Pregação: Maria Emmir Nogueira
Co-fundadora da Comunidade Católica Shalom
Mantido o tom coloquial
Bom dia, hoje é dia do silêncio, hoje é um dia em que nós que descemos junto com Jesus no sepulcro, me pediram para falar um pouco sobre Nossa Senhora nesse momento, Nossa Senhora no momento que vai depois da morte de Jesus, nessas horas que passaram e também falar de Nossa Senhora e a unidade, como é assim alguma coisa um pouco nova nós vamos palmilhar, passo a passo na oração, vocês podem pegar a bíblia comigo por favor, e abrir em João 19, 38.
Nós ontem vimos todo o drama da cruz, toda tragédia, toda a dor e o versículo 38 vai dizer depois disso José de Arimatéia que era discípulo de Jesus mas ocultamente, por medo dos Judeus, desculpem, depois disso José de Arimatéia que era discípulo de Jesus mas ocultamente por medo dos judeus rogou a Pilátos a autorização para tirar corpo de Jesus, Pilátos permitiu, foi pois e tirou o corpo de Jesus, acompanhou Nicodemos aquele que anteriormente fora ter de noite ter com Jesus levando umas cem libras de uma mistura de mirra e aloé, tomaram o corpo de Jesus e envolveram em pé com os aromas como os judeus costumam sepultar no lugar em que Ele foi crucificado havia um jardim e no jardim um sepulcro novo que ninguém fora depositado, foi ali que depositaram Jesus por causa da preparação dos Judeus e da proximidade do túmulo.
Para nós compreendermos bem Nossa Senhora e o que se passou no coração de Nossa Senhora nós temos que nos deter em vários detalhes, nós estamos diante de uma mulher nós não estamos diante de uma jovem de 20 anos mais, nem de uma jovem de 15 anos que ficou grávida pelo poder do Espírito Santo, nós estamos diante de uma mulher entre os seus 48 e 51 anos uma mulher absorveu na sua vida todos os mistérios que o seu filho Jesus viveu, sem exceção de nenhum e quando nós vemos Nossa Senhora que coloca ou que assisti colocar Jesus no túmulo isso é a primeira coisa que nos chama a atenção como toda mãe numa situação dessa, principalmente diante da tragédia que aconteceu na cruz, da dor, você vê que Nossa Senhora fica sem ação, nós não vemos Nossa Senhora saindo para falar com Arimatéia, nós não vemos Arimatéia que pergunta a Nossa Senhora se ela quer ou não quer coloca-lo no túmulo, isso pode ate ter acontecido, mas quanto nós começamos conhecer a dor humana especialmente a dor de uma mãe que perde um filho nós começamos a perceber que a grande possibilidade que Nossa Senhora estivesse entregue sem ação, muito mais voltada para o silêncio interior do que para a confusão no seu interior, muito mais voltada para os mistérios que aconteciam dentro dela do que para os preparativos de um sepultamento que acontecia fora dela.
Muito provavelmente via tudo aquilo de uma maneira muito longinqua, como um sonho, como acontece conosco quando nós estamos passando por grandes dores, a agitação das pessoas, tudo que acontece pra nós ficam como um sonho, como uma coisa que a gente vê mas da qual a gente não participa, uma coisa que a gente está presente mas somente com a parte muito pequena do nosso ser então nós estamos diante dessa mulher, uma mulher volta dos seus 50 anos como muitas de nós, como muita das mães de vocês, mas além de nós estarmos diante de uma mulher, nós estamos diante da mulher, nós estamos diante da Mãe, estamos diante da mulher por excelência e da Mãe por excelência.
Jesus é colocado no sepulcro e Nossa Senhora não o prepara com os guentos não toca Nele no sentido de preparar o corpo para o sepultamento ela é vamos dizer assim, ela é chamada a viver muito mais o que está dentro do que está fora dela, por que ela de certa forma ela experimenta uma presença de Jesus que nunca vamos experimentar, experimenta ali a beira do túmulo uma presença de Jesus que nós precisamos orar e meditar para compreender quando nós vemos essa mulher por volta dos seus 50 anos que tem seu Filho sepultado o que nós devemos talvez pensar é o que se passava no coração de Nossa Senhora que tipo de presença de Jesus que essa mulher tinha e a gente vai voltar para o pé da cruz, quando o evangelista nos diz que aos pés da cruz estava Maria a mãe de Jesus com aquelas outras mulheres e com João.
