Nunca se reflete demais sobre a grandeza da mãe. Em maio o dia das mães fica instrumentalizado pelo comércio e nem sempre se reflete profundamente sobre o papel deste anjo de bondade. O próprio Filho de Deus, vindo a este mundo não dispensou os cuidados maternos. Do presépio até sua morte no alto da Cruz Maria esteve a seu lado, tendo os evangelistas registrado lances maravilhosos da presença desta mãe admirável.
A mãe é a expressão mais perfeita da dileção. Pelos engenho do seu amor, pelos afetos de sua ternura, ela apodera-se do coração e do espírito, de sorte que pode comunicar à alma dos filhos os melhores anseios da virtude, do bem, do temor e do amor a Deus. Ela transmite uma fé viva e forte e faz a alma abrir-se aos fulgores da religião, como a flor aos raios do sol. Desde o alvorecer da sua existência, o ser pensante, junto do seu berço, percebe a afeição materna, que vela sobre sua vida. Eis porque ao lado dos grandes personagens e dos mais ilustres santos, contemplamos, geralmente, uma mulher extraordinária, a mãe de família, que os guiou com a fulgor dos suas recomendações e das suas exortações, como o farol sobre os rochedos guia o navio na rota dos mares. Quando se percorre a vida dos homens, que mais ilustraram a humanidade e a Igreja logo se indaga quem foi sua mãe. Ao lado de S. Basílio vemos Emélia, sua carinhosa genitora; com S. Agostinho aparece S. Mônica, que se sacrificou dia e noite para obter a conversão do filho; junto ao berço de S. Luis está Branca de Castela a inspirar-lhe a aversão do pecado; ao lado de São João Bosco surge a figura humilde e simpática de Margarida Occhiena; de Santo Afonso de Ligório, Ana Cavalieri; de São João Berchmans, Elizabeth Hove; de Santa Luzia, Eutíquia; de Santa Maria Goretti, Assunta. Estas piedosas mães, entre milhares de outras, se fizeram exemplo a serem imitado. As mães cristãs se parecem com a Igreja, que também é mãe.
A Igreja trabalha, luta e sofre, para salvar os seus filhos que, neste mundo, estão expostos a muitos perigos; não esquece aqueles que morreram na graça divina e, por causa de algumas imperfeições, purificam-se no purgatório antes de entrarem no reino celeste. Recorda-se ainda dos que exultam na eternidade junto de Deus, gozando das delícias eternas. Por causa destas várias maneiras de sua existência, a Igreja recebe os títulos de Igreja militante, padecente e triunfante. A mãe de família também muito trabalha e muito sofre pelos seus filhos. Algumas vezes trás o coração dilacerado pelo filho que se desviou e se entrega às drogas e outros vícios; outras vezes se imerge na verdadeira alegria, vendo o filho, já homem, seguir o bom caminho, de sorte que o amor materno é também um amor militante, padecente e triunfante. O mistério materno é uma pugna contínua. Antes de tudo é um ministério de consagração. Ainda não nasceu a criança e as mães imitando a Virgem Santíssima, quando em seu seio trazia o menino Jesus, já repetem o mesmo cântico: “Minha alma glorifica o Senhor, exulta o meu espírito em Deus meu salvador”, pois degusta desde a concepção do filho a grandeza da maternidade.
Quantas mães poderiam repetir com estas ou outras palavras o que Madalena d’Aguesseau escreveu para o seu filho: “Ainda te trazia em meu seio e já tinha te consagrado a Deus. Quando te apresentaram a mim, depois do batismo, dirigi ao céu esta oração: Confirmai, Senhor, o que fizestes em vosso santo templo. Eu vos dou graças de todo o bem que fizestes a esta criança, e vo-la ofereço de todo coração. Mais do que a mim ela vos pertence”. Santa Isabel da Hungria, depois do batismo de seus filhos, tinha o costume de ir visitar qualquer igreja da cidade. Colocava então o filhinho sobre o altar, dizendo: “Senhor Jesus, eu vos ofereço assim como à vossa santa mãe, a Virgem Maria, esta criança, fruto do meu seio. Eu vo-la entrego como vós me destes. Sois o soberano e o pai carinhoso da mãe e do filho. A única oração que hoje vos dirijo, a única graça que vos peço, é de receber este menino, ainda banhado com minhas lágrimas e com o vosso santo batismo, no número dos vossos amigos e de dar-lhe vossa santa bênção”. Assim são as mães cristãs que depois se dedicam à formação, educação e formação do corpo e da alma de seus filhos.
Pela sua dedicação, pelos seus sacrifícios, pela suas provas de ternura as mães merecem todas as atenções de seus filhos. Nada mais desagrada a Deus do que a falta de amor e respeito àquela que o gerou. Mormente no final de suas existências elas devem receber toda assistência, todo carinho. Muitos filhos desalmados, porém, não dão assistência a suas mães na doença e, tantas vezes, a jogam num asilo e nem as vão visitar. Venturosos, contudo, os filhos que sabem honrar suas mães e as alegram com uma vida nobre e digna. Terão sempre de Deus as melhores bênçãos e graças!
Côn. José Geraldo Vidigal