Formação

I Domingo do Advento ( Mt 24, 37-44) Parousia e Escatologia

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Pe Ignácio dos padres escolápios

 

 PAROUSIA:A palavra só aparece em Mateus no círculo evangélico, todas as vezes no capítulo 24, quando Jesus afirma que as edificações do templo que lhe mostravam seriam destruídas de modo a não ficar pedra sobre pedra. É então que lhe perguntam quando sucederá isso e qual o sinal de tua vinda [parousia] e do término do século [aion]. A pergunta foi mal interpretada de modo a ser o aion tomado como mundo.E assim foi traduzida por: qual será o sinal de tua vinda [gloriosa] e do fim do mundo. O texto grego diz literalmente synteleias tou aionos [= conclusão do século]. Por isso o que os discípulos pedem é quando virás e assim chegará o fim desta geração, desta época, na qual os romanos e os dirigentes judeus impediam Jesus de tomar posse de seu Reino (Mt 11, 12). Pois, enquanto o templo estivesse funcionando, os dirigentes dos judeus enfrentariam Jesus e impediriam o seu reinado. Confirma-se o dito pela pergunta feita nos outros dois evangelistas em que não vemos o fim do mundo mas o fim destas coisas que predizes (Mc 13, 4 e Lc 21, 7). As traduções modernas falam do fim do mundo(?Esp e It), do fim da história (?IN)o dos tempos(? F). A pior delas talvez seja a da Bíblia de Jerusalém: consumação dos tempos(sic em plural?), sem dúvida porque é bastante literal da tradução francesa. Vamos ver o significado das palavras gregas.

AION: é a palavra com que Mateus termina a pergunta dos discípulos. Seu significado é tempo ou período prolongado, como era [age em inglês]; por extensão sempre ou eterno e implicitamente pode significar o mundo. Em especial emprega-se para distinguir os dois períodos em relação ao momento messiânico, tanto o anterior como o posterior: é o nosso caso. Das 8 vezes que aparece em Mateus 7 vezes é traduzida por age [idade ou período de vida] diretamente em inglês e uma única por esta vida em 13, 22.

 SYNTELEIA: Completion em inglês que podemos traduzir por conclusão, acabamento muito melhor do que por fim, pois não é o termo final de tudo mas de uma época, como vemos na tradução da vulgata: consummationis saeculi, que mais do que término significa concluir inteiramente, acabar com perfeição uma obra ou um perído. Também o saeculum latino tem o significado de, além de tempo de cem anos, o de idade, vida e em plural gerações. Com isso vemos como as traduções atuais católicas adoecem de uma falta de crítica e dão uma idéia falsa da resposta de Jesus como sendo a profecia do fim do mundo. Mas falta a parousia. Porém antes de estudar este novo conceito vamos expor as idéias dos contemporâneos de Jesus sobre a escatologia, que na Teologia anterior ao Concílio chamávamos de Novíssimos.

ESCATOLOGÍA NO AT

Existem duas limitações nos livros sagrados do AT: a)A exceção do papel de honra ou desonra que acompanha o morto no Sheol, não existe prêmio ou castigo que diferencie bons de maus de modo explícito. Isto é feito na terra, durante a vida. b) Tendência em absorver o individuo na nação ou na descendência. Esta última receberia o castigo ou prêmio correspondente ao indivíduo (Ex 20, 5-6). Por isso a escatologia prevalente era a do povo e não a do individuo. Desta forma o reino messiânico era o reino escatológico do verdadeiro Israel com o triunfo do verdadeiro Deus e o estabelecimento de sua justiça. Isso tudo dava ocasião a uma epifania de Javé no seu atributo de juiz e soberano. A ressurreição dos mortos em Is 26, 19 e Dan 12,2 introduz o Dia do Senhor em que tanto judeus como gentios seriam julgados e haveria uma renovação da terra que mais do que uma aplicação à nova situação do cristianismo, apontava ao fim do mundo ou do universo. Com isso começava a nova era que propriamente seria um reino de Deus perfeito na terra, quando nós os cristãos só esperamos esse reino perfeito no céu, no termo deste universo atual. Finalmente nos salmos e em Job encontramos a esperança que assegura ao justo uma vida de bênçãos após a morte. Aqui encontramos um ardente desejo por uma eterna amizade com Deus, que é uma protesta clara contra o Sheol tradicional.( ver Sl 48 e Job 19,26-27). Segundo a tradução da vulgata em seu corpo ressuscitado ele verá Deus. A doutrina da ressurreição será peculiar nos profetas como Is 26, 19 e Dn 12, 2. Em Isaías a ressurreição pessoal dos justos e em Daniel a de todos, sendo que neste último, julgamento e ressurreição estão unidos ao Dia do Senhor. Nos últimos livros chamados deutero canônicos, como os Macabeos, até as orações e sacrifícios pelos defuntos são obras pias (2 Mac 11, 43). Nos apócrifos o Sheol é o lugar de espera pela ressurreição, sendo que este Sheol tinha diversos apartamentos ou divisões para bons e maus A moradas dos maus recebem o nome de Inferno, ou Hades. A morada dos bons o nome de Seio de Abraão. Finalmente Gehena.é o nome atribuído ao lugar dos malvados após a ressurreição, ou imediatamente após sua morte; e Paraíso é o lugar intermédio antes dos bons serem admitidos no céu, equivalente ao Seio de Abraão, ou melhor sua casa final de bem-aventurança com Deus no céu definitivo. O uso de Jesus destes termos indica a familiaridade com que os judeus contemporâneos os usavam.

