Quando vi pela primeira vez a Basílica de São Pedro em Roma, olhei bem a grandiosa cúpula construída sobre o túmulo do Apóstolo Pedro. Devo ter visto as imagens dos doze Apóstolos, como a presidir as Igrejas do mundo. À direita da praça, lembro-me bem, ficava a janela do Papa, então Pio XII.
Hoje, 52 anos depois, contemplei de novo a grande e bela Basílica. Mas desta vez fixei meu olhar nos doze Apóstolos, as colunas da Igreja, o novo Povo de Deus, cujo fundamento é Cristo. A janela do Papa continua a mesma. O Papa, porém, é Bento XVI.
Agradeci a Deus a fé apostólica que os pais de meus pais me legaram. Mistério da graça de Deus!
Participei de duas audiências de Bento XVI e o convidei pessoalmente, em nome da cidade e da Diocese, a visitar Santa Cruz do Sul. Ele disse: “Eu gostaria muito, mas não posso visitar muitos lugares. Agradeço o convite deste povo”.
Quanto à semana de encontro com mais de 100 bispos do mundo inteiro, especialmente da África, da Ásia e do Oriente Médio, convenci-me de novo do primado da Palavra de Deus na Igreja e na vida pessoal. De preferência examinar com outros os sinais dos tempos, à luz da Escritura. Alguém disse: “Quem consome os olhos na Escritura, se torna como Jesus”.
É convicção do grupo que “pastoral sem oração” é semear na rocha. Não deita raízes profundas. Aliás, a oração culmina na liturgia.
Ao império do mercado, o Evangelho contrapõe o amor. Um bispo, que esteve em coma, ouviu Jesus dizer: “Ama e perdoa”. Belo programa de vida!
Li a história de Padre Aldo Mei, da Diocese de Lucca, Itália. Ele hospedou judeus e membros da resistência italiana na última grande guerra. Foi preso, ferido e fuzilado. Escreveu como testamento: “Morro arrastado pela tenebrosa tempestade de ódio, eu que nunca quis viver senão por amor”. Foi morto aos 33 anos de idade.
Quem segue o Evangelho, ama os pobres. Deus ama os pobres, não por serem melhores ou piores do que os outros, mas por serem pobres.
O Papa nos incentivou a orar pela paz e a promovê-la. Estamos numa cultura de guerra, mas só a paz resolve os problemas dos povos. É preciso contrapor aos conflitos o diálogo respeitoso e paciente. E a oração, como João Paulo II mostrou em Assis. A oração e o diálogo são a força dos fracos.
Houve um período na Igreja em que se investiu muito na renovação das estruturas. Hoje se vai além: é preciso comunhão de corações, amizade e apoio mútuo. Comunhão que se espraia para outras Igrejas nas relações ecumênicas e para outras religiões no diálogo inter-religioso. Mesmo difícil como é em vários países com os islâmicos.
Da comunhão, nos disse o Papa, brota um renovado compromisso de anunciar e testemunhar o Evangelho da Esperança.