Meu nome é Antonia. Sou casada. Eu e meuesposo Itamar somos pastores de um grupo de casais em Fátima. Temos trêsfilhos: Maria Tamara, de 15 anos, Maria Tamires, de 13 anos – ambas são doprojeto juventude e participam do ministério de música – e o Gabriel, de 5anos. Em agosto de 2009, tive uma grande experiência com a misericórdia deDeus.
Minha filha mais velha, Tamara, estavaficando com a pele amarelada. Eu e meu esposo a levamos para um posto de saúdee pedimos exames de sangue. Quando levamos o resultado para o médico ver, eledisse que não passava de um pouco de anemia e não era nada grave. Porém, a cadadia ela foi ficando mais pálida, sem ânimo.
Meu esposo e eu, muito preocupados, nãosabíamos o que fazer, até que uma pessoa falou para nós que nossa filha pareciaestar com hepatite. Fiquei com muito medo, pois não conhecia a doença e aTamara não sentia dor alguma. Meu esposo a levou para a emergência. Foramfeitos exames e foi constatado que a Tamara estava com hepatite muito avançada.
O médico a encaminhou com urgência para oHospital São José. Como não havia vaga, nós a levamos para o Hospital Geral.Deus já começou a agir. Ele colocou no meu coração para eu ligar para minhaformadora comunitária (Simone), que falou com o doutor Roger, no hospital Valdemarde Alcântara.
Antes de sair de casa, enquanto rezava,disse: “Senhor, a partir deste momento tu vais ser o médico da Tamara, e NossaSenhora, a enfermeira”. Aconteceu tudo muito rápido, como se não desse tempo defazer mais nada. Deus cuidou através do doutor Roger e minha filha foiencaminhada para o hospital Albert Sabin. Não havia vaga e ficamos esperando deoito da manhã até duas horas da tarde. Tudo isso aconteceu no dia 6 de agostode 2009.
Surgiu uma vaga. Ela ficou inicialmente emobservação, fazendo exames para saber qual era o tipo de hepatite e assim,pudessem medicá-la. Ela chegou a tomar 3 bolsas de sangue em um só dia. Tomouvários tipos de remédio na veia quase que de duas em duas horas. Era muitosofrimento, tanto para ela como para nós. Ela entrou dia 6 e dia 13 já estavamuito mal. Não andava mais sozinha, tínhamos que segurá-la. Dia 14 ela nãocomeu mais e já estava ficando toda dura e não conseguia fechar os olhos.
Ela chegou a me pedir que não a deixasse dormire começou a vomitar sangue. Fiquei desesperada e não entendia por que tudo issoestava acontecendo. Eu já estava perdendo a fé, pois a dor era tão grande queeu tinha a impressão de que Deus não me ouvia. Eu só escutava uma voz quedizia: “Sua filha vai morrer”.
Noiteescura da fé
No dia seguinte, dia 15 de agosto às 8 horasda manhã, a Tamara já estava entrando em coma. O médico constatou que o fígado dela estavatotalmente parado e que os outros órgãos estavam comprometidos, além de estar comum edema na cabeça; ou seja, ela estava quase morta. Foi o pior dia da minhavida. Os médicos disseram para mim e meu esposo que a Tamara teria no máximouma semana de vida, que ela precisaria de um transplante urgente e teria queser um fígado de adulto, porque ela estava muito inchada.
À noite uma equipe de médicos do IJF e dohospital das Clínicas foi visitar a Tamara e falaram para o meu esposo quehavia um possível doador. No entanto, a médica que estava de plantão disse quea minha filha estava muito mal e mesmo que aparecesse um fígado para ela,poderia não resistir, porque estava muito inchada e poderia sangrar até amorte.
Então, comecei a querer perder a fé e nãotinha coragem de entregar a minha filha a Deus, mesmo sabendo que tudo dependiasomente dele. Uma irmã disse para eu chamar um padre para dar a unção dosenfermos a Tamara e eu liguei para o padre Denys.
Quando saiu da UTI, o padre falou que só ummilagre para salvar a Tamara. Enquanto isso, meus irmãos continuavam em oração. Mesmo com minhafé vacilando, nunca deixei um só dia de rezar o terço nem o ofício de NossaSenhora. Fiquei um mês internada com a Tamara, mas nunca faltei a missa aosdomingos.
Oraçãoe milagre
Na segunda-feira, minha formadora pessoal foirezar em mim e falou que muita gente estava rezando, mas que Deus ouvia mais aminha oração, que oração de mãe comovia o coração de Deus e que eu não tivessemedo de entregar minha filha a Ele. Eu recebi a visita de um padre redentoristaque, para mim foi o próprio Deus me visitando. Com toda simplicidade ehumildade, ele me abraçou e disse: “Reze na sua filha e não deixe que osmédicos tirem sua esperança, pois Deus pode tudo”, e foi embora. Eu fuiconsolada, parei de chorar; a dor não passou, mas aliviou.
Depois que o padre foi embora, entrei na UTI.Era 21h30 da noite e comecei a rezar na Tamara. Senti um grande medo. Foi comose eu sentisse a presença do inimigo para que eu não entregasse a minha filhanas mãos de Deus. Porém, comecei a pedir perdão a Deus por eu não ter confiadonele e fui renunciando tudo em nome de Jesus.
Fiz uma oração de libertação na minha filha.Fiquei de nove da noite até três horas da manhã de pé rezando ao lado dela. Foicomo se Deus tivesse tirado um peso enorme das minhas costas.
Depois disso, Deus começou a realizar ogrande milagre na vida da Tamara, porque eu tive a coragem de entregá-la nasmãos dele. Quando amanheceu o dia, na troca dos médicos , a médica que assumiuo plantão ficou muito feliz e falou para mim que a Tamara estava muito bem e queela iria receber o transplante naquele dia. Outra médica disse que, mesmo que recebesseo fígado, ela poderia ficar com sequelas, como sem andar, sem falar ou surda.Mas ela não ficou, pois Deus não faz a obra pela metade, mas realiza um milagrepor completo.
Obrigado, meu Deus, por tanto amor e eu creioquando tu dizes: “Se creres na minha Palavra e não duvidares no coração, sesalvará tu e tua casa”. É muito pertencer a Deus e à família Shalom. Agoraposso dizer que fui provada, mas que sou muito amada por Deus.
Antonia Amoro da Silva Santiago, Consagrada da Comunidade de Aliança