Formação

Ungidos pelo Espírito

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Nossa vocação nasceu no interior da Igreja através da graça da efusão do Espírito como vivida pela Renovação Carismática Católica. Esta foi a graça que atingiu a cada um de nós e a todos nós desde antes de a Comunidade existir. Durante anos, antes de sequer sabermos o que o Senhor faria de nós, vivemos juntos a experiência do Novo Pentecostes que outra coisa não é senão uma experiência pessoal e comunitária da pessoa viva de Jesus. Esta experiência fundamental é o que buscamos levar a todo homem e a todos os homens, pois somos testemunhas de suas conseqüências duradouras em nós: o amor à oração e à Palavra, a fidelidade ao Magistério da Igreja, o poder atual de Jesus Ressuscitado, os dons, frutos e carismas do Espírito Santo, a graça da ousadia e fervor na evangelização.
Esta experiência de conversão e rendição profunda a Deus, que transformou nossas vidas, é o que buscamos comunicar, pelo poder do Espirito Santo, que leva à conversão radical a Jesus Cristo: “A conversão a Jesus Cristo é o caminho para a verdadeira paz. Não porém a conversão simplesmente intelectual, racional; não uma conversão baseada somente numa aceitação de verdades dogmáticas, não uma conversão estéril, mas uma conversão que nasce de uma experiência pessoal com Jesus Cristo, o Deus Vivo, que penetra nas nossas vidas, inundando-as do amor do Pai, uma experiência que não é só sentimental, mas que invade nossas vidas, transformando todo o nosso ser e prolongando-se através da oração, da Palavra de Deus, dos Sacramentos, do testemunho de vida e do serviço aos irmãos. Experiência do amor que leva a amar a Deus e aos irmãos. Experiência que só o Espírito Santo nos dá, experiência daqueles que nascem de novo, não pela carne nem pelo sangue, mas pelo Espírito de Deus (cf. Jo 1,13); dos que nascem para Deus, para a Igreja, para os irmãos e partem para uma busca sincera e autêntica de Deus e da Sua vontade para suas vidas. Este é o caminho da paz, um caminho de Renovação” (Regras de Vida).
Para os vocacionados, em especial, esta experiência de Jesus Vivo gera em nós o amor esponsal que transborda em serviço a Deus e à Igreja: “Nosso coração só pode ter gratidão ao Senhor, gratidão eterna, e unir todo o nosso ser para corresponder a este Amor Perfeito com que Ele nos ama! E só há uma maneira de corresponder: amando, consumindo-se de amor por Aquele que tanto nos amou! (…) Nosso amor, porém, é imperfeito. Como responder a este sublime chamado? Somente clamando ao Espírito de Amor para que inflame nossas almas e nos impulsione a Amor Infinito. Ao nosso clamor este Espírito virá e impulsionará nossas almas, nossas orações, nossos corações” (Regras de vida).
O Espírito, que realiza uma Obra Nova na Igreja nesta segunda metade do último século do segundo milênio, realiza também em nós, que somos Igreja, uma Nova Obra tanto no campo de conversão e santificação pessoal e comunitária como nos campos de Evangelização, incluindo o anúncio de Jesus Cristo e a formação de filhos de Deus.
Este caminho novo vindo do Espírito de Deus nos propõe uma ascese pessoal e comunitária de cada membro, seja nas exigências do apostolado, seja pela própria vida comunitária em si. O próprio Espírito nos leva a uma consciência e adesão a este trabalho tão próprio d’Ele na Igreja e nas almas: “É necessário, antes de mais nada, que cada pessoa que o Senhor coloque diante deste chamado tenha desejo, queira, se disponha, se coloque como um formando, como alguém que quer crescer, que deixa-se formar, que deixa fazer brotar a semente da árvore que existem dentro de nós para compor o novo jardim do Senhor. (…) É preciso termos consciência de que precisamos ser podados em nossos galhos velhos ou até naqueles aparentemente verdes mas que não dão frutos, para assim produzir os verdadeiros frutos. E isto não é fácil. É árduo e difícil! Por isso precisamos da humildade e do desejo de nos deixarmos formar” (Regras de Vida).
