Formação

A Igreja que Cristou fundou

comshalom

Não se pode entender a surpresa da imprensa e de vários articulistas por ter a Congregação da Doutrina da Fé afirmado, em documento oficial, que “a Igreja Católica é a verdadeira e única igreja de Cristo”. Assusta-nos que até um professor de Sociologia da USP, no Mais da F.S.P. (15.VII.07), apesar de ter estudado teologia em Roma, escreve agressivo artigo contra o documento recém-publicado.

Esta afirmação da unicidade da Igreja de Cristo ora repetida, já se encontra em Orígenes (morto em 253), quando faz a comparação da Igreja que salva com os israelitas que Raab escondera em sua casa e assim se salvaram. O mesmo repete São Cipriano de Cartago (nascido em 210), que o 4º Concílio de Latrão em 1215 canoniza: “Não há salvação fora desta Igreja”. Mais tarde, em 1854, Pio IX, citando a frase de Cipriano, acrescenta que os que não conhecem a Igreja “por ignorância invencível” estão isentos de culpa, portanto podem salvar-se.

Menos longe de nós, na encíclica “Mystici Corporis” (nº 103) Pio XII lembra: os de retidão natural, que desconhecem a Igreja de Cristo, mas na sua consciência têm o “desejo inconsciente” de fazer o que deles Deus deseja, não podem ser excluídos da salvação. São milhões de gentios aos quais a notícia do Evangelho ainda não atingiu. Eles vivem a lei natural conforme seus ritos e tradições, estando pois incluídos nesta categoria. Por isto a misericórdia paterna de Deus os acolhe, como se estivessem na Igreja.

Quanto à unicidade da Igreja de Cristo, os que conhecem o Evangelho não podem ter dificuldade de aceitar. Em Mateus (16,18) Cristo promete fundar a sua Igreja (singular) na rocha, que é Pedro (Képhas). Promete-lhe as chaves do seu reino, chaves que, no costume antigo, ficavam pendentes do ombro da autoridade, como se lê no Velho Testamento (Isaías 22,22). As “portas do inferno”, (isto é, o poder do mal) não podem prevalecer contra ela. Note-se que o verbo grego de Mateus – Katischyo – (traduzido por prevalecer) significa tomar pela força.

Em João, 21,15-18, Jesus que se apresentara como o único pastor, entrega a Pedro o rebanho todo, após a sua tríplice confissão de amor: os cordeiros, as ovelhas e (conforme manuscrito antigo citado por A. Merk) as ovelhinhas. O rebanho de bom Pastor, que é Jesus, é entregue a Pedro, o primeiro Papa.

Diante destes textos, fica-nos a meridiana certeza da unicidade da Igreja de Cristo, que tem Pedro como chefe. Por isto o esforço hodierno do ecumenismo, isto é, do diálogo franco, fraterno e respeitoso com as várias ramificações que sofreu, no correr dos séculos, o cristianismo. Este esforço mútuo visa conseguir, por graça divina, que voltem todos à casa paterna de onde saíram para que haja um só rebanho e um só pastor.

* Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Fonte: CNBB


Comentários

Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião da Comunidade Shalom. É proibido inserir comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem os direitos dos outros. Os editores podem retirar sem aviso prévio os comentários que não cumprirem os critérios estabelecidos neste aviso ou que estejam fora do tema.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.

O seu endereço de e-mail não será publicado.