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Canonização: conceito e infalibilidade

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O que é uma canonização?

Denomina-se de canonização o ato pelaqual a Igreja declara que um determinado indivíduo praticou em sua vida terrenaas virtudes em grau heróico e alcançou a santidade. Ou seja, a Igreja quandocanoniza, declara que o indivíduo canonizado está no Céu e que pode intercederpor nós diante de Deus. “Por canonização (= consignação no cânon ou no catálogo)entende-se a sentença definitiva pela qual o Sumo Pontífice declara estar algumservo de Deus na glória celeste e prescreve, lhe seja conseqüentemente prestadapública veneração.”1

“Acolhendo esses sinais e a voz doSenhor com maior reverência e docilidade, a Sé Apostólica, desde temposimemoriais, pela importante missão que lhe foi concedida de ensinar, santificare governar o povo de Deus, propõe à imitação, veneração e invocação dos fiéishomens e mulheres que sobressaem pelo fulgor da caridade e das outras virtudesevangélicas, declarando-os Santos e Santas num ato solene de Canonização,depois de ter realizado as investigações oportunas.”2

O Processo de canonização mudou váriasvezes durante a história, mas sempre esteve presente no processo uma forma dereconhecimento através da Sé Romana.3

A canonização refere-se ao culto públicoe universal, diferente da beatificação, que refere-se ao culto público e local.

Canonização e Infalibilidade

São infalíveis as Canonizações? Ainfalibilidade das canonizações é aceita pela maioria dos teólogos ecanonistas, entre eles três Doutores da Igreja: Santo Antônio de Pádua, SãoRoberto Bellarmino e Santo Tomás de Aquino. Não há nenhum texto do Magistérioque seja favorável a tese de falibilidade das canonizações.

Podemos deduzir que as canonizações sãoinfalíveis devido ao fato de o culto público e universal de um santo serintimamente ligado às questões de fé, na qual a Igreja e o Papa são infalíveis.É este o parecer extremamente considerável de Santo Tomás de Aquino: “Dado quea honra que professamos aos santos é em certo sentido, uma profissão de fé,isto é, uma crença na glória dos santos, devemos piamente crer que, nesteassunto, também o juízo da Igreja está livre de erro.”

As canonizações também estão conectadascom a questão moral, como afirma D. Estevão Bettencourt: “Ora uma sentença decanonização toca a moral do povo cristão, pois propõe à veneração e à imitaçãodos fiéis uma pessoa que, não há dúvida, representa um ideal de doutrina e devida bem caracterizado. Não se pode conceber, pois, que o Sumo Pontífice, emdeclarações feitas solenemente ao orbe católico, não indique as pessoascorrespondentes a tal propósito, ou seja, autênticos santos […].”

Podemos ainda deduzir que ascanonizações são infalíveis ao observarmos as expressões comumente utilizadasnas Bulas de Canonização:

“[…] reunindo o consistório de nossosirmãos [os cardeais], e tendo obtido o consentimento deles, decretamos que oinscrevíamos no catálogo dos santos para a devida veneração. Estabelecemos quea Igreja universal celebre devotamente e com solenidade o seu nascimento para océu no dia 4 de outubro, o dia em que, livre do cárcere da carne, subiu aoReino celeste.”

Já nas beatificações, são comunsexpressões do tipo: “[…] com a nossa Autoridade Apostólica concedemos que oVenerável Servo de Deus Clemens August von Galen doravante possa ser chamadoBeato […]”

Vemos, portanto, que enquanto osdocumentos de beatificação expressam uma permissão, consentimento, concessão;os documentos de canonização expressam um mandato, uma prescrição, ordem.

Outro fator que devemos aqui consideraré o que diz respeito aos chamados fatos dogmáticos, que são fatos conectados àsverdades de fé: "No que se refere ás verdades em conexão com a revelaçãopor necessidade histórica, e que devem admitir-se de modo definitivo semcontudo poderem ser declaradas como divinamente reveladas, podem servir deexemplo a legitimidade de eleição do Sumo Pontífice ou da celebração de umConcílio Ecumênico, as canonizações dos santos (fatos dogmáticos)".

Quanto ao critério desta infalibilidadea maioria concorda que se refere a declarar infalivelmente que o indivíduocanonizado alcançou a Salvação.

Conceito católico de Santidade

A Igreja Católica ensina que a santidadeconsiste em viver na Graça de Deus: “Os seguidores de Cristo, chamados por Deuse justificados no Senhor Jesus, não por merecimento próprio mas pela vontade egraça de Deus, são feitos, pelo Baptismo da fé, verdadeiramente filhos eparticipantes da natureza divina e, por conseguinte, realmente santos. Énecessário, portanto, que, com o auxílio divino, conservem e aperfeiçoem,vivendo-a, esta santidade que receberam. O Apóstolo admoesta-os a que vivamacorro convém a santos» (Ef. 5,3), acorro eleitos e amados de Deus, se revistamde entranhas de misericórdia, benignidade, humildade, mansidão e paciência»(Col. 3,12) e alcancem os frutos do Espírito para a santificação (cfr. Gál.5,22; Rom. 6,22).”4

Consiste também em entregar-setotalmente para a Glória de Deus e a Salvação das almas: “É, pois, claro atodos, que os cristãos de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude davida cristã e à perfeição da caridade (123). Na própria sociedade terrena, estasantidade promove um modo de vida mais humano. Para alcançar esta perfeição,empreguem os fiéis as forças recebidas segundo a medida em que as dá Cristo, afim de que, seguindo as Suas pisadas e conformados à Sua imagem, obedecendo emtudo à vontade de Deus, se consagrem com toda a alma à glória do Senhor e aoserviço do próximo. Assim crescerá em frutos abundantes a santidade do Povo deDeus, como patentemente se manifesta na história da Igreja, com a vida detantos santos.”5 A Santidade é umchamado a todos os cristãos, e é possível através da Graça de Deus, das boasobras e da observância dos mandamentos.6

Este é o ensinamento que se encontra nonovo catecismo. Portanto mostra que é falso a afirmativa de que após o ConcílioVaticano II a Igreja tenha alterado o conceito de santidade.

Autor: Rafael Diehl


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