ESCATOLOGIA NO NT

PAROUSIA: Do léxico de uma Bíblia moderna tomo a seguinte definição: Termo técnico para designar a vinda gloriosa de Jesus ao final da história humana. Esta definição é repetida em outro CD de uso mais vulgar. Porém a palavra tem vários significados: a) O etimológico [para ousia= estar junto] de simples presença,(ver 2 Co 10, 10: a presença[=parousia] pessoal de Paulo é fraca); podendo significar bens e vinda. (ver I Co 16, 17 :alegro-me com a vinda [parousia] de Fortunato]. b) Um segundo significado que poderíamos chamar de técnico ou administrativo-político como visita de personagens eminentes, reis ou imperadores a uma determinada região. Neste caso o personagem recebia homenagens, próprias de um deus ou salvador, com bens ou benefícios tão avultados que se iniciava assim nova era para a historia local. Tal foi o caso de Nero nas visitas a Corinto e Patras cuja comemoração foi feita com uma moeda com a inscrição Adventus Aug(usti) Cor(inthi). O adventus latino equivale à parousia grega. Assim é traduzida na vulgata a parousia grega. E Augustus era o sebastos grego ou seja adorável c)Da linguagem política o termo foi introduzido no vocabulário religioso, principalmente pelas religiões ditas de mistérios para significar a vinda solene da divindade através de ritos sagrados. d) A palavra é, em certo sentido, tomada como base para uma especial teologia católica, com base unicamente em Mateus no capítulo 24 ( versículos 3;27;37 e39 com o número de Sprong 3952) e nas epístolas dos apóstolos, como as paulinas (ver 1 Co 15, 20 e Tg 9, 7-8).O curioso do caso é que à parte do versículo 3, nas outras ocasiões Jesus usa sempre a palavra unida ao Filho do Homem, ou seja parousia do Filho do Homem. O Nosso autor afirma: A Primeira comunidade não distinguiu bem entre proximidade teológica e proximidade cronológica, pelo qual durante algum tempo esperou a parusia como algo iminente. Os modernos exegetas se dividem entre os que dizem que as palavras de Jesus frente ao templo se podiam entender perfeitamente sobre a destruição unicamente do templo e os que além dessa época referem as palavras de Jesus como a segunda vinda no fim da história. Somos da primeira opinião.

EPIFANIA: Também temos em grego uma outra palavra que substitui a parousia: epipháneia [manifestação ou advento, tanto passado como futuro]. a) Desta palavra sabemos que, na língua religiosa do tempo, significava a manifestação da divindade oculta que agora se apresentava de forma quer direta quer indireta, (como por meio de um portento). Do imperador Adriano se encontra uma moeda com a inscrição Epipháneia Augustou. Esta expressão foi adotada por Paulo em 2Ts 2, 8 como sendo a manifestação da parousia dele [do Senhor] e especialmente em 1 Tm 6, 14 que está evidentemente no lugar de parousia. b) A palavra atualmente na liturgia tem o significado de primeiro advento de Cristo tendo em vista a festa dos magos, como manifestação de sua divindade aos gentios.

APOCALIPSIS: Revelação ou manifestação. Como exemplo temos Lc 2, 32 revelação aos gentios. Rm 2 5 em que exorta a se preparar para o dia da ira da revelação do justo juízo de Deus frase que responde perfeitamente às expectativas de Mateus 24. Finalmente será 2 Ts 1, 7 quando do céu se manifestar o Senhor. Como vemos em Rm 2, 5 a manifestação está unida ao juízo e dia do Senhor.

