Formação

O Amor de Deus e a Juventude

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Eu gostaria de começar com a passagem do Evangelho de São Lucas 14,25ss. Diz assim o Evangelho: Grandes multidões caminhavam com Jesus, Ele se voltou e lhes disse: ‘Se alguém vier a mim sem me preferir à seu pai, à sua mãe, à sua mulher, aos seus filhos, aos seus irmãos, às suas irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo. Aquele que não carrega a sua cruz e não vem em meu seguimento, não pode ser meu discípulo. Com efeito, quem entre vós quando quer construir uma torre não começa por se ascentar para calcular a despesa e a avaliar se tem com que ir até o fim? De outro modo, se ele lança os alicerses sem poder terminar, todos os que virem zombaram dele e dirão: ‘Eis um homem que começou a construir e não pode terminar. Ou qual o Rei que parte em guerra contra outro Rei, que não começa por se ascentar para considerar se é capaz com dez mil homens de enfrentar aquele que marcha contra ele com vinte mil. Senão, enquanto o outro ainda está longe, ele manda uma delegação e pede para fazer a paz. Do mesmo modo, qualquer um de voz, que não renuncia a tudo que lhe pertence, não pode ser meu discípulo. Sim o sal é uma coisa boa, mas se o próprio sal perder o sabor com que há de salgar, com que se há de salgar, não presta nem para terra, nem para o esterco, é jogado fora, quem tiver ouvidos para ouvir, ouça’.
Nós encontramos também em São Lucas e em São Marcos, uma passagem do Evangelho muito similar a esta. Ela diz que havia uma multidão que seguia a Jesus Cristo, essa multidão ouvia Jesus. Um dia, Jesus passou no caminho deles. Esta multidão se acercou de Jesus por muitos motivos, um dos motivos principais, foi porque eles viram em Jesus a revelação de quem é Deus e de quem é o Pai, uma das grande e mais fortes revelações que Jesus nos trouxe, é a revelação de quem é o Pai. Muitos de nós temos idéias muito equivocadas de Deus e não era diferente no tempo de Jesus. Não se tinha a idéia de que “Deus é amor”, “Deus é Pai”, não existia este conhecimento. E à partir de Jesus se vai revelando quem é Deus e quem é o Pai, porque Jesus também vai revelando que tipo de amor é o amor do Pai. Talvez, como naquele tempo, muitos de nós tenhamos idéias equivocadas do que é o amor e a paternidade, do que é o Pai, e de quem é o Pai. Talvez muitos de nós, tenhamos feridas a respeito da paternidade, a respeito do nosso próprio pai, muitos até, talvez alguns, nem conheceram o seu pai, talvez alguns a imagem do pai é uma imagem distante, a imagem do pai é uma imagem que não expressa tanto afeto, tanta ternura, tanto amor. A imagem do pai é uma imagem as vezes zangada ou cobradora. Mas Jesus nos veio dar uma imagem diferente do Deus que é Pai, porque agente corre exatamente, o risco de transferir a nossa relação com o pai da terra, para o nosso Pai do céu e não conseguimos experimentar a profundeza, a imensidão da bondade do Pai por causa dos nossos traumas com nosso pai da terra. E não que o nosso pai da terra tenha sido ruím, tenha sido mal mas porque ele é um homem e na sua natureza nas suas limitações, como nós, também erra, também tem as suas fragilidades, as suas fraquezas, mas nós como seus filhos muitas vezes somos atingidos, alguns de uma maneira existencial, alguns de uma maneira bastante comprometida, muitos de nós trazemos inseguranças profundas, por causa da educação, da formação que nós tivemos, muitos de nós trazemos inseguranças a respeito do amor do pai da terra, trazemos feridas em relação ao amor do pai da terra e por isso é muito difícil compreender, que Deus é um Pai de amor, de ternura, sobretudo de misericórdia, e Jesus vai quebrando estes nossos conceitos errados de amor, de paternidade, de misericórdia, quando nesse mesmo Evangelho de São Lucas, Ele começa a mostrar quem é o Deus que é amor e que tipo de amor é esse Deus, quem é o Deus que é Pai e que tipo de Pai é o nosso Deus e é em uma parábola conhecida por todos, a parábola do Filho Pródigo. Onde Jesus vai descrevendo que tipo de Pai é Deus, onde Jesus vai descrevendo que tipo de amor, este coração do Pai tem.
