Na vida social brasileira, festejam-se em certos dias do ano determinados grupos de pessoas ou profissões. Há, por isto, o dia do professor, do médico, do advogado, o dia das mães e o dos pais, etc. Só falta celebrar o dia do político, o que, no momento atual que vivemos no Brasil, parece inaceitável… Agora, no início de agosto, dia 4, festa litúrgica de São João Vianney, protetor e exemplo do padre diocesano, comemoramos o dia do Padre.
Poderíamos desenhar a figura do Padre de muitas maneiras. O primeiro traço, que se lhe pode aplicar, é o de homem da fé. Tem ele a missão de anunciar a Palavra de Deus. Tem de ser, no mundo de hoje em que se busca sempre o especialista no assunto que se quer, o especialista de Deus, isto é: o que anuncia a mensagem da fé, acendendo no coração do homem a luz da palavra divina. E ele que tem de dizer aos irmãos, com o Evangelho nas mãos, os segredos das coisas de Deus.
Num segundo traço é ele o homem da esperança, não do desespero, que traz a certeza da eternidade, porque sabe o ponto a que se deve chegar, que é o Coração de Deus: o céu. Por isto, tem ele de ser o homem da oração, o liturgo, o que fala com Deus, debruçado no seu genuflexório. Carrega por isto nos braços e no coração os desejos do seu povo para levá-los ao Senhor. O poeta disse que o padre é o que “semeia esperanças nas madrugadas do chão!” Mesmo que a noite seja escura e fria a madrugada, ele suscita alegrias e semeia esperanças nas almas dos irmãos.
Uma terceira pincelada nesta pintura mística: Ele é, por ordem de Cristo, o pescador de homens. Acostumados a navegar e pescar no lago de Generaré, não poderiam os apóstolos deixar de compreender esta colorida expressão de Jesus: pescador de homens!
Tem pois de ter o padre a coragem de jogar as redes para trazer para Deus, os homens que são seus irmãos.
Neste esboço de retrato, vê-se o ministro de Deus, frágil criatura humana, encorajado porém pela graça divina, como o homem de fé que anuncia a Palavra, o pastor que suscita esperança, o apóstolo que atira as redes para pescar os irmãos.
No dia do Padre, assim o vemos: privilegiada criatura humana, como aquele que – a exemplo de João, evangelista – apalpa com as mãos frágeis o mistério de Deus para dá-lO ao mundo.
Arcebispo emérito de Uberaba (MG) e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.