Formação

A Revolução de Jesus

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Cardeal Geraldo Majella Agnelo

Asleituras bíblicas deste 6º domingo de Páscoa apresentam textosfundamentais para avaliar a revolução que Jesus trouxe no mundo.

Otexto do evangelho de João 15, 9-17 é o mais importante. Um momento deintimidade de Jesus com os apóstolos na última ceia. São João, um dosdoze, estava presente, foi testemunha, e recorda as verdadesrevolucionárias ouvidas de Jesus.

Jesusconfia-lhes que é amado pelo Pai com amor infinito. E lhes assegura:também ele ama seus apóstolos, os doze que escolheu, com o mesmo amorcom que é amado pelo Pai. Não somente, mas o amor de Jesus vai até odom da vida: “Ninguém tem amor maior do que dar sua vida pelos amigos”.

Oamor é exigente, sobretudo o de Deus, e Jesus faz aos apóstolos umpedido empenhativo: “Permanecei no meu amor”. Pede-lhes a fidelidade.Permanecer no amor de Cristo significa, antes de tudo, reconhecer todosas criaturas humanas como irmãos em Cristo: “Este é o meu mandamentoque vos ameis uns aos outros”. Na vida quotidiana produzir frutos debem: “Eu vos constitui para produzir fruto, e o vosso fruto permaneça”.

Énovo estilo de vida do cristão de relacionar-se com o próximo. E temefeito imprevisto: a alegria! “Isto vos disse para que a minha alegriaesteja em vós, e a vossa glória seja plena”. Alegria podemos dizerfestiva própria do domingo de Páscoa. Um escritor do século II, nacarta a Diogneto, assim descreve os cristãos no mundo: “O cristãos nãose diferenciam dos outros homens nem pela pátria nem pela língua nempor um gênero de vida especial. De fato, não moram em cidades próprias,nem usam linguagem peculiar, e a sua vida nada tem de extraordinário. Asua doutrina não procede da imaginação fantasista de espíritosexaltados, nem se apóia em qualquer teoria simplesmente humana, comotantas outras.

Moramem cidades gregas ou bárbaras, conforme as circunstâncias de cada um;seguem o costumes da terra, quer no modo de vestir, quer nos alimentosque tomam,          quer em outros usos; mas o seu modo de viver éadmirável e passa aos olhos de todos por um prodígio. Habitam em suaspátrias, como de passagem; têm tudo em comum como os outros cidadãos,mas tudo suportam como se não tivessem pátria. Todo país estrangeiro ésua pátria e toda pátria é para eles terra estrangeira. Casam-se comotoda gente e criam seus filhos, mas não rejeitam os recém-nascidos. Têmem comum a mesa, não o leito.

Sãode carne, porém não vivem segundo a carne. Moram na terra, mas suacidade é no céu. Obedecem às leis estabelecidas, mas com seu gênero devida superam as leis. Amam a todos e por todos são perseguidos. Sãocondenados sem os conhecerem; entregues à morte, dão a vida. Sãopobres, mas enriquecem a muitos; tudo lhes falta e vivem na abundância.São desprezados, mas no meio dos opróbrios enchem-se de glória;transparece o testemunho de sua justiça. Praticam o bem e sãocastigados como malfeitores; ao serem punidos, alegram-se como se lhesdessem a vida.”

Essemodo festivo de viver a amizade com Deus o compreendeu bem o escritormoderno Chesterton, um convertido, que escreveu: “A alegria é ogigantesco segredo do cristão”. Se somos sempre tristes, cheios debronca, brutalhões, podemos suspeitar que talvez não sejamosverdadeiros cristãos.

SãoJoão refletiu durante toda a sua vida sobre estas verdades. Na suaprimeira carta 4,7-10, nos propõe a mais profunda de suas intuições.Ele chega a dar de Deus uma nova definição, plenamente em harmonia como que Jesus havia revelado: “Deus é amor”. Definição simples, mas deextrema profundidade.

Osfilósofos antigos imaginavam Deus um ente perfeito, abstrato, todorazão, causa eficiente do mundo, origem de todas as coisas. Também osestudiosos de hoje, se crêem, olham as galáxias e as moléculas e sãolevados a pensar em Deus como um engenheiro, um arquiteto. Mas Deus-Paié revelação de Cristo. Deus-amor é a intuição de João, o discípulo queJesus amava.

Nocentro de tudo está Deus, Pai que nos ama e espera de nós resposta deamor. É fundamental. Diz João: “Quem não ama permanece na morte.” “Oamor é a asa que Deus deu ao homem para subir até ele” (MichelangeloBuonarotti). “Ao  entardecer da vida seremos julgados sobre o amor” (S.João da Cruz).


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