Formação

Cristo, Sacerdote e Bom Pastor, prolongado em sua Igreja

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1. O Bom Pastor

As diversas analogias empregadas por Jesus para indicar asua própria realidade (esposo, irmão, amigo…) podem se resumir naquela do BomPastor. Seu ser, seu agir e sua vivência correspondem a esta realidadeprofunda:

·  É o Bom Pastor. “Eusou o Bom Pastor” (João 10, 11). O eu sou, tão repetido no evangelho de João,indica o seu ser mais profundo de Filho de Deus que se fez homem, “ungido eenviado” pelo Pai (João 10, 36) e pelo Espírito Santo (Lucas 4, 18).

· Age como BomPastor: chama, guia, conduz a bons pastos, defende (João 10, 3ss), quer dizer,anuncia a Boa Nova, se aproxima de cada ser humano para caminhar com ele e parasalvá-lo integralmente.

· Vive profundamenteno estilo de vida do Bom Pastor, que conhece amando e que “dá a vida pelasovelhas” (João 10, 11ss), como doação sacrifical segundo a missão e mandatorecebido do Pai (João 10, 27-18.36).

As atitudes internas de Cristo Bom Pastor nascem de seu sere se expressam em sua ação comprometida. Sua interioridade (espírito ouespiritualidade) é o seu caminho ou vida de doação total:

· Amor ao Pai noEspírito Santo,

· Amor aos irmãos,

· Dando-se a si mesmoem sacrifício.

Cristo é o caminho e se faz protagonista do caminho humanocom a sua caridade de Bom Pastor:

· Não se pertence porque sua vida se realiza em plenaliberdade segundo os planos salvíficos do Pai (obediência),

· Dá-se a si mesmo,sem apoiar-se em nenhuma segurança humana, ainda que usando dos dons de Deuspara servir (pobreza),

· Ama responsavelmente como consorte da vida de cada pessoa,fazendo com que todo ser humano sinta-se amado e capacitado para amar emplenitude (virgindade).

2. Cristo Mediador, Sacerdote e Vítima.

Quando dizemos que Cristo é Sacerdote e Vítima, queremosindicar que é responsável dos interesses do Pai e protagonista da históriahumana, até fazer da sua própria vida uma doação total.

O ser e a existência de Cristo pertencem totalmente aosdesígnios salvíficos de Deus sobre o homem. Ele é “ungido e enviado” (Lucas 4,18; João 10, 36) para a redenção ou resgate do todos os homens (Marcos 10, 45;Mateus 20, 28).

O sacrifício sacerdotal de Cristo consiste em uma caridadepastoral permanente, que se traduz em uma obediência ao Pai, desde o momento daencarnação (Hebreus 10, 5-7) até a morte na cruz e a sua glorificação(Filipenses 2, 5-11).

Sua humilhação (Kenosis) na encarnação e na morte seconverte em glorificação sua e de toda humanidade nele.

O sacrifício de Cristo se realiza desde a encarnação e temseu ponto culminante no mistério pascal de sua morte e ressurreição. Assim levaà plenitude o sacerdócio e o sacrifício de todas as religiões naturais eparticularmente do Antigo Testamento.

Cristo é sacerdote,templo, altar e vítima como:

· Sacrifício da Páscoa (Êxodo 12, 1-30)

· Sacrifício da Aliança (Êxodo 24, 4-8)

· Sacrifício de propiciação ou de perdão e expiação(Levítico 16, 1-6).

Cristo se manifestaassim:

Com o seu ser sacerdotal de ungido e enviado, como Filho deDeus feito homem (Hebreus 5, 1-5),

Com o seu atuar ou função sacerdotal como responsável dointeresse de Deus e dos homens, até dar a vida em sacrifício por eles (Hebreus9, 11-15),

Com o seu estilo ou vivência sacerdotal de caridadepastoral, que, conjuntamente com o seu ser e atuar, lhe faz sacerdote perfeito,santo, eficaz e eterno (Hebreus 7, 1-28).

3. Jesus prolongado em sua Igreja, Povosacerdotal.

A Igreja é uma comunidade ou Povo sacerdotal, como templo deDeus, onde se faz presente e se oferece o sacrifício de Cristo pedra angular efundamento ( 1 Coríntios 1 ,10-16; 2Corintios 6, 16-18; Efésios 2, 14, 22; LGII). Na comunidade eclesial Cristo prolonga sua presença (Mateus 28, 20), suapalavra (Marcos 16, 15), seu sacrifício (Lucas 22, 19-20) e sua ação salvíficae pastoral (Mateus 28, 18; João 20, 23).

A Igreja, como sinal transparente e portador de Jesus e comoum povo sacerdotal:

– Anuncia o mistério pascal de sua morte e ressurreição,

– Celebra-o fazendo-o presente,

– Transmite-o e comunica-o a todos os homens (Atos 2,32-37;2,42-48; 4,32-34).

 Na igreja existe uma tríplice consagração sacerdotal que faz participardo sacerdócio de Cristo em grau e modo diverso:

– O sacramento do batismo, que incorpora a Cristo Sacerdotepara poder atuar no culto cristão participando em seu ser, agir e vivênciasacerdotal.

– O sacramento da confirmação que faz da vida um testemunhoaudaz (martírio), especialmente nos momentos de dificuldade (fortaleza), deperfeição e de apostolado.

– O sacramento da ordem que dá a capacidade de agir em nomee na pessoa de Cristo Cabeça, formando parte do sacerdócio ministerial(hierárquico) ou ministério apostólico dos apóstolos.

4.      O sacerdóciocomum de todo crente.

 O sacerdócio comumdos fiéis e de todo crente é o que corresponde basicamente a toda vocação eestado de vida, por ter recebido o batismo e a confirmação. Cada crente,segundo sua própria vocação a realizará basicamente em relação à eucaristia eao mandato do amor, mas com matizes diferentes:

De presidência na comunidade (sacerdócio ministerial),

De sinal forte ou estimulante da caridade (vida consagrada),

De inserção no mundo (laicato).

 A diferença entre asdiversas participações do sacerdócio de Cristo indica mútua relação de serviçoe de caridade sem diferença de privilégios ou vantagens humanas.

Podemos distinguir nesta participação do sacerdócio deCristo três aspectos: o ser, o agir e o estilo de vida.

Do ser deriva o agir e a exigência de uma vida santa.

Ainda que todos são membros do Povo de Deus (leigos),dedicados ao serviço de Deus (consagrados) e participantes do único sacerdóciode Cristo (sacerdotes) acostumamos a qualificar com estes títulos os cristãosque tem uma vocação peculiar de:

· Laicato: “aos leigos corresponde por vocação própria,tratar de obter o Reino de Deus” (LG 31). São, pois, fermento do espíritoevangélico nas estruturas humanas, a partir de dentro, em comunhão com a Igrejapara exercer uma missão própria (LG 36; AA 2-4; GS 43).

· Vida consagrada: é sinal forte das bem aventuranças e domandato do amor, a modo de “sinal e estímulo da caridade” (LG 42), por meio daprática permanente dos conselhos evangélicos (LG 43-44; PC 1). As pessoaschamadas a esta vocação “são um meio privilegiado de evangelização” porque“encarnam a Igreja desejosa de entregar-se ao radicalismo das bem aventuranças”(EN 69).

 

Sacerdócio ministerial: é sinal pessoal de Cristo Sacerdotee Bom Pastor, a modo de “instrumento vivo” (PO 12), para agir “em seu nome” (PO2) e servir na comunidade eclesial, como princípio de unidade de todas as suasvocações, ministérios e carismas (PO 6.9).

Fonte: Presbíteros

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