“Na sua atividade messiânica no meio de Israel, Cristo tornou-se incessantemente próximo do mundo do sofrimento humano. «Passou fazendo o bem»; e adotava este seu modo de procederem primeiro lugar para com os que sofriam e os que esperavam ajuda. Curava os doentes, consolava os aflitos, dava de comer aos famintos, libertava os homens da surdez, da cegueira, da lepra, do demônio e de diversas deficiências físicas; por três vezes, restituiu mesmo a vida aos mortos. Era sensível a toda a espécie de sofrimento humano, tanto do corpo como da alma.
Ao mesmo tempo ensinava; e no centro do seu ensino propôs as oito bem-aventuranças, que são dirigidas aos homens provados por diversos sofrimentos na vida temporal. Estes são os «pobres em espírito», «os aflitos», «os que têm fome e sede de justiça», «os perseguidos por causa da justiça», quando os injuriam, os perseguem e, mentindo, dizem toda a espécie de mal contra eles por causa de Cristo… É assim segundo São Mateus; e São Lucas menciona ainda explicitamente aqueles que agora têm fome “Salvifici doloris).
Oferta total
A proximidade com Cristo do sofrimento humano eleva o mais alto grau da cruz: do que era um lugar maldito e temível por todos, passou a ser desejado por todos os santos, a ponto de darem as suas vidas por tão querido lugar. Eis a grande revira volta da oferta de Cristo na Cruz, transformando o ódio do homem na mais bela oportunidade de descobrir o amor: sim, é na cruz que encontramos o significado mais profundo do amor.
Jesus dá ao sofrimento o seu definitivo valor: o salvífico! A cruz não é uma teoria nem um discurso, mas o próprio encontro de Deus com o sofrimento do homem. Tem assim um caráter de horror e belo: desespero pela morte do inocente e belo porque o sofrimento de Cristo já é a vitória.
Por que existe o sofrimento?
Por que a cruz deve ser exaltada? Exaltar a cruz seria uma forma de apologia ao sofrimento, ou seja, uma marca de acomodação e insensibilidade ao sofrimento do homem? Por que o homem sofre?
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Todo o homem tem uma sua participação na Redenção. E cada um dos homens é também chamado a participar naquele sofrimento, por meio do qual se realizou a Redenção; é chamado a participar naquele sofrimento, por meio do qual foi redimido também todo o sofrimento humano. Realizando a Redenção mediante o sofrimento, Cristo elevou ao mesmo tempo o sofrimento humano ao nível de Redenção. Por isso, todos os homens, com o seu sofrimento, se podem tornar também participantes do sofrimento redentor de Cristo.
Por isso, na Cruz aprendemos a ser humildes e amar no seu sentido mais pleno: Amar como Cristo nos amou! Por isso a cruz deve ser exaltada, pois só nos unindo na cruz vamos ser quem Deus verdadeiramente assim quis, ou seja, viver a nossa condição plena de homens: Participantes da redenção de Cristo – livres do domínio do pecado e responsáveis pela obra de amor em toda a humanidade. “
“Jesus nunca deixa de ensinar a seus discípulos que para ingressar na glória deve Ele padecer muito, ser rechaçado, condenado e crucificado, pois o sofrimento é parte integrante de sua missão” (Papa Emérito Bento XVI).
Formação: Setembro/2009