Os grandes ideais são primeiramente buscados com todo o ardor e são sempre os últimos a serem conquistados, mas norteiam a nossa caminhada durante a vida e nos ajudam a não perdermos de vista a direção.
Penso nisso quando nesta metade do ano examinamos os passos dados na caminhada pastoral. O Plano de Pastoral da Arquidiocese foi aprovado para orientar a nossa caminhada na unidade durante dez anos, ou seja, até os 400 anos de Belém, em 2016. Iluminando nossos trabalhos pastorais em grandes linhas ele é sempre revisto a cada seis meses para animar ou corrigir metas para que cheguemos à renovada vida de uma Igreja casa e escola de comunhão e em estado de missão nesse chão amazônico.
É tempo de examinarmos se estamos na direção proposta ou necessitamos de uma correção de rota ou ainda mais, um pouco mais de combustível para andar mais depressa. Será essa a preocupação do nosso próximo Conselho Arquidiocesano de Pastoral, além de outros aspectos mais práticos a serem decididos e resolvidos nesse tempo de vigência do Plano de Pastoral.
Ele nasceu depois de uma ampla consulta a todas as bases da Diocese: foi feita a pesquisa nas missas, a pesquisa nas casas (esta última nem sempre com muito entusiasmo), houve a semana sobre pastoral urbana quando discutimos a nossa realidade de Arquidiocese, as avaliações sobre os passos já dados e as sugestões para os passos seguintes foram feitas e tudo discutido em assembléias paroquiais, regionais e arquidiocesana.
Depois da elaboração do rascunho do futuro plano, as assembléias paroquiais, regionais e arquidiocesana examinaram e deram ainda sugestões para que, diante de tudo, pudéssemos escolher as grandes linhas de nossa ação pastoral arquidiocesana. E durante esses momentos importantes convencionamos esse encontro semestral para exame da caminhada da aplicação do plano.
Um Plano que nasceu das verdadeiras necessidades da Arquidiocese foi votado com entusiasmo e promulgado por mim para que tivesse validade em nossa Arquidiocese para o tempo futuro. Nasceu de nossas realidades e tem os encaminhamentos pastorais para a nossa realidade e é trabalhado pelos padres de nossa própria arquidiocese, que bem conhecem esta terra.
Quando surgiu a V Conferência e as suas conclusões ficamos muito felizes, pois tudo aquilo que o nosso Plano de Pastoral nos orienta está também nesse grande evento da Igreja da América Latina e Caribe. Um aspecto que julgamos importante salientar é a missionariedade, tão caracterizada em Aparecida. Por isso, respondendo ao nosso próprio Plano e também ao “Documento de Aparecida”, como concretização do nosso trabalho rumo aos 400 anos do início da evangelização nestas terras, nasceu o projeto Belém em Missão.
Para o trabalho de Belém em Missão, todos os que trabalham com Missão aqui foram chamados para ajudar a elaborar o projeto e dar sua colaboração para que fosse um único projeto a nos unir em nosso trabalho diante de tantas opções que temos. Uma unidade na diversidade, porém com a nossa responsabilidade de trabalharmos com a mesma linguagem e os mesmo métodos, procurando nos adaptar a cada situação.
O documento de Aparecida fala de experiência de Deus, encontro com Cristo, alegria de ser cristão, que soa diferente nos ouvidos de muitos que não estão habituados com essas situações. Esses mesmos termos repetem as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, recentemente aprovadas por nós em Itaici. Para quem se fixou em métodos antiquados e não tem coragem de se abrir ao novo é claro que tudo ressoa como algo inovador e o medo volta a imperar nos corações, querendo voltar às seguranças antigas por caminhos já percorridos milhares de vezes diante do desconhecido em abrir caminhos novos nessa missão desafiadora que recebemos.
Passados alguns anos do Plano de Pastoral e um ano de Aparecida, vemos a necessidade de nos firmarmos na unidade de trabalho que nos conduzirá às respostas que tanto o nosso povo aguarda diante de sua sede e fome de Deus e de uma nova vida. Esquemas nascidos nos escritórios foram até importantes e interessantes, mas o tempo urge, e com a pressa que João Paulo II nos colocou em sua carta para o novo milênio, precisamos caminhar rapidamente, como a Virgem na Visitação, levando conosco Jesus Cristo e anunciando-O com nossas vidas através de nossa presença antes de tudo. Depois, continuando com os trabalhos que temos em nossas paróquias para os 10 (dez) por cento de católicos batizados que as freqüentam, criarmos novos trabalhos para ir ao encontro dos 90 (noventa) por cento que normalmente não a freqüentam.
Aí entra o primeiro anúncio, a pastoral da visitação, a rede de comunidades e as pastorais de fronteira como a da criança, do menor, do encarcerado, as sociais enfim.
Eis o nosso panorama, mas sem unidade efetiva e afetiva não iremos adiante! É gravíssimo sair da unidade da caminhada da Igreja e não querer caminhar junto. Eis o momento atual que queremos trabalhar nesse próximo Conselho Arquidiocesano de Pastoral, que confiamos à ação do Espírito Santo para que nos ilumine e conduza!
Uma bênção especial para todos.
Fonte: CNBB – por Dom Orani João Tempesta, O.Cist., arcebispo Metropolita