Cristo, em seu Evangelho, nos fala sobre como somos luz para este mundo e como devemos assumir, corajosa e abertamente, a nossa missão de iluminar as trevas com as nossas boas obras: “Vós sois a luz do mundo. Não se acende uma lâmpada e se coloca debaixo do alqueire, mas na luminária, e assim ela brilha para todos os que estão na casa. Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante do mundo, para que, vendo as vossas boas obras, eles glorifiquem vosso Pai que está nos Céus.” (Mt 5,14-16)
Se olharmos para o mundo de hoje, perceberemos com muita facilidade várias trevas que precisam ser alcançadas pela nossa luz, pela luz de Cristo que resplandece através de nós. As trevas da corrupção, que precisam ser iluminadas pela luz da nossa justiça e honestidade. A escuridão da sensualidade, que deve ser dissipada pela claridade da nossa castidade, provada em nosso vestir e nas nossas brincadeiras, e assim por diante. Cada sombra do mundo ao nosso redor deve ser iluminada por Cristo por meio da nossa vida de santidade e virtude.
Uma treva em particular, muito densa e que cresce bastante nos dias de hoje, e que precisa também da nossa claridade para frear a sua expansão é a do individualismo e da indiferença ao outro. Como cada um de nossa sociedade tem se fechado mais e mais em si mesmos, em suas vidas, em seus computadores, em seus apartamentos ou casas, e não olham o outro ao seu redor! E não penso só no outro-necessitado, na rua ou em tantos outros lugares esquecidos. Quantos de nós conhecemos nossos vizinhos? Quantos não ignoramos os problemas de nosso colega de trabalho, de nosso irmão de grupo de oração ou mesmo de sangue. Quando foi a última vez que ligamos para alguém sem nenhum interesse particular, simplesmente para perguntar: como é que você está?
Como, então, vencemos essas trevas? Com a nossa caridade e com o amor fraterno.
É impressionante como a vivência da caridade tem o poder de atrair as pessoas para Deus. Tertuliano já testemunhava que a caridade dos primeiros cristãos chamava a atenção dos pagãos, levando-os a exclamar: “vede como eles se amam mutuamente!” São inúmeros os testemunhos que já escutei de pessoas que se sentiram questionadas ao verem a vida fraterna na nossa Comunidade. Coisas que para nós são tão cotidianas, como exaltar as virtudes de um irmão, homenageá-lo em seu aniversário com cartazes e apresentações, levar um lanche no quarto de um irmão enfermo ou conversar animadamente à mesa do almoço, tornam-se fonte de luz e levantam interrogações salutares naqueles que, de alguma forma, estão inseridos na escuridão dessa indiferença ao outro.
É nessa simplicidade que vivemos a nossa missão de sermos luz no mundo. No dia a dia, esforçando-nos para darmos passos na vivência das virtudes, vivendo a santidade de cada dia. Não buscando grandes feitos, mas escondendo-se nas pequenas obras. Assim seremos canais da caridade e amor de Cristo pelo homem e deixaremos que a Luz e bondade de Deus, que ilumina e enche a face da terra (cf. Sl 32,5), brilhe também sobre a face daquele que está ao nosso lado, o nosso próximo (cf. Lc 10,37).
Formação 2013