Para esse dia tão especial que estamos vivendo, dia em que o Senhor ofertou-se ao Pai em nosso lugar na Cruz, resolvi escrever algo que vinha ao meu coração nos últimos dias da Quaresma. A Cruz, a força que emana da Cruz do Senhor. Confesso que desde o momento da minha experiência pessoal com Jesus, isso lá no meu seminário de vida no Espírito, tenho tido uma admiração que aumenta a cada dia pela Cruz do Senhor.
Quando falo de Cruz não me refiro ao objeto e sim ao que aconteceu há mais de dois mil anos atrás e que hoje é atualizado em nossas vidas. Falo do Sacrifício do Filho único do Pai no lenho da Cruz. Falo da maior prova de amor que o Senhor nos deu. Falo da vitória de Jesus sobre todo o mal, sobre todo e qualquer pecado. Falo da vitória do amor sobre o desamor, sobre o ódio e tudo que nos afasta da nossa verdadeira felicidade que é Deus.
A Cruz nos desafia a desprender-nos de nosso apego ao “Eu” e nos arrancar do constante giro em torno de nós mesmos, para sermos solidários com todos os seres humanos. Quando estendemos nossos braços no gesto da Cruz, sentimos essa abertura e solidariedade. Não nos guardamos para nós mesmos, permitimos que as outras pessoas se aproximem de nós, aceitamos que nos atinjam e nos machuquem. No gesto da Cruz estamos desprotegidos.
Diante da morte de Jesus na Cruz, precisamos refletir constantemente sobre os rastros que queremos imprimir a este mundo, rastros de amor ou de ódio, rastros de misericórdia ou de brutalidade, indiferença, rastros de cuidados ou de dispersão. Os madeiros transversais da Cruz mostram que nossa vida se estende para dentro do âmbito de vida de outras pessoas.
A Cruz é a marca eterna que Deus imprimiu neste mundo, para mostrar a todos os seres humanos que o amor de Deus vence todo ódio, que a força de Deus é mais forte do que todo poder humano que tem constantemente a pretenção de ser a autoridade última. Quando o mundo fica abandonado a si mesmo, ele tem a tendência de comportar-se como se fosse absoluto, de tornar-se brutal e cruel. A Cruz quer nos lembrar de que a presença amorosa e sanadora de Deus nos cerca por todas as partes, que não estamos abandonados e entregues a nós mesmos e a pessoas que querem exercer seu poder sobre nós, mas que podemos experimentar em meio ao mundo secularizado o amor de Deus.
A Cruz é simultaneamente um símbolo de que estamos sob a proteção de um Deus que é amor e cuida de nós a cada instante de nossa vida. A Cruz nos mostra que estamos sob a proteção de Deus, que Deus coloca sobre nós suas mãos que abençoam e que nos renovam a cada momento.
Nesse dia onde o mundo para diante da Cruz de Cristo, vamos meditar e deixar que essa força tão potente que emana da Cruz possa nos transformar. Possa nos converter, mudar os rumos do nosso coração. Paremos, contemplemos e adoremos o Crucificado que está suspenso no madeiro. Ele é o motivo da nossa esperança. Nele, somente nele, colocamos a nossa confiança.
Vanilton Lima – Comunidade Católica Shalom