DIA DO SENHOR: É uma expressão derivada do mundo judaico. O dia do julgamento tem como base mais primitiva Joel l4, 1-21, em que Javé comina todos os povos que lutaram contra seus eleitos para serem julgados no vale de Josafat [=Deus julga]. Na liturgia judaica, o primeiro dia do mês Tishri [setembre/outubro], considerado o Ano Novo, tomou o aspecto de dia anual de julgamento para toda a humanidade. Conforma a tradução religiosa em Rosh Hashaná, [cabeça do ano, em que segundo a tradição o mundo foi criado] ou Yom Hadim [dia do julgamento]o homem e os povos serão julgados, devendo os decretos serem finalmente selados no dia do Yom Jippur [dia da Expiação]. Paulo toma essa tradição para afirmar sobre o dia da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo (1 Co 1, 8). Lucas apresenta o dia do Filho do Homem vindo como um relâmpago.(17, 24). Esse dia será de condenação para os opositores de Cristo e dia de exaltação para os justos de qualquer tribo, povo língua e nação (Ap 5, 9).

 

A DÚVIDA: A que dia e hora se refere Jesus como o de sua vinda? Unicamente ao do fim da História humana, ou pode ser interpretado como o fim de uma época da mesma, especialmente do judaísmo como religião baseada no templo? Temos que interpretá-las como a história final ou como história temporal? A consumatio orbis [do orbe] ou a consumatio urbis [da urbe ou cidade]?Nos textos de Marcos (cap 13) e Lucas (cap 21) não há nada que sugira uma história final. A pergunta é sobre o templo e os sinais que precedem sua ruína. Dir-se-á que existem certos fenômenos tanto cósmicos como sociais ainda sem cumprir, como em Lc 20, 25-27 ou em Marcos 13, 24-27 que devem suceder segundo Marcos após a grande tribulação. Que todos verão o Filho do Homem [Jesus como soberano e juiz] sobre as nuvens do céu. Em Lucas temos uma passagem em que a vinda do Filho do homem está desvinculada da destruição de Jerusalém.e que responde a quando virá o Reino de Deus (17, 22-37), que tem seu paralelo em Mateus 13, 24-27. Podemos pois, afirmar que Mateus reuniu numa mesma redação dois momentos diferentes que Lucas distingue perfeitamente. Nos atrevemos, pois, a distinguir entre destruição de Jerusalém e Dia do Senhor que agora se transforma em dia do Filho do Homem. Sobre os fenômenos cósmicos e o comportamento social, comuns a Mateus, Lucas e Marcos, devemos dizer que são descrições de um gênero literário apocalíptico, em que as experiências [ou os fatos] estão cifradas e não reproduzem fatos históricos, mas são produtos de uma linguagem bíblica que não reflete exatamente uma realidade, mas uma profecia de calamidades. Ver Isaías 13, especialmente os versículos 10-16 sobre a queda de Babinônia. E não obstante, a ocupação foi uma entrada triunfal de Ciro no ano 539 o mais humano de todos os conquistadores. O pródromo [=mal-estar que precede uma doença] dos profetas é para indicar que na ação estava implicado o próprio Javé como causa cosmogônica e como vingador de condutas humanas detestáveis. Um autor, tão pouco heterodoxo como Tuya, afirma que não é necessária uma manifestação sensível e corporal de Cristo. Basta uma presença sua de ordem moral ou virtual. Daí que Jesus pudesse afirmar que há aqui presentes que não gostarão da morte antes de ter visto o Filho do Homem vir em seu Reino(Mt 16, 28). O qual evidentemente não se refere a uma visão sensível de Cristo(Mt 10, 23): Não terminareis de percorrer as cidades de Israel até que venha o Filho do homem. Diante do Sinédrio Jesus afirma: vereis de ora em diante o Filho do Homem sentado à direita do Poderoso vindo sobre as nuvens do céu. (Mt 26, 64).Tanto o grego como o latim usam palavras próprias para dizer que é de agora em diante [amodo e ap arti]. Com isso temos a solução: Desde sua morte Jesus inicia um reinado que substitui o nacional teocrático, tornando-se Senhor do novo Eon e sendo juiz dos vivos e dos mortos, como tal constituído por Deus (At 10, 42). Estevão dá a razão a Jesus muito antes da destruição de Jerusalém, quando viu os céus abertos e o Filho do Homem de pé à direita de Deus (At 7, 56). Conclusão: todos os capítulos 24, 13 e 20 sobre o que chamamos discurso escatológico podem ser interpretados como tendo em vista a destruição de Jerusalém.