Aqui surge, novamente, como modelo e intercessão, a pessoa de Maria, a Esposa do Espírito Santo. Embora não necessitasse de nenhuma purificação ou santificação, submeteu-se, com obediência, humildade, pobreza, castidade e grande alegria e união com Deus, às provas que o Espírito lhe apresentou quanto à sua humanidade, em um caminho ascético no qual a Deus era dada a vitória a cada passo. A Esposa do Espírito ensina-nos, assim, a obediência e rendição incondicional à vontade de Deus, e a verdadeira liberdade e libertação que é optar, sempre, por esta vontade soberana em nossas vidas. Maria ensina-nos, assim, que somente pelo poder e força do Espírito Santo podemos repetir, a cada minuto, o nosso “fiat”, certamente sobre-humano, ao Deus de amor e sabedoria que nos torna almas esposas do seu Filho Jesus Cristo.
Desta forma, o mesmo Espírito que nós dá a experiência de Jesus Vivo e Ressuscitado, ensina-nos o caminho da cruz, da verdadeira reconciliação entre Deus e os homens, e nos leva, com grande alegria, a uma vida ascética. Assim, a novidade do Espírito não se restringe a uma experiência do passado, mas a uma educação diária feita pelo único Educador das Almas (cf. Sab 1,5), sempre presente e sempre atuante por meio da oração, dos sacramentos, da vida comunitária, do apostolado, da formação pessoal e comunitária. O mesmo Espírito que nos leva à experiência do Novo Pentecostes, à vivência comunitária como Atos 2 e 4, leva-nos igualmente, à ascese, à busca de santidade, à unidade e ao serviço obediente à Igreja de Jesus Cristo.
“Precisamos, na verdade, com coragem e disposição , matar o velho que há em nós e deixar o novo florescer, deixar Jesus nos libertar. (…) É fundamental não nos enganarmos e reconhecermos o velho em nós, que não é, na verdade, aquilo que Deus quer para nós, mas sim fruto do pecado, dos nossos pecados (orgulho, vaidade, rebeldia, inveja, gula, falta de auto-domínio, impurezas, paixões, partidos, ciúmes, brigas, inimizades, rancor, ambição, etc.) frutos da má educação na qual muitos fomos formados e dos nossos traumas, feridas, etc. E assim, reconhecendo este velho, com o poder de Jesus, deixar o novo, a nossa verdadeira vocação florescer, crescer e vencer em nós” (Regras de Vida).
Este mesmo Espírito que educa as nossas almas, lança-nos na graça da parresia instantemente renovada em nosso apostolado que está aberto ao que a Igreja necessitar de nós e onde a Igreja nos chamar. Como veremos adiante, este Espírito lança-nos e sustenta-nos no apostolado por amor a Jesus Cristo, ainda que para isso tenhamos de perder toda a nossa vida. Lança-nos, igualmente, no chamado missionário que nos acompanha desde o início, no sacrifício oblativo e feliz de tudo o que somos e temos para a glória de Nosso Senhor Jesus Cristo. “Este caminho (novo), no entanto, é como o caminho de Jesus exige coragem, sacrifício, renúncia, pois é caminho de cruz para que a cada dia possamos colher a ressurreição. É um caminho de felicidade, mas nem por isto deixará de ter as barreiras, dificuldades, sofrimento. Diria até que, exatamente por ser um caminho de felicidade, tudo isto irá existir. Para trilhá-lo, deveremos ter três grandes graças: CORAGEM, RENÚNCIA E DISPOSIÇÃO para abraçá-lo” (Regras de Vida).
É ainda o próprio Espírito que, enchendo-nos com as graças do amor esponsal e da parresia, levando-nos à ascese com coragem, renúncia e disposição nos comunica a imensa e libertadora alegria de abraçarmos os desafios dos conselhos evangélicos em uma assim chamada “Comunidade Nova”, segundo nosso estado de vida.
Finalmente, é só neste Espírito que encontramos as profundas alegrias da vida em Cristo, com Cristo e para Cristo, com nossos irmãos e para eles, a fim de que o mundo conheça Jesus Cristo, o Shalom do Pai. Nossas Regras de Vida o afirmam, com grande propriedade, no escrito “Obra Nova”: “Não é tarefa fácil, mas se Deus nos chama, é a nossa alegria e felicidade. Com nossos corações cheios de desejo, devemos responder dizendo: ‘Sim, Pai, não é fácil, mas eu desejo, eu quero, eu vou. Amém!’”.

Assessoria Vocacional


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