a inspiração do Espírito Santo, é Deus o Autor principal de toda a Bíblia.

Só depois do Exílio (538 aC) é que se escreveu definitivamente o Antigo Testamento. Nessa época é que o Antigo Testamento adquiriu toda a sua autoridade. Ele se tornou o eixo de um sistema social e religioso – o judaísmo. O Antigo Testamento era como a carteira de identidade do povo de Israel.

Os judeus foram ajuntando no decorrer de sua história e coleção dos livros do Antigo Testamento e dividiram-na em 3 partes:

1. A Lei Torá – contendo os 5 livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Formam o núcleo fundamental da Bíblia.
2. Os Profetas – os judeus compreendiam por esse título os livros que hoje são denominados proféticos e históricos.
3. Os Escritos – os judeus designavam por este nome os livros: Salmos, Provérbios, Jó, Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras e Neemias, Crônicas.

No segundo século antes da nossa era, esta coleção já estava terminada (séc. II aC).

Nessa época (entre 250 e 100aC), os judeus estavam, em parte, dispersos pelo mundo afora (diáspora – emigração e dispersão dos judeus para outros países). Quando os judeus começaram a emigrar para outros países, levaram consigo a Bíblia. Se fixou, um grupo de judeus, em Alexandria (Egito), onde se falava grego e lá constituíram uma colônia. Adotaram a língua grega e tiveram a necessidade de traduzir a Bíblia do hebraico para o grego. Conta a Tradição que o rei Ptolomeu II (Alexandria) querendo possuir na sua biblioteca um exemplar grego dos livros sagrados dos judeus, pediu ao sumo sacerdote Eleázaro de Jerusalém os tradutores. Eleázaro enviou seis sábios de cada uma das doze tribos de Israel (72 sábios) para Alexandria. Estes ficaram em 72 cubículos individuais e no final os 72 textos gregos do Antigo Testamento estavam idênticos. Consideraram um milagre! Ficou sendo conhecida como a TRADUÇÃO DOS SETENTA ou tradução Alexandrina.

Alguns escritos recentes lhe foram acrescentados sem que os judeus de Jerusalém os reconhecessem como inspirados: Tobias e Judite, Daniel e Ester (parte), Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, Jeremias. A Igreja Cristã admitiu-os como inspirados da mesma forma que os outros livros. Desse modo a Bíblia grega (tradução dos setenta hebraico-grego) tem 7 livros a mais do que a Bíblia hebraica (original).

Os judeus de Jerusalém não reconheceram os 7 livros como verdadeiros porque eles afirmam que:
– Só podem ser escritos dentro de Israel
– Só podem ser escritos em hebraico
– Só podem ser escritos antes de Esdras

Obs: No ano 100 dC os rabinos se reuniram no sínodo de Jâmnia para estipular esses critérios.

Foi a tradução apostólica que levou a Igreja a decidir quais os escritos que deviam ser contados na lista dos livros sagrados. Esta lista é chamada de: Cânon das Escrituras.
Cânon – Karon (grego) = Catálogo
Canônico – Livro catalogado
– Os livros escritos dentro do seio da comunidade dos judeus, são chamados: PROTOCANÔNICOS (Catalogados em primeiro lugar)
– Os sete livros acrescentados em grego são chamados: DEUTOROCANÔNICOS (Catalogados em segundo lugar).
O Cânon Católico compreende 46 livros do Antigo Testamento.

Divisão da Bíblia:

1. Pentateuco (a Lei) – Gen, Ex, Lev, Num, Deut.

2. Livros Históricos – Jos, Jz, Rt, Sam, Reis, Crôn, Esd, Nee, Tob, Jud, Est, Macabeus.

3. Livros Sapienciais – Jó, Sl, Prov, Ecle, Cânt, Sab, Eclo.

4. Livros Proféticos – Isaías, Jeremias, Lamentações, Baruc, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias

O Cânon Católico – Adota a Bíblia hebraica juntamente com os sete livros acrescentado na tradução grega. Os protocanônicos e deuterocanônicos.

Os judeus – adotam só a Bíblia hebraica (Protocanônicos). não aceitam os livros deuterocanônicos.

Como o israelita escrevia a Bíblia:
Dentre todos os antigos povos do Oriente, somente o povo de Israel se distingue por ter cultivado a história. No meio de uma cultura politeísta de Israel de desdobra sob a influência de uma crença monoteísta. Os Israelitas sabiam, por revelação divina, que Deus fala e age pelos acontecimentos.

“Deus querendo e preparando a salvação do homem, elegeu para si um povo ao qual confiaria as promessas” (Rom 15, 4)

Línguas Bíblicas: Os idiomas que Deus quis se servir para falar aos homens foram: o hebraico (para praticamente o AT inteiro), o aramaico (alguns dos livros) e o grego (Para o AT escrito pelos setenta, e para quase todo o NT).

Conteúdo da Escola de Formação Shalom
escoladeformacao@comshalom.org
Estes e outros temas podem ser aprofundados
nos cursos de fins de semana ou de reunião semanais
que ela promove em todo o Brasil, nas Centros de Evangelização
Shalom ou em paróquias e grupos de oração, a pedido dos mesmos


Comentários

Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião da Comunidade Shalom. É proibido inserir comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem os direitos dos outros. Os editores podem retirar sem aviso prévio os comentários que não cumprirem os critérios estabelecidos neste aviso ou que estejam fora do tema.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.

O seu endereço de e-mail não será publicado.