Contemplemos um instante o ícone vivo da obediência, aquela que não só imitou a obediência do Servo, mas que a viveu com Ele. Santo Irineu escreve: «Paralelamente (entende-se Cristo novo Adão), encontra-se que também a Virgem Maria é obediente, quando diz: ‘Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo tua palavra’ (Lucas 1, 38). Como Eva, desobedecendo, converteu-se em causa de morte para ela e para todo o gênero humano, assim Maria, obedecendo, converteu-se em causa de salvação para ela e para todo o gênero humano» [8]. Maria se assoma à reflexão teológica da Igreja (estamos, de fato, na presença do primeiro esboço de Mariologia) através do título de obediente.
Também Maria obedeceu com segurança a seus pais, à lei, a José. Mas não é nestas obediências nas quais pensa Santo Irineu, mas em sua obediência à palavra de Deus. Sua obediência é a antítese exata à desobediência de Eva. Mas –outra vez– a quem desobedeceu Eva para ser chamada a desobediente? Certamente não a seus pais, dos que carecia; tampouco ao marido ou a alguma lei escrita. Desobedeceu à palavra de Deus! Como o «Fiat» de Maria situa-se, no Evangelho de Lucas, junto ao «Fiat» de Jesus no Getsemani (Cf. Lucas 22, 42), assim, para Santo Irineu, a obediência da nova Eva coloca-se junto à obediência do novo Adão.
Sem dúvida Maria terá recitado ou escutado, durante sua vida terrena, o versículo do Salmo no qual se diz a Deus: «Ensina-me a cumprir tua vontade» (Salmo 142, 10). Nós dirigimos a Ela a mesma oração: «Ensina-nos, Maria, a cumprir a vontade de Deus como a cumpriste tu!».
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