Passos importantes começaram a se concretizar nestas semanas, seja na otimização das entidades que congregam os Meios de Comunicação de inspiração católica, como os que trabalham com a educação e que estão ligados a congregações, grupos e comunidades católicas.
Em Curitiba reuniram-se em Assembléia a Unda – União de Radiodifusão Católica – e a RCR – Rede Católica de Rádio – entre os dias 20 a 23 últimos. Além das reflexões teóricas e orientações práticas sobre as questões que ora interessam ao sistema de radiodifusão, foi dado o passo preparado há mais de 2 (dois) anos por uma equipe ligada a essas organizações e com o apoio da nossa Comissão Episcopal para a Cultura, Educação e Comunicação Social: a abertura para a fundação da Signis Brasil. Signis é uma entidade internacional que desde 2002 congrega as entidades de comunicação em nível mundial, unida ao Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais.
Para tornar isso possível foi aceita por unanimidade a mudança de estatutos da Unda e a união desde já da Ocic (Organização Católica Internacional de Cinema), estando aberta a possibilidade de começarem a se filiar também as emissoras de Televisão, os Portais de Internet e a Rede Católica de Imprensa. Com essas filiações, que irão acontecer no prazo de 3 (três) anos, já estaremos com o amadurecimento necessário para que a Signis Brasil congregue todos os Meios de Comunicação atuais e os possíveis futuros que ainda poderão existir, e depois de aprovados pela CNBB, sendo um organismo ligado à nossa Conferência Episcopal. Então o Brasil contará com uma filial – a Signis Mundial. Aliás, esteve presente entre nós o atual secretário ad hoc da Signis Mundial e o representante da América Latina.
A nova entidade que está sendo criada terá uma diretoria geral e os vários departamentos para gerir as diversas situações: rádio, televisão, meio impresso, cinema, portais de internet, e outros meios que forem criados, e estará unida à nossa Conferência Episcopal e à Signis Mundial e representará todos os meios de comunicação de inspiração católica do Brasil.
Em “Aparecida” (486 c) fala de apoiar e otimizar os Meios de Comunicação – eis um passo concreto que acaba de ser dado em nosso país, passo histórico e importante. À nova diretoria da Unda que foi eleita nessa Assembléia em Curitiba caberá levar adiante os justos anseios e os sonhos dessa realização.
O outro passo de otimização de nossas entidades começará a se concretizar nesta semana, entre os dias 29 e 30 de novembro em Brasília: com a Assembléia da Anamec (Associação das Mantenedoras das Escolas Católicas) e a Abesc (Associação Brasileira das Escolas Superiores Católicas) darão um passo para se unirem à AEC (Associação de Educação Católica) criando a Anec (Associação Nacional das Escolas Católicas). Este sonho é ainda mais antigo e levou no mínimo mais de 8 (oito) anos para ser concretizado. Um passo foi dado no passado com a criação do Coniec (Conselho Nacional das Instituições de Educação Católica) que se reuniu congregando todas as instituições representativas de ensino católico durante muitos anos. O amadurecimento e as necessidades viram que era chegado o momento de institucionalizar essa experiência.
Também a entidade que estará sendo criada representará todas as instituições católicas de ensino e terá sua ligação com a nossa Conferência Episcopal, podendo ajudar a responder, como Instituição, aos apelos e questões sobre os nossos posicionamentos com relação a tema tão relevante, como é a questão educacional.
Como acima, também essa entidade não deverá perder nada das riquezas de trabalhos que as outras três entidades que estarão unidas já têm (para isso foram feitos estudos aprofundados) e, além de uma diretoria geral, terá os seus diversos departamentos, como o Ensino Fundamental e Médio, Superior, Mantenedoras e outros, sem perder o belo trabalho capilar das AECs em todos os Estados da Federação. O “Documento de Aparecida” (328-346) trata longamente desse assunto e no final sobre a educação em geral (481-483), além de tantas outras citações no decorrer do texto.
A cada dia recebo notícias de muitos sofrimentos e incompreensões por parte dos legisladores atuais sobre tantas injustiças que se cometem contra as nossas instituições. Há orquestração de maneira muito especial na questão da filantropia, da educação e da comunicação. Já há tempos que ouço dos nossos responsáveis que hoje não se tem mais tempo para dedicar-se à missão de comunicação ou de educação (e também de saúde), pois temos que estar constantemente atrás de questões burocráticas e judiciais que a cada dia vorazmente bate às nossas portas com diversas ameaças de exclusão, fechamento, indiciamento, etc. Isso tudo além das incompreensões que aparecem em alguns articulistas de alguns jornais que têm um “interesse” muito grande nessa questão quando se trata de instituições católicas.
Nessas últimas semanas do ano litúrgico estamos chegando ao início de um novo tempo, depois de tantos anos de estudos, sofrimentos e lutas com a instituição de duas entidades representativas do nosso pensamento como instituições de inspiração católicas (até aí somos discriminados) e que poderão ajudar a encontrar hoje os melhores caminhos.
Criar essas duas instituições não irá resolver ipso facto todas as questões, mas já será um canal de comunicação, aprofundamento e estudo importante para nossas entidades nesta mudança de época que vivemos, e, em especial, diante das pressões que sofremos nos tempos atuais.
É claro que teremos que contar também com tantas outras instituições análogas para nos unirmos e encontrarmos os caminhos nesse emaranhado de leis e interesses que hoje existem, muitas vezes, contra a vida e as necessidades de nosso povo.
Desejamos às novas diretorias e às novas entidades todas as luzes do Espírito Santo e manifesto o nosso apreço pelo bem que fazem ao nosso povo.
* Dom Orani João Tempesta, 57, é arcebispo de Belém (PA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Educação, Cultura e Comunicação.
Fonte: CNBB