E aí agente pode ir compreendendo o nosso pai, por mais que ele seja maravilhoso, por mais que ele não tenha nos faltado – e nem sempre isso nos acontece porque ele é humano -, ele é apenas uma figura pálida, como todos nós, na nossa humanidade somos, da figura do Pai Eterno, da figura de Deus e do Amor de Deus, de um amor infinito, de um amor sem medidas, de um amor que é sempre pronto para perdoar, de um amor que é sempre pronto pra acolher, de um amor que é sempre pronto pra trazer junto do seu coração das suas entranhas e abraçar. É muito interessante quando agente vê aquela parábola e quando agente medita mais profundamente sobre aquela parábola. É interessante agente vê os motivos do filho pródigo. O que era que o filho pródigo queria? A vida, ele queria viver a vida e tirar da vida tudo o que a vida podia lhe oferecer, queria sugar da vida tudo o que a vida poderia lhe dar, queria a vida e a vida por si mesmo, ele queria ganhar a vida dele, por isso que o filho pródigo chegou um dia e disse, meu pai, eu quero a tua herança porque eu vou partir da sua casa, eu vou ganhar a minha vida, eu vou usufruir da minha vida, eu vou viver a vida, eu vou tirar da vida tudo o que ela pode me dar, eu vou gozar da minha vida, em outras palavras foi isso que o filho pródigo disse para o pai, e eu vou gozar tudo o que a vida pode me dar em todos os sentidos. E aí ele pede o dinheiro do pai que é a herança, me dê a parte da minha herança, não só pega o dinheiro mas parte da casa do pai. Ele vai para um país, começa a cair nas festas, a se prostituir, ele começou a usar das posses dele, do possuir dele, em função do prazer. Ele quis a liberdade, o poder, ele disse: Eu quero sair da casa do pai porque eu quero ser livre, pra caminhar na minha vida. Então eu vou sair. Quero a liberdade, e vou então com o dinheiro do meu pai poder, eu vou me dar ao prazer, eu vou tirar tudo o que a vida pode me oferecer, eu vou ganhar a vida.
Essa mentalidade do filho pródigo talvez esteja presente, mais dentro de nós do que o que agente pode imaginar, mas quem leva sua vida no curso do filho pródigo, com certeza colherá as mesmas conseqüencias do filho pródigo.
O filho pródigo queria ganhar a vida, queria com poder, tendo a liberdade, queria ser livre para ser livre, para poder fazer o que bem entendesse, na hora que bem entendesse e do jeito que bem entendesse e aí começou a se entregar ao prazer. E o que aconteceu com o filho pródigo? Diz o Evangelho, e é uma palavra muito forte, diz que o filho “disputava” a comida com os porcos, no esterco dos porcos. Você imagina, pra quem queria ganhar a vida, pra quem queria usufruir da vida, pra quem julgava que a felicidade era esse tipo de liberdade, era esse tipo de poder era esse tipo de possuir e de prazer, queria tanto a vida e aí entra o primeiro mistério, que a vida perdeu totalmente o sentido pra ele, ele terminou junto, comendo, disputando o farelo e a comida, as sobras. Nem a comida dos porcos ele tinha direito, era a sobra da comida dos porcos. E Jesus nos dá um grande e primeiro ensinamento. O primeiro ensinamento que ele dá é que Deus é amor, nós vamos ver o ensinamento final que é esse mas que ao nos criar, Ele nos criou livres, é verdade, nós somos livres, nós somos livres para sairmos da casa do Pai na hora que nós quisermos. Mas atenção, a liberdade, que é dom que Deus nos deu corresponde também a uma responsabilidade, nós somos responsáveis por qualquer ato na nossa vida e os atos que nós tomamos na nossa vida não são livres das suas conseqüências. As vezes agente pensa que é livre pra fazer o que agente quer, quando quer e como quer, e é verdade, só que quem usa a sua liberdade dessa forma breve, – é o Papa que nos diz -, encontrará alguém que também usa da sua liberdade pra fazer o que quer, quando quer e como quer. E quando duas pessoas usam sua liberdade dessa forma, que pensam que podem fazer o que quer, quando quer e como quer se encontrão, o que que acontece? Diz o Papa, a violência. Vai acontecer a violência e é exatamente um dos primeiros frutos que agente colhe na nossa vida quando agente não entende que nós recebemos a liberdade como um dom de Deus para o amor, para o bem.
