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Sobre o acidente do avião com mais de 170 pessoas a bordo em São

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Na noite de ontem meus pensamentos alternavam-se num misto de pesar e súplica a Deus pelo acidente que aconteceu na capital paulista, com o avião, Airbus A 320, que vinha de Porto Alegre, com mais de 170 pessoas a bordo.
Diante da tragédia cabe-nos a oração pelas vítimas, por aqueles que ajudaram no resgate e continuam trabalhando na identificação dos corpos, pelos familiares e amigos que experimentam incomensurável dor perante a perda de seus queridos.
Sobreviventes de acidentes aéreos relatam que num momento de extrema tensão em que se dá o acidente vem à mente a história de suas vidas como num flash, lembranças da família que pensa nunca mais vêem e no mínimo de tempo recomendam-se a Deus em oração.
Observe este relato de um desastre acontecido em 03 de setembro de 1989 com um Boeing 737-200 com 54 pessoas a bordo que após sair da rota, em plena noite é obrigado a fazer um pouso forçado na floresta amazônica:
“…Regina não estava apavorada…Mas estava apreensiva com a filha. Decidira fazer o possível para mantê-la dormindo até o avião pousar. A chefe da equipe pensara muito no bebê. Temia que a criança, solta no colo da mãe, pudesse ser lançada contra a divisória que separava a cabine de passageiros do galley dianteira. Decidiu passar mãe e filha para a segunda fila. – protege bem sua filhinha – foi a última recomendação de Solange(comissária) a Regina…Régia Azevedo discutia alguns aspectos práticos com o marido Evandro, prometeram um ao outro que, se apenas um dos dois sobrevivesse, este cuidaria das crianças com todo carinho…Sem se levantar de sua poltrona, Enilde Melo girou o pescoço e gritou para trás: – Gente, não vamos entrar em pânico. Vamos rezar. – E começou a puxar um Pai-nosso, que recebeu grande adesão… Liceia estava aterrorizada: – A morte, eu vou morrer . Segurou a filha e um travesseiro, comprimindo-os com força contra si. Orou a Deus, pediu perdão por seus pecados e lastimou que Débora fosse morrer tão nova… Não nos deixes cair em tentação… – Déa, apavorada com a chegada do fim, sentiu a mão do vizinho, economista Carlos Gomes, apertando a sua. – Mas livrai-nos do mal – recitaram juntos. No cockpit, o co-piloto Nilson Zille esperava a hora de morrer. Mas, surpreendentemente, via a morte como uma coisa tranqüila. Rezou e encomendou a alma a Deus…Boa parte dos passageiros continuava firme nos Pai-nosso em voz alta. Cada um rezava um trecho. Aqui e ali, alguém clamava por Deus. ” (trecho do livro Caixa-preta, o relato sobre três acidentes aéreos brasileiros de Ivan Sant’ Anna)
Não podemos acompanhar um fato desta proporção como mais uma notícia, que em breve caiará no esquecimento e dará lugar à outra e assim por diante. É o nosso próximo que padece. Devemos deixar brotar a compaixão de nosso coração e como na parábola do Bom samaritano precisamos ir ao encontro destes nossos irmãos que padecem. E isto nós podemos fazer pela nossa oração, colocando na intenção da santa missa, do nosso terço, ofício ou outra devoção.
Juntemo-nos ao sofrimento das vítimas e familiares unindo- nos ao sacrifício de Cristo, único capaz de consolar uma pessoa surpreendida por mal tão súbito como este acidente. Entrando pela madrugada de quarta-feira. Liguei para o número que dispôs a companhia aérea TAM. Fali com a atendente que estávamos rezando e que tivesse confiança, pois Deus os assistia naquele momento de sofrimento. Sua voz embargada do outro lado expressou uma grande fidelidade e ao mesmo tempo acolhimento da mensagem.
O outro atendente ao ouvir a nota de apoio pela oração abandonou a abordagem técnica e entonação de voz peculiar aos funcionários de telemarketing e disse-me: “Olha muito obrigado… de todo o meu coração… de tôo o meu coração mesmo eu agradeço o apoio… (ele parecia querer dizer mais coisa)” •
Infelizmente ainda não tenho o contato de familiares das vítimas que estavam no avião e no hangar no qual colidiu a aeronave, mas quando tiver tentarei de algum modo expressar para eles meus sentimentos enlutados e revestidos de esperança na ressurreição de Cristo.
Todos nós podemos fazer o mesmo, não sejamos meros telespectadores desta tragédia. Operemos a caridade de Cristo pela compaixão de alguma forma concreta.
A compaixão nos faz colocar o coração no sofrimento do outro e esquecermo-nos de nós mesmos e é esta graça que precisamos pedir ao Senhor neste dias de dor em nosso país por nossos irmãos que partiram para a casa do Pai.
Aos familiares peçamos que Deus os console com sua graça.

Francisco Vanderlúcio Souza
vanderluciosz@yahoo.com.br


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