Formação

A lógica do mundo

comshalom

Era um dia de sábado dos judeus. Jesus foi comer na casa deum dos chefes dos fariseus (Lucas 14, 1.7-14). Jesus acenou ao banqueteescatológico do Reino. Seu gesto está estruturado no modo seguinte: cura umhomem enfermo, trata do serviço inter humano e faz ver que o banquete de Deus éum dom oferecido gratuitamente aos mais abandonados da terra. É comum em todosesses casos considerar a verdadeira existência como um dom que se recebe e quese oferece aos outros.

 O dom do reino, concedido inicialmente ao enfermo, culminana plenitude do banquete escatológico e se traduz numa atitude ou forma deexistência. Tal é a mensagem contida em nosso texto. Negativamente esta atitudese define em provas de verdadeira humildade: não se pode nunca pretender ocuparo primeiro lugar ou de ser honrado mais que os outros. A vida verdadeira não seadquire ganhando uma simples honra, nem o homem é grande pelo fato que procuraa grandeza. A vida se adquire no serviço em favor dos outros; a verdadeiragrandeza é sempre um efeito ou uma expressão do dom que se oferece aos outros eque se recebe dos outros.

 Mas é mais importante formular o aspecto positivo doproblema. Sabemos, pela história e pela experiência, que o homem é um sujeitoativo: estabelece relações com os outros, ajuda-os e depende dos outros na suavida. Jesus acrescenta que, na festa da Vida, a lei definitiva não pode serjamais a troca: “Dou-te porque me dês, convido-te esperando de ser convidado;ajudo-te porque prevejo que um dia serei ajudado”. Essa atitude transforma omundo em um negócio. O mundo de Jesus é ao invés centrado no amor que oferecelivremente e não é uma espécie de negócio.

 Jesus precisa: convide aqueles que não poderão jamaisretribuir o favor, ajude o pobre, oferece o que tens sem pensar em qualquer recompensa.Quando agires desse modo, terás a impressão de ter perdido alguma coisa, masestarás criando em torno de ti uma imagem, um sinal, um prelúdio do reinodecisivo que é o dom de Deus que cura, um dom de Deus que oferece tudo que temaos deserdados deste mundo. É possível que os homens que se movem sobre o planomercantil digam que somos loucos; dirão talvez que sejamos brincalhões que nãosabemos viver com os pés em terra firme. Cristo, porém, nos assegura que nossogesto traz a verdade do reino de Deus que não tem fim.

 Jesus revolucionou a lógica do agir humano, dos primeiroslugares, do intercâmbio interesseiro. A sua lógica é paradoxal, revoluciona osvalores em que acreditamos. “O mundo só não tem inveja do último lugar”, diziaS.Teresa de Lisieux.

 Mas é a lógica do Reino. Os apóstolos a viveram e também agente simples crescida na escola de Jesus, e tornada fundamento da Igreja.Viveram-na os primeiros cristãos: viviam o amor de tal modo que diziam ospagãos: “Vede como se querem bem” e isso os atraia.

 A lógica de Jesus tem atraído os missionários, asassociações de voluntariado que sededicam aos pobres, aos deficientes, aos anciãos, aos drogados. Lembramo-nos detantos bravos cristãos que dão uma mão em nossas paróquias.

 A lógica de Jesus encontra também aplicação na famíliacristã. Querer-se bem e ajudar-se, também custa. O divórcio, o ir-se embora, éa solução fácil, mas não é a solução cristã para os filhos acolhidos como domde Deus, protegidos, ajudados a crescer.

 Em tudo que Jesus nos ensinou ele deu o exemplo de humildadee de coerência no seu ensinamento. O Verbo de Deus, amor infinito, se fezhomem: a encarnação é um rebaixamento impressionante, é quase um aniquilamento.Ele acolheu em torno de si não os ricos e poderosos, mas os pobres, os últimos,os pecadores. Ele se pôs a serviço de seus irmãos. Dizia a seus discípulos:“Estou no meio de vós como um que serve”. Na Última Ceia lavou os pés dosapóstolos. Não somente Jesus escolheu o último lugar, mas aceitou a prisão, aderrota aparente. Entregou-se nas mãos dos homens, sabemos o fim que lhe deram.

 A lição de Jesus, tão difícil: felizmente não falta no mundogente disposta a arregaçar as mangas e consagrar-se a viver o seu exemplo. OEspírito de amor salvará o mundo.


Comentários

Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião da Comunidade Shalom. É proibido inserir comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem os direitos dos outros. Os editores podem retirar sem aviso prévio os comentários que não cumprirem os critérios estabelecidos neste aviso ou que estejam fora do tema.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.

O seu endereço de e-mail não será publicado.