As vezes eu fico abismadas quando eu vejo as pessoas reduzirem a presença de João e de Maria a uma preocupação vamos dizer humana, física de Jesus, claro Jesus se preocupou com quem ficaria a sua mãe, Ele não estava mais lá iria morrer era uma preocupação tão pequena diante da preocupação maior que Jesus tinha no seu coração, quando Jesus olhou para Maria e disse: "mulher eis ai seu filho", Jesus tornou Maria mãe da humanidade, mãe da Igreja e quando Jesus diz: "Eis ai a sua mãe", filho eis ai a sua mãe", Jesus estava resguardando umas das características principais desta que é a nova Eva, desta que é a nova mulher, Jesus estava resguardando em Maria com toda sabedoria de Deus, com todo cuidado de quem ama, o todo cuidado para não ultraja-la, o todo cuidado para preserva-la a felicidade da mãe Dele, o cuidado para preservar a integridade a unidade interior da mãe Dele.
Jesus preservou a maternidade de Maria, quando diz: "Eis ai seu filho", ela deixa somente de ser a mulher e como que volta ou assume uma maternidade nova, isso faz a gente pensar muito nas mulheres de hoje dentro da comunidade e fora da comunidade, Jesus fez questão de preservar na sua mãe aquilo que Ele sabe que não pode ser retirado na natureza da mulher, Ele preservou na sua Mãe a maternidade por que Ele sabe que foi pra isso que Ela foi criada e se isso lhe for tirado ela estaria destruída, se a característica da maternidade for retirada da mulher a mulher parte em si mesma, ela despenca, ela não encontra mais sentido da sua vida e Jesus sabia muito bem que o sentido da vida daquela que Ele havia criado para ser a mãe de Deus, o sentido da vida dela era ser mãe, claro Jesus pensou também na Igreja, Jesus pensou numa Igreja sem mãe era uma família sem irmãos aonde não existe mãe, aonde não existe pai, não existem irmãos, por que não existem filhos.
O primeiro passo para que haja irmãos, portanto, o primeiro passo para que haja unidade é a presença do pai e da mãe, de alguém que exerça a paternidade e de alguém que exerça a maternidade, Jesus pensou também na Igreja, uma Igreja que Ele queria unida, Igreja que Ele queria vivendo na unidade não poderia ser uma Igreja sem mãe, a preocupação de Jesus então não foi onde Nossa Senhora tivesse onde morar, Ele estaria se contradizendo, pois Ele mesmo disse para que não nos preocupássemos com essas coisas que o Pai cuidaria de tudo isso, a preocupação de Jesus foi manter a unidade interior de Maria, manter a vocação essencial de Maria, manter a vocação essencial de toda mulher, a vocação a maternidade, a vocação a vida, e Jesus pensou também manter a unidade, a fraternidade, mas essa palavra acho tão pouca ainda, talvez o fato de serem irmãos na Igreja, por que só irmão quem tem mãe quem tem pai.
Quando nós voltamos para esse momento da cruz de Jesus, nós entendemos Nossa Senhora de uma maneira um pouco nova, uma maneira diferente, Nossa Senhora se torna mãe outra vez, é muito lindo nos pensarmos Nossa Senhora aos pés da cruz que ouve de Jesus a reafirmação da sua maternidade, nesse mundo de hoje, nas dores que nós passamos, nos ultrajes que as mulheres sofrem, nós raramente como mulheres ouvimos a reafirmação da nossa maternidade, pelo contrário, a tendência do mundo hoje, a tendência da própria comunidade é retirar das mulheres a maternidade, quando eu vejo aqueles vestidos de moda, aquelas roupas que se usam nos desfiles, eu sempre fico imaginando como é que uma mulher com aquele salto 12 aqueles roupas cheias de penacho, se abaixaria e abriria os braços para acolher um filho, quando eu vejo aqueles desfiles ridículos, aquelas maquiagens pesadas eu fico imaginando se aparecesse uma criancinha no outro lado da passarela e viesse correndo pra mãe como é que ela abaixaria com aquelas calças apertadas pra acolher o seu filhinho, tudo no mundo contribui, para que a maternidade da mulher seja ultrajada.
