São Paulo foi mártir em Roma para que o Evangelho fosse anunciado na cidade, sede do mundo conhecido àquela época, e daquele lugar, até os confins da terra. E hoje? O que é necessário para dar Deus ao homem urbano? Durante a plenária do Pontifício Conselho para os Leigos em Roma, o fundador da Comunidade Católica Shalom, Moysés Azevedo, falou sobre a cidade como lugar de salvação e conta sua experiência de evangelização em Fortaleza. O evento aconteceu de 5 a 7 de fevereiro, com o tema “Encontrar a Deus no coração da cidade”.
“Aos jovens cristãos, há o grande mandato de serem testemunhas vivas de Jesus Cristo no coração da cidade, em favor de uma multidão de jovens que precisam conhecer aquilo que está dentro deles, dos seus corações”, afirmou Moysés.
Ele destacou o protagonismo dos jovens e dos leigos, ao afirmar que a cidade é feita de pessoas, não somente por prédios e outras construções. Segundo o fundador, são essas pessoas as grandes destinatárias da evangelização, a quem é necessário fazer encontrar e reconhecer Deus em suas vidas. A Igreja deve contemplar a realidade urbana com misericórdia, não somente através de seus ministros, mas de todos os batizados. Ele citou os episódio narrados nos evangelhos de Lucas (Lc 13,34), quando Jesus se encheu de comoção pela cidade de Jerusalém, e de Marcos (Mc 6,34), quando o Cristo sente compaixão da multidão que se assemelha a oelhas sem pastor.
“Também nos, que estamos em nosso dia a dia, em nossos trabalhos, em nossas universidades, que estamos passando nas ruas, no meio de uma cidade tão populosa, mas ao mesmo tempo tão cheia de solidão, no meio de uma cidade tantas vezes tão cheia de sons e, ao mesmo tempo, tão marcada pelo vazio existencial, nós, que estamos no dia a dia das cidades, leigos, somos chamados a encontrar e a dar Deus para as pessoas da cidade, para este mundo, este homem urbano. Como sabemos, dois terços da população mundial estão na cidade. Os homens estão na cidade. É onde está o grande objeto do olhar da Igreja, do olhar de Deus também em favor dos homens, e da evangelização dos povos”, disse.
Segundo Moysés, os jovens podem se inserir em um cenário de dor e de perca, quando partem de cidades menores ou da zona rural para as metrópoles e não encontram aquilo que buscam, como estudos, trabalho, realização de novos projetos. Acabam, dessa forma, tornando-se vítimas das drogas, do desprezo, e da “cultura do descarte”, como cita o Papa Francisco. O contrário também ocorre, quando são protagonistas da cidade como lugar da salvação.
“Eu sou devedor desses jovens. Nós, como Igreja, somos devedores desses jovens que estão presentes em massa dentro da cidade, buscando o quê? A felicidade. E nós sabemos que a felicidade é uma pessoa, é Jesus Cristo”, concluiu.
Emanuele Sales
Com informações da Rádio Vaticano