Irei testemunhar um pouco sobre o tão temidoano do vestibular, que é, geralmente, um período bastante complicado na vida dosjovens e de seus familiares devido à pressão que a sociedade coloca sobre osvestibulandos.
Em fevereiro de 2010, cursando o terceiro anodo ensino médio, pude começar a preparação para o vestibular, já que, desdecriança, pretendia me formar em medicina. No início do ano, comecei a me preocupar bastantecom aquilo que as pessoas falavam acerca do terceiro ano, ainda mais quando eudizia que queria fazer medicina. Além disso, faço parte do Projeto Juventudepara Jesus e lá participo de um grupo de oração e sirvo também no ministério deCrisma, ocupando parte do meu tempo com essas atividades. Então, uma das coisasque mais incomodava meu coração era o medo de me afastar dos caminhos de Deus ecomo conciliar os estudos em casa e as aulas no colégio com os retiros, o serviçoaos sábados, o grupo de oração, a oração pessoal e a convivência familiar e commeus amigos.
No início, achava que nada daria certo, masDeus foi me dando maior confiança nele e em mim. Pude perceber quese colocasse Deus no centro de tudo, as outras coisas tomariam seus devidoslugares. No começo, também fui percebendo que aquele era o ano no qual maisdeveria confiar no Senhor, abraçando toda dificuldade.
Os dias foram passando e assim eu tentavaseguir minha rotina: acordando bem cedo para estudar e, em seguida, rezar.Então, almoçava e ia para o colégio à tarde. Em vários dias, tive aula até novee meia da noite, o que me impedia, em algumas quartas-feiras, de ir aoministério. Ter que, em diversos momentos, abdicar dessas reuniões me deixavainquieto, mas eu percebia que também era necessário. Nos fins de semana, pelatarde, ia ao grupo de oração e à Crisma, encontrando lá, muitas vezes, umrefúgio e uma grande alegria depois de uma semana muito corrida.
Ao longo do ano, quando chegava ao colégio eencontrava alguns amigos de classe dizendo que estudavam de seis a sete horaspor dia, ficava preocupado, já que isso não acontecia comigo. Em contrapartida,minha família era um apoio para mim, estando sempre ao meu lado, deixando-metranquilo e não me pressionando.
Desse modo, o tempo foi passando, e asprovas, se aproximando. À medida que os vestibulares iam chegando, tambémapareciam novas responsabilidades no ministério, mas com a graça de Deus, mesmocom medo, pude assumi-las. Lembro-me de que quando saiu a data do retiro daCrisma, olhei o calendário de provas da escola e tive um choque, pois osúltimos simulados no colégio seriam no mesmo fim de semana e eu não poderiafaltar. O Senhor, porém, foi me acalmando e no final deu tudo certo: pude ir aoretiro, saí para fazer as provas e voltei.
Diante de toda a providência de Deus, chegou odia do primeiro vestibular que eu iria fazer. Naquela manhã, acordei um poucoansioso. Na minha oração, o Senhor foi me fazendo entender que a vontade deleseria cumprida, independente de eu passar ou não no vestibular, e isso metranquilizava. Também fui me recordando de todo o ano e notava que, durantetodo o tempo, não tinha me afastado dos caminhos de Deus, graças à sua misericórdia.Percebi que, por mais que eu não tivesse estudado tanto como outras pessoas,estava tranquilo e confiante, porque havia escolhido a melhor parte. Ao medeixarem no local da prova, meus pais me deram força, sendo esse mais um motivopara continuar calmo.
Alguns dias depois, saiu o resultado. Minhaalegria foi enorme ao ver que tinha passado. Demorou um pouco para cair aficha, mas depois, nas minhas orações, pude contemplar a fidelidade de Deuscomigo, fidelidade essa que me fez decidir por Ele, mesmo quando achava que nãoconseguiria mais conciliar os estudos e a vida de oração. Pude contemplartambém a providência de Deus e o meu amadurecimento na fé e nos estudos,tornando-me mais responsável e organizando melhor meu tempo. Aprendi que quemtem pouco tempo pode fazer muitas coisas, e quem tem muito tempo, geralmente,pouco faz. Como é bom enxergar os feitos de Deus e perceber que, durante todoesse ano, Ele esteve comigo e cumpriu suas promessas, não somente porque passeino vestibular, mas porque o Senhor foi o centro e me ensinou a amá-lo mesmodiante de toda dificuldade e correria.
Dessa forma, eu gostaria de concluir fazendoum apelo a você que está próximo ou já enfrenta o ano do vestibular, para que oestudo não seja a única arma para vencer essa etapa da vida. É fundamental a convivênciafamiliar durante todo esse período e, principalmente, a confiança e a amizadecom Deus por meio da oração diária e da missa, para que tudo possa estar no seudevido lugar. É importante pedir ao Senhor e à Virgem Maria a confiança e asabedoria para fazer as escolhas corretas no tempo certo, não permitindo que ovestibular tome conta da sua vida. Por fim, peço também aos pais para nãopressionarem os filhos durante esse tempo, porque a pressão interior de cada vestibulandojá é grande. Pelo contrário, os pais devem passar conforto e tranquilidade,reconhecendo que o vestibular não vale mais do que a vida dos filhos. Aconfiança em Deus e a perseverança devem ser sempre preservadas, não importa asituação.
Vítor
Membrodo Projeto Juventude para Jesus de Fortaleza/CE