Jesus na hora da sua morte cuidou para que a maternidade da sua mãe fosse reafirmada, a Maria se tornou mãe outra vez entre os 48 e 51 anos ela assumiu uma nova maternidade e é interessante a gente teria até licença de pensar, quando Jesus se fez carne, quando a Trindade, pelo poder do Espírito Santo, colocou Jesus no ventre de Maria, Jesus ficou entregue a natureza dentro do utero de Maria, Ele que era Deus criador, submeteu-se a natureza no ventre de Maria, as vezes me ocorre quando eu tô rezando com o túmulo que Nossa Senhora por um mistério que a gente vai ver daqui a pouco sabia que não era um túmulo de morte, mas um túmulo de vida e ali na túmulo, Jesus estava novamente entregue a natureza que Ele mesmo havia criado, como Jesus esteve entregue a natureza no ventre de Maria, Jesus estava entregue a natureza no ventre da mãe Terra, no ventre de Maria uma mulher, Jesus estava entregue a natureza e as leis da natureza para viver a vida humana, morrer a morte humana e ressuscitar a humanidade inteira, ali entrega a mãe terra, no ventre da mãe terra entregue novamente a natureza Jesus estava sendo gerado pelo poder do Pai para dar vida nova a todos os homens.
Jesus se entrega novamente a natureza e Maria de certa forma se identifica túmulo de vida, Nossa Senhora aos 50 anos já havia passado por muitas coisas e não sei se você já imaginou o que se passou dentro de Nossa Senhora quando Jesus morreu na cruz, a resposta mais fácil é uma dor lancinante e isso é verdade, passou por Maria uma dor lancinante, mas ai todo um mistério envolvido, Maria contemplou na sua história, na concretitude da sua vida, Maria experimentou o momento que a concebeu sem pecado, ela presenciou na morte de Jesus o momento que tinha sido antecipado para ela, diante do seu filho que morria ela presenciava humanamente mas também misticamente aquele momento que havia sido antecipado pela misericórdia do Pai para que ela fosse concebida sem pecado original, o nosso corpo, a nossa alma, a nossa história, eles sentem em si esses mistérios que nós não vemos, esses mistérios que nós nem atinamos algumas realidades da vida espiritual que nós não damos conta com a razão mas que ocorrem verdadeiramente em nós, por mais, é uma coisa um pouco pessoal, é uma partilha, mas por mais que eu tente dissociar Nossa Senhora do pé da cruz, de Nossa Senhora concebida sem pecado, não dá para dissociar por que a realidade espiritual é a mesma, talvez, aliás com certeza um período entre 49, 52 contando com a gestação distanciavam aquele momento mistico daquele momento histórico, mas quando Nossa Senhora presencia a morte de Jesus ela vivi não só um momento histórico ela vive um momento mistico, e que momento mistico, ela vive O momento mistico que deu sentido, que deu rumo e deu a característica única da sua vida entre todas as vidas dos seres humanos foi concebida sem pecado original, nós vemos então que a cruz de Jesus para Nossa Senhora que paixão, que a morte, que ressurreição pra Nossa Senhora, não foi um momento isolado da vida dela, não foi o momento onde ela participou vendo o seu filho morrer, foi o momento onde ela morreu, aonde ela pela morte de filho foi gerada, aonde ela foi gerada concretamente, humanamente pela concepção sem pecado, e aonde ela foi gerada como nova mãe, como a mãe da Igreja, com uma maternidade nova, ela foi gerada misticamente, vivenciando históricamente o que ela havia vivenciado misticamente ao ser concebida, mas vivenciou também históricamente o mistério que ela iria abraçar a vida inteira.