NOTA: O dogma do juízo final após a consumação da História tem no NT outras passagens que não podem neste artigo ser avaliadas. (ver Mt19, 18). Uma outra consideração é sobre a ciência de Jesus que se considera limitada por sua condição humana, como ele mesmo diz por não saber o dia nem a hora; mas também predisposta ou determinada pela ciência do seu tempo que a restringia.

O FILHO DO HOMEM: A frase sai em 29 versículos em Mateus , 13 em Marcos, 24 em Lucas e 12 em João. Somente uma vez[na visão de Estevão] nos Atos e duas vezes no Apocalipse. Sempre que sai nos evangelhos é em lábios de Jesus, que a si mesmo se dá este título; representa sua natureza como indivíduo humano [não confundi-lo com pessoa] como era visto e ouvido por seus contemporâneos, mas que em muitos casos toma os poderes divinos, como Mt 25,31 quando venha o Filho do Homem em sua glória ou em 26, 64: vereis o Filho do Homem sentado à direita do Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu . Devemos entender isso das nuvens do céu como uma expressão de tipo apocalíptica que indica poder divino, uma metáfora, não uma realidade que resulta de uma interpretação fundamentalista. Assim o entendeu Caifás que exclamou: Blasfemou! Por isso as expressões de Mateuas 24 podem ser entendidas nesse sentido metafórico em que a participação divina nos acontecimentos de Jerusalém é representada por meio de imagens celestes que nem sempre correspondem a fatos reais mas são metáforas que devem ser corretamente interpretadas. Também podemos considerar que o capítulo 24 é um apanhado de Mateus entre o que Jesus falou frente ao templo desde o monte das Oliveiras e o que Ele falou em outras circunstâncias e que Lucas reproduz em outras ocasiões.

O TRECHO DE HOJE: Explicada a Parousia e seus conceitos derivados, vamos intentar interpretar os conceitos que encontramos no evangelho de hoje. Em primeiro lugar o evangelho fala do kataklismós que significa inundação ou enchente que no caso de Noé era o dilúvio. Logo lemos sobre o kiboton que é uma caixa de madeira ou arca; era o barco de Noé, tanto como a arca de Moisés. Os contemporâneos não conheciam a catástrofe [aí está a força do argumento] e por isso foram todos tomados de surpresa. Também vocês sereis, tomados de improviso. Essa é a primeira conclusão que Jesus toma como parcial para depois argumentar com a moral final da história. Mas temos também outra argumentação inicial que é a da escolha: Não todos morrerão mas haverá uma escolha, sendo que alguns serão salvos o que abre a esperança para a vigilância que é a conclusão final. Tanto no campo como na cidade, [o moinho de mão que usavam ao raiar do dia as mulheres], haverá quem morra mas também quem seja salvo. Devemos pois estar vigilantes.

O LADRÃO: Chama a atenção que o ladrão tenha que perfurar [diorisso] ou formar um túnel através das paredes da casa. Era o método comum na época assim como atualmente é o de arrombar as portas. Era mais fácil fazer um buraco em paredes de adobe que abrir uma porta grossa de chave volumosa, com uma chave mestra pequena que pudesse forçá-la. Nesta pequena parábola é o tempo desconhecido, o quando, que monopoliza a atenção.

EXPLICAÇÃO: O capítulo 24 início do chamado discurso escatológico (?) de Jesus, começa com a destruição do Templo. Tudo indica que com ele Jesus toma a iniciativa de ser ele o templo do Senhor [de Javé] na terra, como Senhor de um novo reino numa nova era ou Eón como dizem os modernos. De fato o evangelho não é um conjunto de normas ou dogmas mas se reduz a uma pessoa: Cristo, e a um sinal: a cruz. Onde estiver a cruz está o Senhor e a ele devemos serviço e adoração. Daí que Jesus reprove toda outra figura messiânica que não seja ele próprio(4-5). Ele virá imediatamente após a tribulação desses dias(29) para começar a reunir seus eleitos de toda a terra(31). Que entendemos por tribulação? Marcos fala sobre a grande devastação (13,24)que seguirá a Abominação da Desolação [bdelygma tes eremoseos] (Mt 24, 15 e Mc 13,14). Esta devastação é vista com o mesmo nome de eremosis em Lucas como sendo o cerco dos exércitos romanos (daí a abominação) a Jerusalém e a desolação [ou devastação] conseqüente à sua conquista. Devastação porque não ficará pedra sobre pedra e porque ao redor de Jerusalém as árvores foram taladas, de modo a devastar a região para formar máquinas para o assalto e cruzes para o castigo. A abominação está unida ao culto dos ídolos. Como vemos em Lc16, 15 em que o que os homens exaltam[adoram] é abominação diante de Deus. Ou os três textos do Apocalipse que são com o anterior os 4 únicos do NT em que bdelygma <946>aparece. Por isso lemos que (Roma)é a mãe das meretrizes e das abominações sobre a terra (apo 17,5). Sabemos como a idolatria é comparada à prostituição. É pois esse cerco que atua como sinal para a Parousia de Jesus( Mt 24, 33 e Lc 21, 27). É tempo de fuga para os que estão em Jerusalém( Mt 24, 16-21)e é tempo de libertação para os discípulos pois se inicia uma nova era ou Eón como dizem os modernos (lc 26, 28).

