Formação

Células embrionárias: o que se diz e o que não se diz

comshalom

Pela margem mínima de seis votos a cinco, no dia 29 de maio, o Supremo Tribunal Federal deu seu parecer favorável à pesquisa de células-tronco embrionárias para fins científicos e terapêuticos. Uma das razões que levou os magistrados a essa decisão é que os embriões humanos, após três anos de congelamento, não podem ser reaproveitados e seu destino final é a lata do lixo.

Mas esta é apenas uma das muitas suposições – pois disso não passam os argumentos para aprovar as pesquisas, como demonstra o Pe. Luís Carlos Lodi da Cruz em artigo publicado recentemente sobre “o que se diz” e “o que não se diz” em assunto tão delicado. Para os leitores que desejam um pouco de luz no emaranhado de opiniões propaladas pelos meios de comunicação social, sintetizo alguns de seus tópicos mais elucidativos.

O que se diz: as pesquisas com células-tronco embrionárias trouxeram a cura de inúmeras doenças, como atestam todos os dias os meios de comunicação social. O que não se diz: todas as curas até hoje efetuadas foram obtidas exclusivamente com células-tronco adultas. Por serem retiradas do próprio paciente, não há rejeição nem produzem tumores. E – o que é o mais importante – não destroem embriões humanos.

O que se diz: as células embrionárias são a grande esperança de cura para as doenças degenerativas. O que não se diz: até hoje, as células embrionárias só produziram desperdício de dinheiro e de vidas humanas. Ninguém foi curado por elas. No Reino Unido, onde tais pesquisas são permitidas, o que se diz – ou não se diz – é que 52% dos pacientes, após dois anos, acabaram atingidas pelo câncer.

O que se diz: não se pode exigir um sucesso imediato das células embrionárias, pois só foram isoladas por Jamie Thomson há dez anos, em 1998. O que não se diz: até agora, nem sequer em animais se obteve um resultado suficientemente seguro. Os próprios defensores das pesquisas, que pareciam prometer milagres para o dia seguinte aos inúmeros portadores de deficiência levados para Brasília, logo após a sentença do Supremo Tribunal Federal avisaram que a cura

O que se diz: isso não impede que, mais tarde, com novas pesquisas, as células embrionárias obtenham resultados terapêuticos positivos. O que não se diz: se isso realmente acontecer, os pacientes deverão tomar imunossupressores a vida inteira, para evitar a rejeição. Além disso, será preciso produzir embriões humanos “em escala industrial” e, conseqüentemente, destruir outros milhões que, por qualquer motivo, não sejam utilizados.

O que se diz: somente as células embrionárias são pluripotentes. As adultas conseguem regenerar um número limitado de tecidos. O que não se diz: o Dr. David A. Prentice as patologias tratáveis com células-tronco adultascom as embrionárias.

O que se diz: os grandes cientistas do mundo inteiro põem suas esperanças nas células-tronco embrionárias. O que não se diz: James Thomson que, em 1998, isolou as células embrionárias, e Ian Wilmut, o criador da ovelha Dolly, decidiram abandonar as pesquisas que envolvem a destruição de embriões humanos e concentrar-se nas células tronco pluripotentes induzidas, através da reprogramação de células da pele. Os resultados foram promissores, inclusive para o tratamento do mal de Parkinson. Não é diferente a opinião da Drª. Natalia López Moratalla: “As células embrionárias fracassaram; a esperança para os enfermos está nas células adultas”.

O que se diz: os embriões humanos congelados, se não forem utilizados para pesquisas, não terão outro destino senão o lixo. O que não se diz: jogar embriões no lixo é o grande desejo das clínicas de reprodução artificial. Mas eles podem perfeitamente ser encaminhados para a adoção.

O que se diz: adotar um embrião é uma utopia que jamais acontecerá. O que não se diz: na Itália, o Comitê Nacional de Bioética propôs que os embriões congelados já existentes sejam implantados no útero de voluntárias dispostas a ser mães adotivas.

O que se diz: após três anos de congelamento, os embriões ficam inviáveis para a implantação no útero. O que não se diz: trata-se de uma afirmação infundada na literatura científica: não há evidências de perda de vitalidade nos embriões, mesmo depois de longos anos de conservação.

O que se diz: a liberação da pesquisa com células embrionárias nada tem a ver com a liberação do aborto. O que não se diz: a permissão de se recorrer a embriões humanos congelados é um verdadeiro aborto. Aliás, se o cidadão só começa a ter direitos depois do nascimento – conforme sentenciou um dos Ministros votantes – pode-se dizer que o aborto já foi aprovado pelo Supremo Tribunal Federal. Quem viver, verá!

Fonte: CNBB – por Dom Redovino Rizzardo, cs


Comentários

Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião da Comunidade Shalom. É proibido inserir comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem os direitos dos outros. Os editores podem retirar sem aviso prévio os comentários que não cumprirem os critérios estabelecidos neste aviso ou que estejam fora do tema.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.

O seu endereço de e-mail não será publicado.