Edith Stein nasceu na cidadede Breslau, Alemanha, no dia 12 de outubro de 1891, em uma prósperafamília de judeus. Aos dois anos, ficou órfã do pai. A mãe e os irmãosmantiveram a situação financeira estável e a educaram dentro dareligião judaica.
Desde menina, Edith era brilhante nos estudos e mostrou fortedeterminação, caráter inabalável e muita obstinação. Na adolescência,viveu uma crise: abandonou a escola, as práticas religiosas e a crençaconsciente em Deus. Depois, terminou os estudos com graduação máxima,recebendo o título de doutora em fenomenologia, em 1916. A Alemanha sóconcedeu esse título a doze mulheres na última metade do século XX.
Em 1921, ela leu a autobiografia de santa Teresa d’Ávila. Tocadapela luz da fé, converteu-se e foi batizada em 1922. Mas a mãe e osirmãos nunca compreenderam ou aceitaram sua adesão ao catolicismo. Aexceção foi sua irmã Rosa, que se converteu e foi batizada no seio daIgreja, após a morte da mãe, em 1936.
Edith Stein começou a servir a Deus com seus talentos acadêmicos.Lecionou numa escola dominicana, foi conferencista em instituiçõescatólicas e finalizou como catedrática numa universidade alemã. Em1933, chegavam ao poder: Hitler e o partido nazista. Todos osprofessores não-arianos foram demitidos. Por recusar-se a sair do país,os superiores da Ordem do Carmelo a aceitaram como noviça. Em 1934,tomou o hábito das carmelitas e o nome religioso de Teresa Benedita daCruz. A sua família não compareceu à cerimônia.
Quatro anos depois, realizou sua profissão solene e perpétua,recebendo o definitivo hábito marrom das carmelitas. A perseguiçãonazista aos judeus alemães intensificou-se e Edith foi transferida parao Carmelo de Echt, na Holanda. Um ano depois, sua irmã Rosa foijuntar-se a ela nesse Carmelo holandês, pois desejava seguir a vidareligiosa. Foi aceita no convento, mas permaneceu como irmã leigacarmelita, não podendo professar os votos religiosos. O momento eradesfavorável aos judeus, mesmo para os convertidos cristãos.
A Segunda Guerra Mundial começou e a expansão nazista alastrou-sepela Europa e pelo mundo. A Holanda foi invadida e anexada ao ReichAlemão em 1941. A família de Edith Stein dispersou-se, alguns emigrarame outros desapareceram nos campos de concentração. Os superiores doCarmelo de Echt tentaram transferir Edith e Rosa para um outro, naSuíça, mas as autoridades civis de lá não facilitaram e a burocraciaarrastou-se indefinidamente.
Em julho de 1942, publicamente, os bispos holandeses emitiram suaposição formal contra os nazistas e em favor dos judeus. Hitlerconsiderou uma agressão da Igreja Católica local e revidou. Em agosto,dois oficiais nazistas levaram Edith e sua irmã do Carmelo de Echt. Nomesmo dia, outros duzentos e quarenta e dois judeus católicos foramdeportados para os campos de concentração, como represália do regimenazista à mensagem dos bispos holandeses. As duas irmãs foram levadasem um comboio de carga, junto com outras centenas de judeus e dezenasde convertidos, ao norte da Holanda, para o campo de Westerbork. Lá,Edith Stein, ou a "freira alemã", como a identificaram ossobreviventes, diferenciou-se muito dos outros prisioneiros que seentregaram ao desespero, lamentações ou prostração total. Ela procuravaconsolar os mais aflitos, levantar o ânimo dos abatidos e cuidar, domelhor modo possível, das crianças. Assim ela viveu alguns dias,suportando com doçura, paciência e conformidade a vontade de Deus, seuintenso sofrimento, e dos demais.
No dia 7 de agosto de 1942, Edith Stein, Rosa e centenas de homens,mulheres e crianças foram de trem para o campo de extermínio deAuschwitz-Birkenau. Dois dias depois, em 9 de agosto, foram mortas nacâmara de gás e tiveram seus corpos queimados.
A irmã carmelita Teresa Benedita da Cruz foi canonizada em Roma, em1998, pelo papa João Paulo II, que indicou sua festa para o dia de suamorte. A solenidade contou com a presença de personalidades ilustres,civis e religiosas, da Alemanha e da Holanda, além de algunssobreviventes dos campos de concentração que a conheceram e de váriosmembros da família Stein. No ano seguinte, o mesmo sumo pontíficedeclarou santa Edith Stein, "co-Padroeira da Europa", junto com santaBrígida e santa Catarina de Sena.