Formação

Testemunhas da Ressureição

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O fato da ressurreição de Jesus, prova definitiva de sua divindade,foi registrada no Novo Testamento através das suas várias aparições aseus seguidores. Antes de sua ascensão ao céu, Cristo, realmente, deuprovas de que havia vencido a morte, deixando claro o seu objetivo:“Vós sereis testemunhas de tudo isso” (Lc 24,48).

Os apóstolos compreenderam perfeitamente a intenção do Redentor eSão Lucas registrou como aos seus discípulos “depois de sua paixão,deu-se a ver vivo, com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarentadias e falando das coisas do reino de Deus” (At 1,3). Seus epígonos nãoforam vítimas de ilusões ou de sua imaginação, mas, pelo contrário,foram progressivamente convencidos da realidade da ressurreição deJesus.

Houve necessidade de um trabalho pedagógico por parte de Cristo paraque seus corações fossem tomados por uma convicção inabalável e, destemodo, pudessem confirmar o que antes Ele já lhes havia anunciado. Porvezes, pensavam estar diante de um fantasma, tomados de susto ante oRessuscitado a lhes dizer: “Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo”!(Lc 24, 39) Tudo patenteia o valor imenso da fé na vitória de Jesussobre a morte, ressuscitando impassível ao terceiro dia conforme asEscrituras, fato de importância capital para o cristianismo.

A ressurreição de Jesus firma a doutrina bíblica de que eranecessário que Cristo morresse para que houvesse o perdão dos pecados.Nem sempre se compreende o motivo pelo qual o Pai, que é amor infinito(1Jo 4,8.16), exigiu que seu Filho dileto se sacrificasse pelo gênerohumano. No pensar de muitos Ele poderia simplesmente perdoar o pecadode Adão e Eva e todos os demais pecados.

O que se esquece é que muitos são os atributos divinos e um deles ésua santidade também sem limites (Sl 99,9;Is 57,15). Santo nas suasobras (Sl 145,17), Ele mesmo havia dito: “Eu sou o Senhor, vosso Deus.Vós vos santificareis e sereis santos, porque eu sou santo” (Lv 11,44).Os anjos em torno do trono de Deus cantam sem cessar: “Santo, santo,santo é o Senhor Deus do universo! A terra inteira proclama a suaglória!” (Is 6,3) É dentro desta realidade que se pode perceber que nãohouve conflito entre o amor e a justiça divina.

A santidade incomensurável de Deus manchada pela ofensa dos homens,exigiu uma reparação também sem limites. É a partir da santidade deDeus que a teologia da salvação ganha todo seu significado. A grandezade uma falta se mede pela dignidade da pessoa ofendida e o pecadohumano exigia uma resposta à altura da grandeza do Ser Supremo.

Na carta aos Romanos São Paulo desenvolveu estas verdades e mostrouque Deus não fechou os olhos à rebelião contra Ele e a justiça e amisericórdia se encontram em Cristo (Rm 3,22-24). Explicou: “O saláriodo pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus, é a vida eterna emCristo Jesus Nosso Senhor” (Rm 6,23). Insistia, pois, que “o Messiastinha de sofrer e ressuscitar dos mortos”. A morte e a resssurreição deJesus é o centro do plano divino para a salvação da humanidade. Eis porque, vencida a morte, o Redentor frisou esta sua vitória com suasaparições antes do retorno para junto do Pai.

Deste modo o tempo pascal não é um mero reconforto espiritual, masum profundo desafio. Não adaptar o cristão sua vida às implicações daPáscoa é um erro fatal. Aí está o motivo pelo qual Paulo conclamava osfiéis: “Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá doalto, onde Cristo está sentado à direita de Deus” (Cl 3,1).

A ressurreição de Jesus não é simplesmente uma questão decuriosidade histórica, mas um fato de conseqüências enormes para oscristãos. Com efeito, o Filho de Deus “mediante a ressurreição dosmortos” deve ser testemunhado, a fim de submeter à fé no seu nome todosos povos (Rm 1,4). Tal a missão de todo batizado: testemunhar com suavida a fé no divino Ressuscitado e na sua obra redentora.

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana de 1967 a 2008


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