Formação

A própria vontade e a obediência perfeita

comshalom

(das Admoestações de São Francisco aos primeiros frades)
DO VÍCIO DA PRÓPRIA VONTADE

 Disse o Senhor a Adão: “Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal” (Gn 2,16-17).
 Podia, pois, Adão comer de toda árvore do paraíso e, enquanto nada fazia contra a obediência, não pecava.
 Come, porém, da árvore da ciência do bem e do mal aquele que reclama sua vontade como propriedade sua e se vangloria dos bens que o Senhor diz e opera nele.
Assim, atendendo às sugestões do demônio e transgredindo o mandamento, foi-lhe dado o pomo da ciência do mal. Por isso tem que suportar necessariamente o castigo.

DA OBEDIÊNCIA PEFEITA
 Diz o Senhor no Evangelho: “Quem não renuncia a todos os seus bens não pode ser meu discípulo” (Lc 14,33),
 e: “Quem quiser salvar sua alma, perdê-la-á” (Mt 16,25).
 Abandona tudo quanto possui e perde sua vida aquele que a si mesmo abandona inteiramente à obediência nas mãos do seu prelado.
 E tudo o que faz e diz, sabendo que não contraria a vontade dele, e sendo bom o que faz, é obediência verdadeira.
 E se acaso o súdito vê algo melhor e mais útil à sua alma do que aquilo que o prelado lhe ordena, sacrifique a Deus o seu conhecimento, se aplique com firmeza a cumprir as ordens do prelado,
 pois nisto é que consiste a verdadeira obediência feita com amor, que agrada a Deus e reverte a bem do próximo.
 Entretanto, se o prelado der ao súdito alguma ordem contrária à alma, este todavia não se separe dele, embora não lhe seja lícito obedecer-lhe.
 E se por esse motivo tiver de suportar perseguições da parte de alguém, que então o ame ainda mais por amor de Deus.
 Pois aquele que prefere aturar perseguições a querer ficar separado de seus irmãos, permanece verdadeiramente na perfeita obediência, porque “dá a sua vida pelos seus irmãos” (Jo 15,13). Há efetivamente muitos religiosos que, sob o pretexto de verem coisas preferíveis às que os prelados ordenam “olham para trás” (Lc 9,62) e “voltam ao vômito de sua vontade própria” (Pr 26,11). Esses tais são homicidas e, por seus exemplos funestos, causam a perdição de muitas almas.


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