Formação

Religião e sociedade na perspectiva sociológica

comshalom

Artigo elaborado no Curso de Filosofia – 2005

 Começamosa nossa reflexão seguindo e analisando de perto a postura de Houtart(sociólogo escritor) no que diz respeito à Sociologia e ao estudosociológico da Religião. Como todas as questões são trabalhadas porcausa do contexto real, é preciso definir o que é a realidade social:"Um conjunto, na complexidade de todas as relações e inter-relaçõesgrupais."

 

 Navida social observamos fatores visíveis e fatores invisíveis. Essesúltimos são os objetos de estudo da Sociologia. Os fatos estão aí ecomo é possível irmos além deles? Como descrever e produzir açõessociais que correspondam à harmonia e as necessidades da vida emsociedade?. Para que essa sociologia seja concreta na sua ação eatuação é preciso que se saiba que não basta só conhecer a problemáticasocial, mas também e principalmente propor soluções para que sejampossíveis as mudanças sociais. Isso logo chega ao ponto da nossareflexão: a Sociologia na perspectiva religiosa.

 

 A necessidade é a de – segundo Houtart –  avançare estudar o papel reprodutor da religião na sociedade. A Sociologiapergunta como a Religião pode contribuir para a produção social?.Precisaríamos analisar muitas questões entre-linhas dessa problemática,mas podemos aproximar alguns caminhos. "A Sociologia está interessadana gênese social dos fenômenos, ou seja, o dinamismo histórico edialético das sociedades, não como entidades em si mesmas, mas comoprodutos dos atores sociais".

 

 AcompanhandoHoutart, observa-se que é exatamente o homem o ator social que produzas estruturas de uma determinada sociedade. Isso se observa devido àsproblemáticas e implicações sociais. Os fenômenos sociais passam aserem definidos como um "Produto Social". Houtart diz que: "O papel daSociologia é precisamente o de transportar ao nível da consciênciacoletiva e individual o fato de que a sociedade é construída pelosatores."

 

 Adentrando,a partir da análise do objeto da sociologia, na sociologia no aspectoda religião, começamos considerando as duas dimensões que abordaHoutart: "A religião faz parte das idealizações, ou seja, dasrepresentações que os seres humanos fazem de seu mundo e de si mesmos.Tais representações são a maneira de construir a realidade na mente"

 

 Asrepresentações se constroem dentro das condições concretas e históricasdos atores sociais. Elas são, podemos dizer, a visão que temos de tudoaquilo que está ao nosso redor, fruto das nossas construções. Asrepresentações são construções sobre a realidade. Nesse caso, segundoHoutart, "A religião é uma das representações que o homem faz do mundoe de si mesmo. Especificamente, é a representação que faz referência aosobrenatural." Isso se dá através de um processo dialético.

 

 Areligião é o meio pelo qual o homem busca as respostas para as suasfundamentais perguntas sobrenaturais e transcendentes. Quando se falada religião como produto social, falamos de construção humana ligada auma história e a um povo, a uma cultura e a uma época. Observamos quesão muitas as práticas e os costumes religiosos nas mais diferentessociedades do planeta. Qualquer ação ou pesquisa religiosa aelaborar-se precisa ser feita levando em conta o contexto de produçãodessas realidades. 

 

 Areligião tem necessariamente alguma coisa a ver com o grupo porqueinfuencia a vida dos indivíduos e do coletivo. A Sociologia da Religiãoquer não só entender como funciona a religião, mas entender asimplicações com todas as dimensões da vida humana, tais como: acultura, a economia, a arte, a política, ou seja, a maneira de encararo mundo. Não é papel dela analisar as questões teológicas da fé. Épapel da Sociologia da Religião, compreender as expressões religiosas esuas formas de produção e reprodução a partir da sociedade em que sesitua. Assim, observamos que o ponto de partida necessariamente daSociologia da Religião é o estudo da sociedade do ponto de vista"macro".

 

 Asociedade atual está marcada pela frieza quanto à problemática social.Iniciativas sociais são importantes para o resgate desses valores parase construir uma nova sociedade. Entra então o caráter das revoluções,partindo sempre do "micro". O processo de multiplicação do microprovoca a mudança do macro, resultando na redefinição de "padrões" e"éticas".

 

 ASociologia da Religião penetra nas fronteiras do homem coletivo etambém no mistério da alma humana. Reivindica a necessidade do diálogoem todas as dimensões. É bem verdade que cada ciência tenta seauto-proclamar universal, autônoma, com direitos e deveres, e rejeita odogmatismo de certas idéias e doutrinas como a canonização de umasabedoria ou verdade definitiva. No entanto, é preciso que levemossempre em consideração que os nossos problemas são outros, diferentesdos que nascemos, necessita de respostas novas, é verdade, mas não nosesqueçamos que está cada vez mais difícil falar e viver a religião numaperspectiva sociológica por causa da profunda cultura e mentalidadecartesiana, relativista, empirista e analítica. É preciso evitar que aSociologia da Religião caia no imperialismo cientista dos sociólogos ea Religião no sobrenaturalismo de uma fé teocrática. Segundo osprincípios da moral cristã a fé é Teocêntrica.

 

 Daí,concluímos ressaltando a importância do papel da consciência individuale coletiva. As mudanças trazem novos desafios para as instituições,pois a sociedade está sempre em processo de redefinição. O papel danossa consciência madura e ativa atua diretamente nas determinaçõessociais. Os princípios da Ética e da Moral servem para forçar aconsciência coletiva a propor mudanças.

 

 Acreditamosque o movimento dialético, por meio de uma consciência livre, sejasempre um acontecimento real e uma possibilidade de mudanças quando setrata de fazer com que a fé interaja socialmente. A vida não pode estarseparada da responsabilidade moral e ética. É desastrosa a ação de quemsepara a fé da vida pessoal e social. Que esse dualismo acabe com aclareza do compromisso que implica a fé nos diversos âmbitos da vida eda sociedade.  

 

 

Antonio Marcos Ferreira de Aquino

Missionário na Comunidade Católica Shalom – Fortaleza


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