Deus nos deu a liberdade para que pudéssemos escolher o bem, a vida, a verdadeira vida. O filho pródigo, queria ganhar a vida dele, tudo o que a vida queria lhe oferecer, ele queria usufruir, o que foi que aconteceu com ele? Como foi que ele terminou? Nos porcos, Sua vida perdeu até o sentido. Querendo ganhar a vida, e querendo ganhar a vida pra si mesmo, ele perdeu o sentido da vida, e aí entra um segundo ensinamento de Jesus. Quem quer ganhar a vida, vai perdê-la mas quem perder sua vida por mim, vai encontrá-la e aí é um outro grande ensinamento fundamental para nossa vida. Quando nós queremos usufruir da vida e tirar da vida, a vida foge de nós, porque agente só encontra a vida quando doa a vida, entrega a vida, consome a vida. A felicidade, tem exatamente esta característica, quem quer ser feliz a todo custo, quem quer usufruir das pessoas pra ser feliz, quem quer usufruir das coisas pra ser feliz, quem quer usufruir dos acontecimentos, que vive em função da sua felicidade, é um tremendo infeliz, não a encontra, porque a felicidade, a vida, foge de quem a busca desordenadamente egoísticamente.
Mas você quer ser feliz? Aí Jesus diz: busque a felicidade dos outros, doe a sua vida aos outros, se dedique aos outros, entregue-se aos outros, ame, esqueça de si mesmo. Jesus diz: aquele que quiser me seguir renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Esse encontrará a vida, esse encontrará a felicidade.
O segredo da vida e o segredo da felicidade está exatamente em dá-la em se doar, em se entregar. É o segredo do amor. Quanto mais eu amo, quanto mais eu sou como Deus é que é amor, que é misericórdia, que é a figura do Pai. Quando o filho caiu em si e não teve nem pensamentos de generosidade. O filho não pensou assim: “Ah! Meu pai, eu deixei meu pai, ele ficou sozinho”, o filho não pensou no pai não. Como foi que o filho pensou? Na casa do meu pai eu não vou passar essa penúria não, na casa do meu pai nem os servos passam essa penúria que eu estou passando. O filho só pensou em si, até nesse momento. Agente pensa “Ah! O filho voltou pra casa do pai convertido”, até nessa hora o filho estava pensando mais nele mesmo do que no pai. Na casa do meu pai não é assim, vou voltar pra casa do meu pai e pedir que ele me trate pelo menos como seu servo, como seu empregado. Mas o amor do pai não é como o coração egoísta do filho, daquele filho. Quando o filho se apresenta, Jesus mostra quem é o pai e qual é a natureza do verdadeiro amor. De longe o pai já sai ao seu encontro, o abraça, o acolhe no seu coração de misericórdia e não deixa nem o filho se desculpar e dizer pai eu pequei contra o céu e contra ti, ele tinha decorado todo um discurso e o pai interfere e diz meu filho o que é meu é teu e coloca o anel devolta, coloca os sapatos, dá toda a autoridade para o filho, restitui a dignidade de filho. Porque o amor do pai é assim um amor de misericórdia, de gratuidade e é isso que o Pai deseja nos fazer compreender, e é isso que Jesus vem nos revelar, que a felicidade da vida é quando nós somos como Deus é. Uma vida de amor, de gratuidade, de entrega, de doação, de esquecimento de si mesmo, “quem quiser ganhar a sua vida vai perdê-la, e quem perder a sua vida por amor a mim vai encontrá-la”.