Essas coisas todas se passavam dentro de Maria e Nossa Senhora não podia encarar o túmulo como nós o encaramos, por que o túmulo era uma imagem do seu ventre que gerava para vida, Nossa Senhor não podia encarar a morte como nós a encaramos por que a morte para ela, a morte de Jesus era o início da sua própria concepção era sua própria vida, ela não podia enxergar ali nem a morte de Jesus nem no túmulo a sua própria morte, ela morria com Ele, mas essa morte para ela era vida, vida sem pecado original, era vida plenamente feliz, era vida que era o maior testemunho que a salvação era verdade, ela era o testemunho vivo que nós fomos criado para a vida e para a felicidade de pé na frente da cruz, Nossa Senhora era a humanidade de pé, era a mulher de pé, o testemunho de que a salvação é uma realidade, não só por que ela não caiu isso seria reduzir tanto o papel de Nossa Senhora, seria ver tão pouco o papel de Maria, seria uma cegueira em relação a riqueza que se passava dentro dela, ela é testemunho de salvação não só por que ela não caiu, mas naquele momento ela misticamente ela experimentou a concepção sem pecado e a geração da sua nova maternidade, da maternidade espiritual.
A partir daí João levou Maria para sua casa, e Maria foi então viver o seu sábado santo e sábado santo para Nossa Senhora foi provavelmente muito diferente, foi com certeza um sábado santo de silêncio como ele é para a maioria de nós, mas ela foi também um sábado santo aonde ela experimentou de maneira e irrepetível a presença de Jesus, nós poderíamos parar e pensar e contemplar a presença de Jesus ao longo da vida de Nossa Senhora, antes de Jesus ser concebido Nossa Senhora cheia do Espírito Santo experimentava na sua vida a presença de Deus, não sei com que graus e nomes ela podia dar, mas os nomes, os conceitos ela era cheia de Deus, quando Jesus foi concebido, mais e mais, quando Jesus se encarnou no seio de Maria concebido pelo Espírito Santo, Nossa Senhora começou conceituar a presença de Deus em si, evidentemente Nossa Senhora sabia-se diferente das outras pessoas.
Ela não se julgava superior por que ela era a serva de todos, mas mesmo antes de Jesus ser concebido ela se sabia diferente, é obvio é impossível até pela dor, pelo pecados dos outros, a dor que ela sentia pela rejeição de Deus, Nossa Senhor sabia que algo existia diferente nela, depois da encarnação de Jesus esse algo diferente começou a ter um nome Yeshua, e começou a se fazer sentir, e começou a modificar o corpo de Maria, e Nossa Senhora começou a sentir seus seios doloridos sua cintura engrossando era a presença Daquele que ela chamou de Yeshua e essa presença se fez sentir quando se mexeu, e essa presença se fez sentir quando se espriguiçou no colo, no ventre de Maria, ele se foi fazendo sentir cada vez mais fisicamente, Nossa Senhora não via Jesus, Nossa Senhora gerava Jesus e o tinha dentro de si e podia sentir isso como nenhum de nós jamais sentirá, a vida continuou com o nascimento de Jesus e Nossa Senhora experimentou a presença de Jesus não de maneira conceitual como antes de encarnação, não mais de uma maneira de ter físico dentre de si antes da gestação, mas como Jesus ao seu lado e assim foi passando toda infância de Jesus.
Na vida pública Nossa Senhora muitas vezes teve a presença de Jesus apenas em forma de memorial, apenas em forma de memória, Nossa Senhora muitas vezes na vida pública de Jesus pode rezar como São João da Cruz em busca da figura e da formosura, Nossa Senhora durante a vida pública de Jesus muitas vezes viveu da memória do seu Filho, por que não podia vê-lo, não podia tocá-lo, com a morte Nossa Senhor começa a experimentar um mistério por que vejam bem o que foi antecipado para Nossa Senhora não foi só a cruz de Jesus, o que foi antecipado para a concepção imaculada de Nossa Senhora não foi só o momento da morte de Jesus, o que foi antecipado para ela foi a morte e ressurreiçao de Jesus, a concepção imaculada de Maria ela não vem só da morte, a concepção imaculada de Maria vem da morte e ressurreição de Jesus por que esse o mistério da salvação, a encarnação, a morte e a ressurreição e esse sábado santo quando Nossa Senhora estava na casa de João no seu silêncio, Nossa Senhora podia experimentar Jesus de uma maneira nova, não mais de uma maneira conceitual como antes da encarnação, não mais de uma maneira física dentro de si, não mais com Jesus perto de si como durante a infância, não mais com Jesus muitas vezes como memória sem ter presente a figura e formosura como diz São João da Cruz.
