Formação

Por que cresce o ateísmo?

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Dom Aloísio Roque Oppermann

Apesarde já ter lido muito, e de ter vasculhado inúmeras obras escritas porateus militantes, em suas fileiras não me lembro de ter encontrado um autorhumilde, desconfiado de suas luzes. Vi muita convicção, às vezesbeirando à arrogância, e uma disposição leniente para se abrir àverdade. Tais pessoas abertas à verdade certamente existem, mas até o momento estão fora do meu horizonte de conhecimento. Comcerteza, não será o Saramago… Certa feita me doaram – com a maior boafé – um livro sobre Jesus Cristo. Quando me dei ao trabalho de ler ocalhamaço (eram mais de 700 páginas), descobri que se tratava de escritor (?) francês, em aberta diatribe contra a pessoa de Jesus. Confessoque os argumentos que o tal filho de Deus apresentou contra o Salvador,eram fraquíssimos. Verdadeira construção sem armação. O argumento maisforte que ele sacou contra Jesus, foi o de afirmar que a obra de Cristoera bonita demais para ser verdadeira. Como se perdoar aos inimigos efazer o bem ao semelhante fosse assim tão fácil.

Quero relatar aos meus amigos, um fato simples, massintomático. Mostra a militância pouco inteligente, e ao mesmo tempodevastadora, que se levanta contra a fé do nosso povo, sobre aexistência de um Ser Supremo. Origem dessa pertinaz campanha? O homem moderno considera a Deus como um rival, e não como um amigo, um estimulador de grandes iniciativas. A descoberta da subjetividade nos tempos modernos, coloca um falso dilema: ou eu, ou Deus. Se dou espaço à divindade, a minha autoestima está destruída. É o equívoco máximo.Umadolescente de rua, ao passar em frente à catedral de Uberaba,reconhecendo-me, veio correndo ao meu encontro, e com ar de grandeesperteza perguntou-me: “sr. Bispo, quem é que criou a Deus”?Respondi-lhe que Deus não pode ser criado por ninguém. Se fosse, esseoutro que o tivesse feito, seria o verdadeiro Deus. O jovem ficousurpreso com a minha resposta. Na verdade, repugna à mente humana,repetir o mesmo esquema ao infinito: um Deus que tivesse sido criadopor outro, e este por sua vez teria sido criado por mais um outro, eassim sucessivamente até o infinito. Precisamos reconhecer que algo nãoteve começo, mas sempre existiu, porque um ser só pode agir depois dejá ter existência. A matéria é impossível de ser eterna, porqueo universo só pode ter começado de 14 bilhões de anos para cá. O SerSupremo é o único que pode ter existido sempre, porque Ele vive (é)fora do tempo. Ele é um perpétuo agora. É o único Ser necessário. Osoutros podem existir ou não. O tempo só começou com a criação. Hoje seapresenta como tese do aparecimento do universo a “grande explosão”(big bang), da qual se teriam originado todas as realidades do cosmos.Nós podemos aceitar essa explicação evolucionista, contanto quedeixemos espaço para a iniciativa poderosa do Criador. A nossa fé aceita a Escritura quando diz: “O Senhor é o formador de todas as coisas” (Jer 10, 16).


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