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Neste dia das Mães de Hoje no Brasil

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Mães “Anas Carolinas”…

Temos acompanhado na imprensa os dramáticos momentos da “Família Nardone” e o “Caso Isabela”, onde tudo parece mesmo espetáculo e nós ficamos sedentos por cada nova notícia. Ficamos querendo nos saciar de uma penalidade para uma mãe tão bárbara!

Realmente tudo foi muito bárbaro o que aconteceu com Isabela e, sem menos proporção, tudo tão bárbaro o sensacionalismo da imprensa e das aglomerações. Falar de vida, perdão, misericórdia, compaixão para com Alexandre e Ana Carolina seria mesmo ser tachado de insensível ou mesmo alienado “religiosamente”. Os gritos são de vingança e a expectativa é que eles sofram, sejam linchados na cadeia ou estejam amargamente perturbados pela culpa ou pelo remorso. O inconsciente parece gritar: Crucifica-os! Crucifica-os!

Transportam-se os dois presos como dois “barrabás” dignos de toda espoliação e os gritos são mesmo de “mal feitores, carrascos”. E eu me lembro nessas horas de Maria ao ver tudo o que acontecia com Seu amado Filho no pretório e nos corredores de Jerusalém. Lembro do seu olhar às pessoas que pediam a morte do Seu Filho e da sua presença cheia de esperança, sem nenhuma mágoa no coração, aos pés da cruz contemplando tamanha barbaridade. Mas também lembro do Papa João Paulo II entrando na penitenciária para perdoar seu agressor, o qual tentou matá-lo com um tiro. Lembro de tantas pessoas que se libertaram do ódio e foram capazes de perdoar o agressor contra si ou contra quem amavam.

Isso não acontece por nossas forças, é preciso ter um sentido maior e deixar o coração ser preenchido pelo amor de Deus. Só Deus pode nos fazer capazes de entrar em nós mesmos e nos fazer descobrir que somos pecadores capazes do pior. Só o encontro com o Seu olhar misericordioso pode nos fazer soltar nossas pedras de acusação ao outro, caso contrário nos tornamos juízes devoradores de nós mesmos e dos outros.

Não esqueçamos: aqueles que praticam o mal já são por demais vazios e sofrem a amargura de terem suas vidas levadas sob a onda dos impulsos e de todas as suas mazelas: o ciúmes doentio, a inveja, a cobiça, o tédio, a idolatria ao ter e ao poder, a escravidão da estética e até do saber! Nossa sociedade produz em massa pessoas doentes, fracas emocionalmente, solitárias, dependentes de todas as formas de escravidão e sem perspectiva de felicidade e de vida com Deus.

Temos tudo e falta-nos tudo, falta o amor, o diálogo, o desprendimento do que é transitório para se dar aos outros. Falta a capacidade da renúncia, do esquecimento se si até o ponto de amar altruistamente, falta-nos Deus, o Deus de Jesus de Cristo que é capaz de transformar radicalmente nossas vidas.

No dia das mães podemos lembrar de tantas mamães que estão agora – a exemplo de Ana Carolina – presas por diversos delitos e crimes, sejam voluntários ou levados por tantos motivos que aqui desconhecemos. Mas é preciso lembrar delas, mesmo que tenham sido “cruéis mamães”.

Lembremos que hoje predomina a facilidade de julgar e condenar, mas nós cristãos carecemos de uma reflexão cristã que só o Evangelho é capaz de provocar em nós compaixão nessas horas. É diante do erro dos outros que mostramos quem realmente é Cristo para nós. Compaixão não quer dizer que os culpados não devam “pagar” pelo que fizeram de mal aos indefesos, não, não é isso. A justiça é um dom de Deus e o mal precisa ser reparado espiritualmente e juridicamente. No entanto, essas pessoas, por mais que aparentem, não perderam a dignidade de filhos de Deus. Não deixaram de ser nossos irmãos e não estão desprovidos da possibilidade do nosso perdão e da nossa compaixão. Todos nós somos de certa forma, “Davi e Natã”, acusados e acusadores, mas a medida do amor, da justiça e da misericórdia só Deus pode nos dar.

Hoje é o dia das Mães! E neste dia eu me lembro de Maria e me lembro das mamães que sofreram ou sofrem agora com o que fizeram de perverso contra elas ou contra seus filhos. Mas também lembro de todas as “Mães Anas Carolinas”, onde quer que elas estejam. Deus as abençoe e as faça capazes de não desistirem da esperança de terem um dia a verdadeira liberdade que consiste na vida nova que pode nascer, não com o erro e o pecado em si, mas com o verdadeiro arrependimento que é fruto de um encontro entre o meu “nada monstruoso” e o “tudo misericordioso de Deus que é amor”. Feliz dia das mães!

Antonio Marcos Ferreira de Aquino

Missionário na Comunidade de Vida Shalom – Fortaleza

antonimarcos.aquino@gmail.com


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