Agora, misteriosamente neste sábado santo Nossa Senhora experimenta Jesus vivo dentro de si, não mais como nenenzinho que espernéia, mas como Deus vivo, o Deus ressuscitado que está dentro de si, Jesus ressuscitaria no domingo, mas o mistério da morte e ressurreição foram antecipados para Maria isso é uma realidade espiritual no coração de Nossa Senhora que não viveu apenas uma realidade histórica como nós pobres coitados não vivemos uma realidade histórica, vivemos uma realidade espiritual, vivemos uma realidade mistica, e agora neste sábado santo, a presença de Jesus em Maria, não era a presença morto, era a presença de um filho vivo, por que essa presença Maria a tinha vivido de uma maneira ou de outra, Maria a tinha vivido historicamente a sua vida inteira, agora não restava mais o Jesus Mestre que pregava na sinagoga, nem o Jesus menino de quem ela tinha que tomar conta, nem o Jesus como um feto, um bebe que era gerado, agora restava a realidade mistica de um Deus que antes de todos morreu por ela, ressuscitou por ela, antes que ela tivesse consciência disso, antes que ela tivesse a vida, essa realidade de morte e ressurreição já era uma realidade mistica na vida de Maria, no sábado santo Nossa Senhora experimenta essa realidade nova e profunda a presença de Jesus é uma presença viva, a presença de Jesus não é uma lembrança de um Filho pendurado na cruz, a presença de Jesus é a presença de um Filho que é Deus, e que é Deus vivo.
Muitas vezes eu me pego a imaginar a primeira eucaristia de Nossa Senhora, ela junto dos apostolos fazendo a fração do pão, partilhando a palavra, ouvindo a pregação dos apostolos, como terá sido a primeira vez que Nossa Senhora comungou aquela presença que já existia dentro dela em plenitude, como terá sido a primeira vez que ela pela boca tomou dentro de si Aquele que tinha vivido nela, como foi a primeira eucaristia de Nossa Senhora em que ela pode ter em si a presença mística que ela tinha desde sempre, como ela terá tido vontade de explicar sem poder, sem deter em palavras o que ela experimentava, o que ela sentia, para a Igreja, para os seus filhos, para os discípulos de Jesus e dela.
No sábado santo Nossa Senhora estava na casa de João, estava no silêncio dessa realidade mistica profundíssima, mas estava no silêncio de uma maternidade que começava, Nossa Senhora estava na casa de João provavelmente com a roupa do corpo, com a chuva que ela tinha tomado lá ao pé da cruz, provavelmente arranjaram a roupa da mãe de João, ou de alguma vizinha, pra dar para Nossa Senhora, continuava pobre e abandona como nos pés da cruz, mas ela era mãe, e como ela tinha tido preservada a sua maternidade, a sua vida tinha um sentido que se renovava.
A maternidade de Nossa Senhora não acabou com a cruz, Jesus teve o cuidado de preservar a sua mãe e sendo mãe de João ela agora não via Jesus como nós agora vemos um ente querido quando a gente perde a cama lembra aquela pessoa, um traço lembra aquela pessoa, um quarto lembra aquela pessoa, uma cadeira lembra aquela pessoa, nós pobres coitados nós temos a lembrança dos nossos mortos através de objetos, de lugares de cheiro, de som, não era assim com Nossa Senhora ela tinha duas presenças muito vivas, primeira essa presença mística e misteriosa desse Deus vivo, desse Filho Deus vivo dentro dela, embora muitos o vissem como morto. Em segundo lugar Nossa Senhora encontrou presença de Jesus em João, ela encontrou a presença de Jesus numa pessoa, não num objeto, não num lugar, não no cheiro, nem na música, nem num som, nem numa paisagem, mas numa pessoa e aí Nossa Senhora exerceu a sua maternidade.
