Não sei de você, mas nessa espera/expectativa pelo Jubileu tenho olhado muito para minha trajetória na vocação. Reparado mais atentamente os meus erros, acertos, minhas dores e alegrias em tão pouco tempo. A intensidade desses anos os alongou de uma forma que, voltar ao passado de quatro anos atrás, parece uma eternidade quando percebo quem era e quem o Senhor me fez, ao pesar de tanta labuta.
O primeiro Amor! O fervor, a disposição, a alegria de ofertar tudo! Tempo muito bom que passou! Ainda bem!! Mais consciente, mais decidida, passos mais firmes. O entusiasmo passou, na medida das decepções. Comigo, com os irmãos, com as autoridades, com as benditas e insuficientes estruturas, com a falta de dinheiro, com os prejuízos, com os desentendimentos…
Purificada pela dor, pelo sofrimento, pelo trabalho solitário, muitas vezes. Purificada de mim mesma, de meus achismos estéreis, incapazes de fazer florescer a planta mais fértil, do meu orgulho que por tantas vezes quis fazer prevalecer minha vontade, minha razão. Purificada da minha insubordinação, da minha riqueza que teimava desprezar aquilo que o Senhor queria me dar, da minha auto imagem, dos meus méritos,dos meus talentos.
Olhar para tudo e ver a vitória de Deus! Olhar para aqueles que abriram oportunidades para o Amor vencer em minha vida. Olhar para os que a custa de muita dor e sofrimento morreram junto comigo, ou até separados pela distância. Olhar para os que optaram em morrer por mim e deixar que o silêncio seja a gratidão de quem com tantas palavras em mente, não sabe o que dizer.
Olhar para a EXUBERÂNCIA do Carisma, intacta, soberana, ante a todo o mal ao qual o vitimei inúmeras vezes. Olhar aquilo que não é o carisma, não é o pensamento do fundador e que por muitas vezes até me assola, mas que na verdade são perfeitos instrumentos de distinção. Percebê-los como negação do Carisma, apenas me levam a amar a afirmação.
Quanta gratidão, quanto desejo de co-responder, a despeito de toda a minha lentidão, de toda a minha incoerência. Quanto desejo de unir-me ao Moyses, no Carisma, pela Humanidade. Unindo-me a todos os irmãos que entregam suas vidas, muitas vezes escondidas sob a virtude, camufladas sob o coração apaixonado.
Também eu, desejo entregar minha vida. Também eu desejo consumir meu corpo à fadiga. As noites levadas à madrugada, as vigílias intercaladas com o trabalho matinal. As pernas bambas, dores musculares, coração estupefato pela consumação do dar-se! Alegria que conhece quem já se deixou levar para além do limite, do humano. Também eu desejo a grandeza que só o Amor é capaz de dar, também eu,desejo MANIFESTAR ao mundo esse amor.
O jubileu é o tempo dos apaixonados! É o tempo daqueles que dispostos a tudo, DEDICAM TUDO! Não nos cabe o esquivar-se, não nos cabe proteger-nos sob o pretexto do amor próprio. Não nos cabe mensurar! O Carisma SHALOM é dos desmedidos!
O jubileu se revelará aos desmedidos! Àqueles que ALEGREMENTE, ainda que na dor, OPTAM por entregar tudo, em vista de manifestar esse Amor incontido ao homem que sofre. Lapidados pelo amor, como diamante duro que somos, mas que ao esforço de Deus e o nosso desfazer-nos, revela o brilho , entraremos nesse ano Jubilar, de braços abertos ao Dom que Deus quer nos dar!
Marcela Mendonça
Comunidade Católica Shalom