MORAL DA HISTÓRIA: A Parousia tem um significado etimológico como presença ou chegada. Mas em termos eclesiásticos ou cristológicos significa Advento glorioso de Cristo no fim dos tempos. Bem é verdade que também se admite uma segunda Parousia que foi o nascimento de Jesus em Belém e além disso, seguindo o sentido etimológico, podemos falar de pequenas Parousias ou atos de presença de Cristo como poder divino, atuante na História. Uma delas é a destruição de Jerusalém. As tropas romanas foram o instrumento para a libertação dos cristãos. Outra a batalha da ponte Milvio em que não faltou a cruz vista por Constantino e sas tropas. Outra seria a batalha de Lepanto no século XVI em que as forças cristãs destruíram a marinha turca de modo a se iniciar a derrota do império muçulmano. Uma outra nos tempos modernos quando o muro de Berlim foi derrubado iniciando-se a desaparição do Comunismo Russo. Em todas elas a presença divina foi notável e teve como resultado a libertação dos homens e valores evangélicos. Vigilância, [estoimos] ou melhor, estai preparados. E dá a razão: porque não sabeis nem o dia nem a hora. Jesus não dá uma resposta definitiva à pergunta de quando e só dirá que tudo passará antes de que acabe a sua geração[de 25 a 40 anos]. Conseqüentemente estamos vendo uma profecia de tempos já passados mas que terá repetidas atuações em sucessivas dificuldades nos tempos presentes. Por que Deus não se manifesta de modo mais notável como um milagre espetacular? A resposta é que o milagre não conquista e pelo contrário torna muito mais culpados os que o rejeitam. Jesus o disse de modo mais categórico: O milagre que espera esta geração será o sinal de Jonas: a sua ressurreição( de Jesus) após três dias no seio da terra(Mt 164) ou também que Nínive , pagã e pecadora se converteu, enquanto os judeus não souberam interpretar os sinais dos tempos.

PISTAS: 1) A vigilância: Lucas o explica em termos menos apocalípticos: Acautelai-vos por vós mesmos para que nunca vos suceda que o vosso coração fique sobrecarregado pela devassidão, pela embriaguez, pelas preocupações da vida e não se abata sobre vós repentinamente aquele dia. (21, 34). Por isso é necessário a vigilância e a oração (idem 36).

2) O que foi dito sobre um ato do passado, e em termos de coletividade, devemos repetí-lo sobre fatos futuros e individuais. Sabemos que a nossa Parousia particular é o dia da morte. Diante dessa certeza temos que recorrer à única preparação possível: Vigilância e oração, como temos visto em Lucas ou Paulo em Gl 5, 19-21.

EXEMPLO: Existe um mono muito apreciado por sua carne em determinado lugar da África e de difícil captura com os meios que possuem os nativos. Para isso encerram dentro de uma vasilha de boca estreita os frutos de que ele gosta mais, como pode ser amendoim. Á noite o animal encontra através de seu olfato o fruto apetecido. Introduz a mão e fecha a mesma com o fruto dentro. Intenta tirar a mão do pote mas ela está fechada e assim não pode sair. Para sac´-la deve abrir a mão, mas o macaco não quer largar o fruto Por isso na manhã seguinte ele é apanhado como literalmente se diz com a mão na botija. Somente alguns deles, levados pelo medo, largam o fruto e conseguem sair da arapuca. Assim acontece conosco. Queremos ter o fruto que esperamos dos prazeres da vida e quando chegam os momentos difíceis, doença, morte de seres queridos, ou deixamos esses prazeres como prioritários, ou a coisa não tem remédio. Seremos apanhados com as mãos na botija.

 


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