Essa presença interior que ela experimentava talvez sem sentir, talvez sem saber dar nome, essa presença interior que era viva dentro dela, não precisava mais de uma mãe, mas a presença que ela via em João precisava sim de uma mãe e da Mãe de Deus. Quando Nossa Senhora retomou a sua maternidade de maneira nova, ela retomou com a maternidade a unidade o carisma, o mistério da unidade, Nossa Senhora não exerceu um papel, não fez um favor, Nossa Senhora foi e é mãe e sendo mãe ela teve em si, em sua maternidade não ultrajada, ela tem em si o ministério da paz, o ministério de promover a paz, o ministério de promover a unidade, a vida que só é vivida como vista a unidade, a vida que tem sentido quando ela é vivida para Nossa Senhora como maternidade, a vida da mulher seja casada, seja solteira, só tem sentido porque está intríseco a mulher, só tem sentido se for vivida para a maternidade Nossa Senhora começou a ser mãe de uma pessoa e depois de milhões e bilhões de pessoas nas quais ela via Jesus, Jesus não é uma lembrança, Jesus não é um corpo pendurado na cruz, Jesus não é um corpo metido dentro da terra, Jesus é vivo dentro de Nossa Senhora mesmo no sábado santo e Jesus é encontrado por Maria em João e João ao seu tempo encontra Jesus em Maria, Maria encontra Jesus em João, não foi porque ela vê João aquele que Jesus amava, isso é normal nas mães, as mães amam aqueles que seus filhos amam, é normal, muito normal, toda mãe é assim, mesmo que ela não vá muito com a cara da pessoa ela se esforça para amá-lo porque o seu filho o ama, mas Nossa Senhora não via presente em João como uma lembrança Nossa Senhora via Jesus presente em João porque João era filho como Jesus era filho.
Nossa Senhora assumiu João como assumiu Jesus, na obediência e na renúncia a si mesmo, João por sua vez olhava para Nossa Senhora e não via Jesus em Nossa Senhora como uma lembrança a mãe do meu Senhor, João olhava para Nossa Senhora e místico como ele era, espiritual de vida interior como nós sabemos que ele era, ele enxergava no seio profundo da alma de Maria Jesus vivo e ressuscitado João talvez não soubesse dizer isso com palavras, como conceitos, mas a unidade, a união espiritual que havia entre aquele filho novo e aquela nova mãe, essa unidade espiritual, ela podia até ultrapassar os conceitos, mas ela era centrada na pessoa de Jesus que vivia plenamente vivo e ressuscitado em Maria apesar de ser o sábado santo, assim como na primeira maternidade, assim como na primeira gestação, geração Nossa Senhora foi elo de unidade entre os homens e Deus, assim também Nossa Senhora é elo de unidade porque ela traz Jesus em si.
A presença dela faz Jesus presente na casa de João e a casa de João não se encheu de luto, a casa de João não se encheu de lágrimas, a casa de João se encheu de paz porque a paz é inseparável da unidade, o Senhor Jesus não permitiu que fosse quebrada a unidade espiritual, a amizade espiritual, a unidade espiritual, a amizade espiritual entre João e sua mãe, ele sabia que era fundamental para que a unidade da Igreja nascente fosse preservada, ele não permitiu que isso fosse tocado e João não rejeitou a presença de Nossa Senhora e nem rejeitou a presença de Jesus nela e Maria não rejeitou pelo contrário, ambos acolheram a presença de Jesus um no outro, para João era fácil quem não acolhe a presença de Jesus em Maria? Mas para Maria era fácil por causa do amor porque o amor faz fácil todas as coisas, via bem os pecados de João, mas Maria via melhor ainda Jesus dentro de João e esse Jesus que um via no outro, esse Jesus vivo que João via em Maria, esse Jesus amado que Nossa Senhora via em João esse Jesus que ambos amava em si próprio e um no outro, esse Jesus que ambos amava como um dado objetivo, como uma pessoa ativa e que ambos amavam e viam no outro e acolhiam no outro respeitando a maternidade da mãe, respeitando a filiação do filho que ia percorrer um caminho tão difícil de Igreja nascente, esse respeito, essa acolhida desse amor, essa abertura gerou a unidade que o Espírito Santo viria selar em Pentecostes.
Que nesse sábado santo aonde tantos mistério passam no coração de Maria, onde tantos mistérios passam no coração de Jesus nós possamos amar e respeitar a nossa Mãe, que nós possamos amar e respeitar a maternidade de todas as mulheres no mundo que nós mulheres possamos amar e respeitar a essência do nosso ser e não vilipendiá-lo que nós aprendamos neste sábado santo que a unidade vem de amar, acolher respeitar Jesus presente no irmão que é filho de Maria porque se não fosse filho dela não seria meu irmão.