Institucional

“Entre um sanduíche e outro, Deus me permitiu tocar na dor do coração do homem”

comshalom

DSC01709Meu nome é José Carlos Júnior, sou consagrado da Comunidade Aliança da Comunidade Católica Shalom na missão de Natal. Sempre me senti atraído pela missionariedade da vocação. Lembro-me, claramente, do meu coração inflamar-se ao ouvir a voz do fundador convocando-nos à Missão, gritando para nós acerca dos flagelos da humanidade e do coração ferido do homem.

Ainda postulante, descobrindo a vocação, o meu coração se abrasava, sobretudo, ao ouvir os testemunhos das missões internacionais e dos irmãos que se aventuravam a dar os primeiros passos na evangelização fora do Brasil, o que gerava em mim um movimento de saída, de ir ao encontro do outro, do pobre, do que não conhece a Deus.

Movido por tal propósito, após um tempo de oração e escuta de Deus, submeti o desejo do meu interior às autoridades da comunidade, que, confirmando tratar-se de um chamado de Deus, me enviaram em missão. Em março de 2011, parti, então, para Santiago do Chile, para viver uma das melhores experiências da minha vida, sobre a qual quero partilhar um pouco.

Logo de início, me dei conta de que Deus me levava a experimentar a graça de participar de uma comunidade ainda em fundação – éramos sete irmãos na casa comunitária, dos quais quatro participaram da fundação, e uma família da comunidade de aliança. Essa realidade, mesmo sendo uma graça, não deixou de ser um choque para mim, que, saindo de Natal, uma missão às portas da Alma da Cidade, passei a viver os desafios de uma missão da fase Grão de Trigo I, cujo principal convite ao missionário é morrer para gerar vida e frutos para o Reino.

Os meus primeiros apostolados foram o economato, a evangelização e as artes. Pouco tempo depois, porém, fui discernido para coordenar a lanchonete e pastorear o primeiro grupo de oração fundado na Missã

o, chamado Totus Tuus. O serviço na lanchonete me levou a uma profunda experiência com o Carisma, sobretudo do ponto de vista do retorno às origens e à evangelização ousada, com parresia. Entre um sanduíche e outro, Deus me permitiu tocar na dor do coração do homem que sofre por desconhecer o Seu amor.

DSC01598Recordo-me de um estudante do curso de medicina, declaradamente ateu, que sempre ia ao Shalom para almoçar. Lembro-me da tristeza do seu olhar, em uma das nossas primeiras conversas, ao dizer: “eu queria ter a fé de vocês; eu vejo que vocês são felizes”. Lembro-me, ainda mais, do seu sorriso, meses depois, na missa em que fiz minhas primeiras promessas no carisma. Após anos sem entrar em uma Igreja, ele aceitou o meu convite e participou atentamente da eucaristia, encantado com a beleza dos cânticos e com o nosso zelo pela liturgia, conforme partilhou comigo depois.

No pastoreio, pude sentir, de maneira mais forte, a potência do carisma que vai além das distâncias, das fronteiras geográficas, dos nossos limites e medos, das dificuldades com o idioma, do contraste cultural… Ensinar as músicas, acompanhar, proclamar, conviver, tudo se torna novo, diferente! Como graça especial deste tempo, pude vivenciar a implantação do Caminho da Paz na missão, com a chegada da versão em espanhol do nosso “Enchei-vos”; pude ver que a nossa formação ultrapassa barreiras e que, de fato, alcança os jovens do mundo inteiro.

Não posso deixar de citar, ainda que brevemente, outras grandes graças recebidas na missão: a alegria da vida comunitária; a vivência das manhãs de silêncio e oração, que tanto me ajudaram a construir uma vida interior, focada em Deus e na Sua palavra; as experiências concretas com a pobreza e a providência de Deus; as amizades construídas e eternizadas…

Louvo, portanto, a Deus, que, em seu infinito amor, me proporcionou este grande momento vocacional em minha história, levando-me a amar um novo povo, desconhecido, diferente, que me fez entender que somos um só corpo, uma só Igreja. Aproveito para convidar e animar os irmãos a abrirem-se, cada dia mais, a esta experiência de amor a Deus e à humanidade, na certeza de que somos nós que recebemos os melhores frutos.

Shalom!


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