Nestes momentos é necessário que os batizados redescubram o sacramento da confissão para que possam experimentar «a desmedida potência renovadora do amor divino», considera Bento XVI.
Assim constatou nesta segunda-feira, ao receber em audiência o cardeal James F. Stafford, penitenciário maior da Penitenciaria Apostólica, com os prelados e oficiais desse tribunal, assim como os padres penitenciários das basílicas papais de Roma.
«No gesto da absolvição, pronunciada em nome e por conta da Igreja, o confessor se converte no meio consciente de um maravilhoso acontecimento de graça», começou afirmando o pontífice em seu discurso pronunciado em italiano.
«Ao aderir com docilidade ao Magistério da Igreja, converte-se em ministro da consoladora misericórdia de Deus, manifesta a realidade do pecado e ao mesmo tempo a desmedida potência renovadora do amor divino, amor que volta a dar a vida», acrescentou.
Deste modo, afirmou, a confissão se converte «em um renascimento espiritual, que transforma o penitente em uma nova criatura».
«Este milagre de graça só pode ser realizado por Deus, e Ele o cumpre através das palavras e dos gestos do sacerdote.»
«Ao experimentar a ternura e o perdão do Senhor, o penitente reconhece mais facilmente a gravidade do pecado e reforça sua decisão de evitá-lo, para permanecer e crescer na reiniciada amizade com Ele», sublinhou.
«Em virtude da ordenação presbiteral, declarou o pontífice, o confessor desempenha um peculiar serviço ‘in persona Christi’», no lugar de Cristo.
«Ante uma responsabilidade tão elevada, as forças humanas são sem dúvida inadequadas», reconheceu. Por isso, convidou todos os sacerdotes do mundo a fazerem experiência do perdão de Deus.
«Não podemos pregar o perdão e a reconciliação aos outros, se não estamos pessoalmente penetrados por ele.»
«Cristo nos escolheu, queridos sacerdotes, para ser os únicos que podem perdoar os pecados em seu nome: trata-se, portanto, de um serviço eclesial específico ao que temos que dar prioridade», constatou.
«Quantas pessoas em dificuldade buscam o apoio e o consolo de Cristo! Quantos penitentes encontram na confissão a paz e a alegria que buscavam há tanto tempo!», exclamou.
«Como não reconhecer que também em nossa época, marcada por tantos desafios religiosos e sociais, é preciso redescobrir e volta a propor este sacramento?», perguntou.
Segundo a constituição apostólica «Pastor Bonus», com a qual João Paulo II estabeleceu a organização da Cúria Romana em 1988, «a competência da Penitenciaria Apostólica se estende ao que concerne ao foro interno [às questões de consciência, ndr], e às indulgências».
«Para o foro interno, tanto sacramental como não sacramental, concede as absolvições, dispensas, comutações, sanções, condenações e outras graças», explica essa constituição.
Desta forma, estabelece o documento, «provê a que nas basílicas patriarcais da Urbe haja um número suficiente de penitenciários, dotados das oportunas faculdades».