Há uma coisa dentro dos jovens que é real, que é verdadeira. Todos os jovens trazem dentro de si altos ideais e desejo de felicidade. Uma pessoa que perde os ideais já é um caduco. Tem pessoas idosas, mas que tem a alma jovem. Eu me lembro da minha mãe, ela tem 91 anos. E um dia eu estava chegando de uma viagem e ela estava me esperando com uma das irmãs da comunidade e ela olhou pra essa irmã de comunidade e disse assim: “Olha! A única coisa que eu peço à Deus é nunca ficar velha”. A menina olhou pra ela, ela com noventa anos dizendo isso, e ela é muito inteligente, olhou pra menina e disse: “O que é minha filha, você está me chamando de velha é?” E disse: “Minha filha a juventude não depende do número de ano. A juventude só depende da graça de Deus”, tem muito jovem que já envelheceu e nem sabe, muito jovem que já é caduco, nunca entendeu nem o que é juventude, já gastou-se. As vezes agente senta com um jovem e vai conversar com ele e o coração da gente sangra, porque parece que aquele jovem com 15, 16, 19 anos, já viveu 50, 60, já estragou sua vida pra direita, pra esquerda, pra cima, pra baixo, já gastou, já se desgastou. E essa é uma realidade e esta é a verdade. Mas diante dessa realidade, diante dessa verdade nunca esqueçamos, Deus é o pai de misericórdia, que pode fazer novas todas as coisas. Ele é capaz de nos tirar, como o filho pródigo, nos tirar do fundo da lama, é capaz de nos tirar dos grilhões da caduquice digamos assim e renovar a nossa vida e colocar dentro de nós o desejo dos altos ideais e colocar dentro de nós o desejo realmente da verdadeira felicidade que não é viver em função dela mas se doar, se entregar.
Jesus um dia estava no meio da multidão e muitos o seguiam, porque viam nele a expressão desse amor gratuito que Ele revelava, viam nele esse coração misericordioso do Pai, viam nele as respostas para as aspirações mais profundas das suas almas, o viam Ele como a resposta da sua felicidade, da verdadeira, não aquela que o mundo dá, que é falsa, que é enganadora, mas aquela felicidade que ressoa dentro da alma dagente e que faz com que agente viva, mas viva eternamente, que não acaba nunca e essas pessoas seguiam Jesus porque viam no coração, no olhar dele como o jovem rico quando se encontrou com Jesus. Jesus olhou pra ele e o amou e experimentavam esse amor, o amor que é mais forte do que a morte. E estava aquela multidão ao redor de Jesus, aí Jesus disse: “Opa peraí, vamos dar uma parada aqui gente. Tem muita gente aqui. Ótimo! Mas, há uma diferença entre multidão e discípulo, vamos organizar as coisas. Quem quer ser meu discípulo, quem quer me seguir? Porque você pode usufruir do meu amor e da minha misericórdia, mas você pode não ser e não viver esse amor e essa misericórdia na sua vida”.
Você pode muito querer Deus, usufruir das coisas de Deus mas não viver a Vida Divina, a filiação de Deus. E muitos de nós muitas vezes nos encontramos assim, nós vamos seguindo Jesus como uma multidão, vamos seguindo Jesus em busca só das nossas necessidades e Ele está ali porque Ele é amor, porque Ele é gratuidade. Mas Ele quer mais da minha vida e da sua vida, Ele não quer só que você fique olhando pro seu horizontezinho, Ele não quer só que você fique vivendo a sua vidazinha, Ele não quer só que você fique vivendo em função de si mesmo, Ele tem planos, altos planos de amor pra você, Ele tem uma