Para que possamos viver o mandamento do amor, Jesus escolhe permanecer entre os homens na Eucaristia e transmitir-nos assim o seu próprio amor, constata Bento XVI.
Poucos dias depois da publicação de sua exortação apostólica pós-sinodal «Sacramentum caritatis» (O Sacramento do amor»), o Papa aprofundou na clave do amor do Mistério Eucarístico frente a milhares de peregrinos que rezaram o Ângelus com ele, na Praça de São Pedro, no Vaticano.
«Sim, na Eucaristia, Cristo quis nos dar o seu amor, que o impulsionou a oferecer na cruz a vida por nós», sublinhou Bento XVI.
De fato, o Santo Padre admitiu que só é possível viver o mandamento do amor que Jesus nos deixou — «Como eu vos amei, amai-vos uns aos outros» — permanecendo unidos a Ele, «como ramos à videira».
Por isso, Jesus «escolheu permanecer entre nós na Eucaristia, para que nós possamos permanecer n’Ele», expressou o Papa.
E quando «nos alimentamos com fé do seu Corpo e do seu Sangue, seu amor é transmitido a nós e nos torna capazes, assim, de dar a vida pelos irmãos. Daqui brota a alegria cristã, a alegria do amor».
«A Eucaristia — sintetizou –alimenta nos fiéis de toda época essa alegria profunda, que forma um todo com o amor e com a paz, e quem tem origem na comunhão com Deus e com os irmãos.»
Antes de concluir, bento XVI invocou especialmente São José, cuja solenidade litúrgica se celebrará na segunda-feira, «para que, crendo, celebrando e vivendo com fé o Mistério Eucarístico, o Povo de Deus seja invadido pelo amor de Cristo e difunda seus frutos de alegria e paz a toda a humanidade».
Os numerosos fiéis presentes acolheram com aplausos a menção a São José, como sinal de felicitação ao Santo Padre pela celebração também de seu onomástico. Entre sorrisos, o Papa agradeceu o gesto.
Em sua intervenção, bento XVI anunciou igualmente sua intenção de voltar mais vezes sobre o importante documento «Sacramentum Caritatis», «expressão da fé da Igreja universal no Mistério Eucarístico» –disse — e situado «em continuidade com o Concílio Vaticano II e com o magistério» de Paulo VI e João Paulo II.
Esta primeira exortação apostólica pós-sinodal de bento XVI, centralizada no tema «A Eucaristia, fonte de cume da vida e da missão da Igreja», foi elaborada recolhendo os frutos da XI Assembléia Geral do Sínodo dos Bispos, celebrada no vaticano em outubro de 2005.
O texto, entre outros pontos, evidencia seu vínculo com a encíclica «Deus caritas est» («Deus é amor»), motivo pelo qual o Papa — ele mesmo reconheceu — escolheu o título «Sacramentum caritatis», retomando uma bela definição da Eucaristia de Santo Tomás de Aquino.