Dom Aloísio Roque Oppermann
Opapa esteve na República Checa, entre 26 e 28 de setembro deste ano de2009. Esse país é o mais agnóstico do mundo (uns 60 % da população).Mas isso não impediu de Bento XVI pronunciar notável palestra naUniversidade de Praga (com casa cheia), em atitude de total respeito dopúblico, e com abertura intelectual de mestres e alunos. Falouabertamente sobre o sentido antropológico da fé em Deus, e do retornoàs raízes cristãs do povo checo. O comunismo educou várias gerações noagnosticismo. Pode-se dizer que esse encontro do Papa foium sucesso. Mas ato contínuo, um prêmio Nobel de literatura, europeu,insultou Sua Santidade, exatamente por demonstrar o grande sentido devida, que a fé num Deus Criador imprime. Este, diferente dos checos(que são agnósticos em busca de devassar o mistério divino), é ummilitante ateu. Supera até o marquês de Pombal em intençõesanti-eclesiais. É bom saber que nenhum ateu militanteaceita a metafísica. É como discutir a cor de uma árvore, dizendo que ocritério da vista não vale.
Tenhoobservado, repetidas vezes, uma grande violência de palavras por partede militantes do ateísmo. Pode ser que os pensadores tranqüilos doateísmo existam. Mas eu não tenho experiência disso. O que costumaacontecer, é que eles, antes de tudo, insultem a inteligência dos seuscontendores. Nas palavras deles, os únicos inteligentes ficam do seulado. Os outros são mentecaptos, idiotas, iludidos, e de baixo Q.I. Osegundo gesto costumeiro é o insulto público, a ponto de assustar, efazer tremer a vítima até as bases. O que se quer com essas duasatitudes ( desclassificar os adversários e assusta-los)? É impedir odiálogo. É calar, envergonhados, todos os que tem outro ponto de vistae querer silencia-los para sempre. Numa briga doméstica se costumadizer que aqueles que mais gritam, são os que tem menos razão. Ateologia cristã concorda em dialogar com os que não aceitam um SerSuperior, que sempre existiu. Mas não se pode aceitar os argumentos dequem se refugia em teorias complicadíssimas, e não aceita as razões dobom senso. “As perfeições de Deus podem ser contempladas, pelainteligência, nas obras que realizou” (At 1, 20).