vida pra lhe dar, Ele não quer que você seja multidão, Ele quer que você seja discípulo, que você o siga de perto, cruze o seu olhar com o olhar dele, experimente o calor do coração dele, sinta a mão dele, sinta o batido do coração dele, Ele quer que você ande nas pegadas dos pés dele, Ele tem um caminho novo, uma vida nova, uma vocação, um chamado pra cada um de nós. E o primeiro chamado é de sermos discípulos, é de deixarmos uma postura de multidão, que fica só pensando no que Jesus tem a oferecer, e esquece o mais importante, que é uma vida nova, que é uma mudança da visão da minha vida, que é a verdadeira felicidade, que é reorientar a minha vida nele e no seguimento à Ele. Então Jesus começa a ensinar. Você quer ser meu discípulo? Se alguém vier a mim sem me preferir ao seu pai, a sua mãe, a sua mulher, e aos seus filhos, aos seus irmãos, e as suas irmãs e até à própria vida não pode ser meu discípulo. Você prefere Jesus à sua própria vida? Pois eu vou contar uma história pra vocês, um dia, Jesus estava com seus discípulos e aí Ele começou a dizer, o Filho do Homem vai para Jerusalém e em Jerusalém Ele vai ser perseguido, em Jerusalém Ele, vai ser crucificado e vai ser morto, e ao terceiro dia ressurgirá. E então Pedro disse: “Senhor, eu darei a minha vida por ti”. Jesus olhou para Pedro e disse: “Pedro, hoje mesmo Satanás pediu conta da tua alma, queria joerar mas eu intercedi por ti, e tu terás a tua alma salva”. E aí, poucos dias depois Jesus estava em Jerusalém, foi preso, foi julgado, estava na casa do sumo sacerdote Anás. Estava sendo esbofeteado, estava sendo decretada a sua morte e uma das escravas olhou para Pedro e disse: “Mas tu também és discípulo dele”. E o que foi que Pedro disse? “Não o conheço”. Se afastou. Aí outro que estava do lado disse: “Ah! Teu sutaque é galileu, tu és da turma dele também, não é não?” O que foi que Pedro disse? “Não o conheço”. E pela terceira vez outro disse: “Tu eras discípulo dele, eu te vi lá”. O que foi que Pedro disse? “Não o conheço”. O que que aconteceu nessa hora? Jesus olhou para Pedro, e o olhar de Jesus foi o que salvou Pedro, e ele saiu dali chorando amargamente. Nós vamos ver Jesus denovo, ressuscitado, aparece para Pedro e os discípulos, olha para Pedro e diz o que? “Simão, filho de João, tu me amas?” O que foi que Pedro respondeu? Pedro olhou pra Jesus, Pedro já sabia do que era capaz de fazer, Pedro já tinha dito uma vez pra Jesus eu darei a minha vida, Pedro já era consciente da sua fraqueza. Sabe o que foi que Pedro respondeu? “Sim senhor, tu sabes que eu te quero bem”. E Jesus olhou para ele denovo e disse: “Pedro, tu me amas?” E Pedro, com certeza pensando no olhar de Jesus lá na casa de Anás, com certeza pensando no olhar de Jesus quando ele disse, te seguirei Jesus, darei a minha vida por ti. Pedro olhou pra Jesus e disse: “Senhor, tu sabes que eu te quero bem”. E por uma terceira vez Jesus disse: “Pedro tu me queres bem?” Aí Pedro ficou arrazado, porque viu que Jesus mudou exatamente a pergunta. E aí Pedro disse: “Senhor tu sabes tudo, tu sabes que eu te quero bem”. Aí Jesus olha pra Pedro e diz: “Quando tu eras jovem tu ías para onde tu querias, depois de velho, outro te cingirá e te levará para onde tu não queres ir”, e diz o Evangelho, Jesus disse isso para Pedro para designar como ele daria glória a Deus, como ele daria sua vida a Deus.
