Formação

Ressurreição, acontecimento de amor

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« A ressurreição de Jesus é essencialmente um acontecimento de amor », de onde provém « um apelo a nos convertermos ao amor »: recordou Bento XVI na mensagem pascal, a partir da frase que a Liturgia pascal coloca na boca do Ressuscitado:

“Resurrexi, et adhuc tecum sum. Alleluia! – Ressuscitei, estou convosco para sempre. Aleluia!”

Estas palavras, tiradas de uma antiga versão do Salmo 138, ressoam ao início da Missa da manhã de Páscoa. A Igreja reconhece nelas a própria voz de Jesus que, ao ressurgir da morte, Se dirige ao Pai cheio de felicidade e de amor, exclamando: Meu Pai, eis-Me aqui! Ressuscitei, estou ainda convosco e estarei para sempre; o vosso Espírito nunca Me abandonou.

A morte e ressurreição do Verbo de Deus encarnado é um acontecimento de amor insuperável, é a vitória do Amor que nos libertou da escravidão do pecado e da morte. Mudou o curso da história, infundindo um indelével e renovado sentido e valor à vida do homem.

Graças à morte e ressurreição de Cristo, também nós hoje ressurgimos para uma vida nova e, unindo a nossa voz à d’Ele, proclamamos que queremos ficar para sempre com Deus, nosso Pai infinitamente bom e misericordioso. Entramos assim na profundidade do mistério pascal.

O fato surpreendente da ressurreição de Jesus é, essencialmente, um acontecimento de amor (sublinhou Bento XVI): amor do Pai que entrega o Filho pela salvação do mundo; amor do Filho que, por todos nós, Se abandona à vontade do Pai; amor do Espírito que ressuscita Jesus dentre os mortos com o seu corpo transfigurado. Daí um apelo a convertermo-nos ao Amor, a recusar o ódio e o egoísmo, seguindo as pegadas do Cordeiro imolado, o Redentor «manso e humilde de coração».

Irmãos e irmãs cristãos de todas as partes do mundo, homens e mulheres de ânimo sinceramente aberto à verdade! Que ninguém feche o coração à onipotência deste amor que redime! Jesus Cristo morreu e ressuscitou por todos: Ele é a nossa esperança! Esperança verdadeira para todo o ser humano.

É fixando o olhar da alma nas chagas gloriosas do corpo (de Cristo), – que podemos compreender o sentido e o valor do sofrimento, que podemos suavizar as muitas feridas que continuam a ensangüentar a humanidade ainda em nossos dias. Nas suas chagas gloriosas, reconhecemos os sinais indeléveis da misericórdia infinita de Deus, de que fala o profeta:

Jesus é Aquele que cura as feridas dos corações despedaçados, que defende os fracos e proclama a liberdade dos escravos, que consola todos os aflitos e concede-lhes o óleo da alegria em vez do hábito de luto, um cântico de louvor em vez de um coração triste.

Se nos abeirarmos de Jesus com humilde confiança encontraremos no seu olhar a resposta ao anseio mais profundo do nosso coração: conhecer Deus e contrair com Ele uma relação vital numa autêntica comunhão de amor, que encha do seu próprio amor a nossa existência e as nossas relações interpessoais e sociais.

Quantas vezes as relações entre pessoa e pessoa, entre grupo e grupo, entre povo e povo, em vez de amor, são marcadas pelo egoísmo, pela injustiça, pelo ódio, pela violência! São as pragas de humanidade, abertas e dolorosas em todo canto do planeta, mesmo se, frequentemente, ignoradas e, às vezes, ocultadas de propósito; chagas que dilaceram almas e corpos de numerosos dos nossos irmãos e irmãs.

Essas “pragas de humanidade” esperam ser sanadas e curadas pelas chagas gloriosas do Senhor ressuscitado e pela solidariedade dos que, sobre o seu rasto e em seu nome, põem gestos de amor, empenhando-se com fatos em prol da justiça e difundem em volta de si sinais luminosos de esperança nos lugares ensangüentados pelos conflitos e sempre onde a dignidade da pessoa humana continua a ser desprezada e espezinhada.

O auspício é que precisamente ali se multipliquem os testemunhos de mansidão e de perdão.

Deixem-se iluminar pela luz fulgurante deste Dia solene, abrindo-se com sincera confiança a Cristo ressuscitado, para que a sua vitória sobre o mal triunfe em cada um de nós, nas nossas famílias, nas cidades e Nações, e Se manifeste no mundo inteiro.

Como não pensar neste momento, de modo particular, em algumas regiões africanas, tais como o Darfur e a Somália; no atormentado Oriente Médio, especialmente na Terra Santa, no Iraque, no Líbano, em enfim no Tibete, regiões para as quais faço votos por que se encontrem soluções que salvaguardem o bem e a paz!

Imploro-vos a intercessão de Nossa Senhora, a qual, depois de ter compartilhado os sofrimentos da paixão e crucifixão de seu Filho inocente, também experimentou a alegria da sua ressurreição.

Associada à glória de Cristo, seja Ela a proteger-nos e a guiar-nos pelo caminho da solidariedade fraterna e da paz. São estes os votos pascais que formulo para vós aqui presentes e para os homens e mulheres de todas as nações e continentes que estão unidos conosco através da rádio e da televisão. Uma Páscoa feliz!

Fonte: Radio Vaticano


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