 |
Pedro Henrique
No início do século XXI pode-se perceber cada vez mais uma crescente violência que atinge a todos os níveis das instâncias sociais, não só no nosso país, mas nas mais variadas regiões do mundo. É comum, hoje, nos utilizarmos de proteção de grades, sistemas de alarme, de carros blindados, enfim, de todos os meios e formas modernos de proteção, numa tentativa quase desesperada de escaparmos da violência desregrada que atinge a todos.
Ademais, a tudo isso acrescentem-se as drogas, a prostituição masculina e feminina, a corrupção desenfreada, os golpes audaciosos de quadrilhas organizadas a colocar o cidadão a mercê de violentas atitudes que o desnorteiam, a ponto de por vezes de levá-lo à morte precoce e violenta.
Para os cristãos, aqueles que buscam seguir a Cristo Jesus, para os consagrados ou que caminham com vista a uma futura consagração a Deus, esses fatos todos nos põem a pensar, a revisar e redefinir conceitos e, em certos casos, até mesmo a interrogar ao nosso Deus, indagando sobre que trajetória percorrer, que atitudes tomar.
Vivemos mais do que nunca numa sociedade profundamente consumista, em que apenas uma pequena parcela das populações têm acesso aos bens sofisticados que o desenvolvimento e o progresso produzem. É o chamado capitalismo mais e mais voraz, inclusive despontando cada vez com mais força a globalização que não respeita os valores regionais e locais, induzindo a uma aculturação de costumes e valores que se chocam com as culturas locais já sedimentadas, atingindo grandes e pequenas cidades e até mesmo os rincões mais distantes do planeta.
São os meios de comunicação, notadamente a televisão, transmitindo aos incautos cidadãos valores errôneos, com a vulgarização do sexo, na banalização das relações familiares, tudo a afetar aquilo que o homem tem de mais nobre que é o respeito a si mesmo e àqueles que com ele interagem.
Para nós que buscamos a Deus e procuramos fazer e realizar a Sua vontade, ficamos perplexos e atônitos diante dessa difícil realidade.
Mas não nos podemos render diante da aparente vitória do inimigo. Ele já está derrotado pelo precioso sangue de Jesus derramado na cruz. Como nos diz São Paulo "vigiai e orai"; sim, recorramos à oração, ao invés de murmurarmos e ficarmos impassíveis diante desse aparente caos. Mergulhemos no coração do Senhor, busquemos, através dessa maior intimidade com Deus, ou através do jejum, da penitência, da intercessão, encontrar discernimento e sabedoria de como poderemos reverter essa situação. Trava-se uma verdadeira batalha espiritual. Deus já é vencedor, utilizemo-nos de Suas armas santas. Assim, seremos iluminados acerca do nosso contributo nesse tempo de violência, de injustiça e de pecado.
É imperioso que procuremos a vontade de Deus para as nossas vidas, no direcionamento que devemos oferecer àqueles que recorrem a nós em busca de respostas nesses tempos maus. Somente em Deus encontraremos lenitivo seguro para as angústias de nosso tempo. E essa busca se realiza através da oração, do encontro de nosso coração fragilizado com o coração Santo e Perfeito de Deus. É Nele, através Dele e por Ele que o Espírito Santo revelará para nós a sabedoria do Alto. Revestidos do poder de Deus seremos testemunhas do amor, da paz, da concórdia mesmo em um mundo agitado pelas guerras, pela discórdia e pela divisão.
É no trabalho individual, quase imperceptível de levar o Shalom do Pai aos corações, de levar a Palavra de Deus que edifica, que exorta e que cura, que iniciaremos nosso trabalho de reação do Povo de Deus. Somente em Jesus encontraremos esperança de um mundo mais justo e equânime, porque somente o Cristo Senhor é o Caminho, a Verdade e a Vida.
Tomemos as palavras de Isaías quando nos diz que "após suportar em sua pessoa os tormentos, alegrar-se-á de O conhecer até ao enlevo. O Justo, meu Servo, justificará a muitos homens, e tomará sobre si suas iniqüidades. Eis porque lhe dará parte com os grandes, e Ele dividirá a presa com os poderosos, porque Ele próprio deu Sua vida, e deixou-a colocar entre os criminosos, tomando sobre si os pecados de muitos homens, e intercedendo pelos culpados". (Is. 53, 11-12)
A resposta para a violência, para o medo e a opressão que hodiernamente vivenciamos está em nos colocarmos nas mãos santas e ungidas de Jesus Cristo. Ele é a resposta para os desafios que o homem tem vivido ao longo dos tempos. É uma resposta que nunca envelhece, que se renova e se apresenta como a solução para a humanidade que sofre. Sofre à falta de Deus em suas vidas. Sofre por olhar para as promessas e seduções vãs que o mundo a cada instante oferece. Podemos participar de todo o progresso da humanidade, mas centrando a nossa vida no Senhor Jesus.
Lembremo-nos da passagem do Evangelho de São Marcos em que Jesus caminhando sobre o mar dirigia-se ao barco onde os apóstolos se encontravam. Estes nele viam como se fosse um fantasma e começaram a gritar. Jesus, no entanto, logo lhes falou e acalmou o coração perturbado, dizendo: "Tranqüilizai-vos, Sou Eu, não vos assustei!" E subiu para a barca, junto deles, e o vento cessou". (Mc. 6, 49-51).
Assim deve ser o nosso comportamento diante dos desafios do mundo de violência e de injustiças que nos rodeiam. Deixemos que Jesus se aproxime do barco de nossas vidas, agitado pelas intempéries, a fim de que Ele dele se assenhorei. É Jesus, e somente Ele, quem vem nos acalmar, gerar em nós paz e esperança. É o Senhor que faz amainar as tempestades que assolam a sociedade de hoje. É Ele quem primeiro nos dar o exemplo de servir, de testemunhar o amor, para que o amor possa prevalecer, e Nele sermos vitoriosos!