Jesus conhece o barro que eu e você somos formados, Jesus sabe que na hora das palavras nós somos cheios delas, mas na hora da vida nos faltam as atitudes e aí Jesus vem em nosso socorro e com seu amor infinito e gratuito, se adapta ao nosso pobre amor, mas não se adapta só pra se adaptar, mas se adapta pra nos fazer crescer, como Pedro. O seu amor infinito vai até ao encontro da pobreza do nosso amor para elevar o nosso amor para que um dia nós possamos dar a nossa vida por Ele, um dia nós possamos preferir a Ele do que a nossa própria vida, um dia nós possamos realmente entregar a nossa vida a Ele. Por isso se você quer e acredita que Jesus é a verdade, se você quer e acredita que Ele é a felicidade, se você quer e acredita que é renunciando a vida que se encontra, que esse é o caminho da felicidade se agarre ao olhar de Jesus, busque-o porque você não é capaz por você mesmo, você fará pior do que Pedro e peço a Deus que você não faça como Judas, porque Pedro ainda teve a graça de confiar no olhar misericordioso de Jesus, Judas caiu no desespero e por isso perdeu a salvação. E a sabedoria foi de Pedro que mesmo na sua fraqueza soube se deixar olhar por Jesus e dizer: “Mestre, eu me arrependo, eu te amo, eu te quero bem, eu não te amo como tu me amas, mas eu quero te amar como tu me amas” e manteve o seu olhar fixo em Jesus e o amor de Jesus foi transformando o amor de Pedro, se você quer e prefere, se você quer ser discípulo de Jesus, gruda em Jesus Cristo, gruda a tua vida, a tua juventude, tuas decisões, aproxima-te dele mais do que tudo, trata o como o grande tesouro, a grande verdade da tua vida, na tua fraqueza se une a fortaleza dele, busca-o com todas as tuas forças, busca-o com toda tua potência e coloca-o como a primazia da tua vida e verás que na tua fraqueza a fortaleza dele se manifestará, verás que Ele te levará como levou a Pedro. Vocês sabem qual foi o fim da vida de Pedro. Para aqueles que não sabem, Pedro foi o primeiro Papa, e ele foi pregar o Evangelho em Roma e os cristãos estavam sendo perseguidos em Roma, a Igreja estava sendo perseguida em Roma e numa grande perseguição estavam cruscificando todos os cristãos e a Igreja se mobilizou pra fazer Pedro fugir de Roma pra não ser morto, não ser martirizado. E Pedro está no caminho devolta, saindo de Roma e encontra Jesus no meio do caminho, diz a tradição que Pedro olha pra Jesus, ele estava no caminho saindo de Roma e Jesus no caminho entrando em Roma, e então diz, “Aonde vais senhor?” E Jesus diz: “Pedro, eu estou indo pra Roma pra dar minha vida mais uma vez por ti e pelos outros”. E Pedro então caiu em si, em vez de fugir, volta. Volta para Roma e dá a sua vida e se deixa cruscificar junto com os cristãos. Ele encontrou o verdadeiro sentido da vida, com a sua proximidade, com a sua amizade com Jesus Cristo, ele foi reencontrando o sentido da vida e da felicidade, foi encontrando o sentido do amor, e se cumpre nele a profecia de Jesus. Quando tu eras jovem, tu ías pra onde tu querias, mas depois, na maturidade do amor tu irás para onde tu não queres ir, ou seja, pra onde ele não quer ir? Pra onde nós resistimos de ir? Nós resistimos de ir para o verdadeiro amor, para doar a vida, para entregar a vida.
Nós encontramos a verdadeira vida, a maturidade da vida quando nós entendemos que o segredo da vida é doar, é entregar a vida, é ofertar a vida. O segredo da felicidade é fazer os outros felizes, o segredo da vida e da felicidade é amar, é sair de si, é esquecer de si mesmo e colocar o seu coração em Deus e nos homens.
Você quer ser discípulo de Jesus Cristo? Pois mantenha o seu olhar no olhar dele, aproxime-se dele, Ele é o tesouro o tesouro inesgotável. Ele é a verdade, a verdade que nenhuma mentira suporta, Ele é a vida, a vida que se dá, que se entrega, que se oferta. E quem com Ele oferta a vida, dá a vida, entrega a vida , adere a sua verdade, segue o seu caminho encontra a vida, a plenitude da vida.
Sabe porque nós somos infelizes? Porque no fundo no fundo nós ainda não cremos o suficiente em Jesus Cristo, porque se crêssemos nós o seguiríamos, não nas nossas forças, mas apoiados na Sua graça, e nós seríamos seus discípulos e sendo seus discípulos nós teríamos vida da graça, em plenitude.
Que nosso Senhor possa nos fazer, pela amizade com Ele, pela intimidade com Ele, possamos ter a força da graça para irmos aonde nosso pecado muitas vezes nos impede de ir, para nos deixar abandonar e para seguirmos uma vida de oferta, uma vida que se entrega, uma vida que se doa, uma vida como a vida de Cristo. Amém!

Moysés Louro de Azevedo Filho


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