Por uma inspiração do fundador da Comunidade Católica Shalom, Moysés Azevedo, nasceu em 2005 a Escola de Evangelização São Filipe Néri. Com primeira sede localizada em Fortaleza, tem como objetivo evangelizar seis horas por dia de porta a porta e nas ruas, além de responder aos apelos da Igreja acerca da urgência da evangelização. Hoje a iniciativa é desenvolvida também nas cidades de Ananideua (PA), Ponta Grossa (PR), Salvador (BA) e Rio de Janeiro (RJ).
Jovens em missão são enviados para a Escola de Evangelização, e passam a viver em uma casa comunitária, onde doam suas vidas por um ano e vivem uma forte experiência como Comunidade de Vida no Carisma Shalom. Acompanhados e formados por missionários experientes e consagrados da Comunidade, os jovens crescem na espiritualidade de uma evangelização feita em contato direto com as misérias da humanidade e se aprofundam na misericórdia do amor de Deus.
Segundo o seminarista Douglimar Estevan, da equipe da Assistência Apostólica Shalom, a escola de Evangelização é itinerante. “A escola fica de três a quatro anos em bairros diferentes para fortalecer o Centro de Evangelização Shalom mais próximo ou irradiar o Carisma nas cidades onde não haja a presença da Comunidade”, explica.
“O Terceiro Milênio será evangelizado pela misericórdia” (João Paulo II)
Trazer de volta os católicos batizados que deixaram a Igreja, reconduzi-los à prática dos sacramentos, anunciar explicitamente Jesus Cristo segundo o Carisma Shalom e difundi-lo na cidade onde moram, são os objetivos dos membros da Escola de Evangelização São Filipe Néri. “Os jovens realizam várias atividades e vão encontrando sabedoria para evangelizar as pessoas e gerar um povo novo na cidade onde moram”, diz Douglimar.
A evangelização trabalhada na Escola de Evangelização e tão anunciada pelo Papa Francisco gera uma unidade com a Igreja, através do contato pessoa a pessoa, pela palavra de Deus e pela oração. “Essa forma de abordagem feita pelo ‘querigma’ tem feito a diferença”, afirma o seminarista.
São Filipe Néri
O fundador da Comunidade Shalom escolheu São Filipe Néri porque apenas duas pessoas na história receberam a honra de serem chamados “Apóstolo de Roma”. O primeiro foi São Pedro e o segundo foi Filipe Néri. No século XVI, enquanto os protestantes tentavam esvaziar a Igreja, ele foi o apóstolo da alegria e da evangelização. A escolha desse santo está relacionada ao seu coração ardente pela evangelização, e no seu método prático de evangelizar, através de conversas espirituais de pergunta-respostas (ragionamento).
A crise na Igreja se tornou para ele mais uma oportunidade de evangelizar do que uma catástrofe em si mesma. Seu coração gigante o levou às ruas com o “Evangelho da Misericórdia”. Com estilo e originalidade incomuns, ele atraiu as multidões e o clero de volta à Igreja. Sua grande jogada foi sair todos os dias às ruas para trazer de volta as ovelhas doentes ao Pastor.
Testemunho
Meu nome é Thiago, tenho 30 anos e sou consagrado na Comunidade de vida na Comunidade Shalom. Gostaria de partilhar um pouco com vocês da minha experiência com a Escola de Evangelização.
A primeira vez que ouvi falar da Escola foi em 2006, na tarde do dia 25 de julho. Estava com minha namorada em uma rua do bairro de Fátima quando fui abordado por 3 pessoas (Lívia, Benoit, Ludovic) que se diziam da Comunidade Shalom e queriam conversar conosco.
Eram tão simpáticos que achei que não teria problema e a partir daquele instante minha vida mudou. Conversamos um pouco aquela tarde, falamos de vários assuntos, mas principalmente eles me falaram de Deus.
Aquelas pessoas pareciam que me conheciam há muito tempo e queriam me falar de algo muito bom, me contar uma novidade. Eles falavam de Jesus com tanta alegria e entusiasmo que também eu fui me enchendo de alegria e paz. Só depois entendi que eles apenas queriam me dar o que tinham recebido, mas era de uma forma tão diferente que me senti rapidamente atraído. Não me falavam de uma “teoria” ou “ideia”, me falavam de algo que eles mesmo já tinham experimentado. Foi isso, o testemunho que me atraiu.
Para completar era dia de São Tiago e os dois rapazes, que eram franceses, começaram a cantar parabéns, dizendo que na França se comemora também o onomástico da pessoa. Foi uma experiência incrível, durante muitos dias fiquei pensando naquele encontro e no convite de ir ao Shalom, eu também queria aquela experiência!
Providencialmente nos encontramos ainda outras duas vezes; Deus queria algo de mim, estava insistindo. Aquilo ficava na minha cabeça não só quando nos encontrávamos, mas comecei a pensar no que Deus queria de mim, por que aquelas pessoas foram ao meu encontro em nome Dele? Cheguei a pensar que fosse pela minha namorada, que passava por alguns desafios familiares, mas de uma forma ou de outra eu estava cada vez mais atraído por essa experiência.
Até que um dia decidi ligar para a Lívia, que tinha me dado o telefone da Escola desde o primeiro encontro e apesar de muitas vezes ter olhado para ele querendo ligar nunca o tinha feito. Quando liguei não encontrei mais as pessoas que tinham me convidado, tinham retornado para as suas missões, mas em nenhum momento pensei em não ir; algum tempo depois entendi que essa foi minha primeira ‘prova”.
Na primeira vez que fui ao Shalom estava tendo um Seminário de Vida e cheguei justamente no momento do testemunho de um irmão da Comunidade de Vida, realmente o Senhor queria me atrair pelo testemunho e ao longo desse tempo de Comunidade tenho aprendido cada vez mais que o que evangeliza, o que convence, o que atrai é o testemunho.
Naquele mesmo dia procurei alguém lá, contei como tinha chegado ali e perguntei o que fazer para “fazer parte” da Comunidade. Ingressei em um grupo de oração, mas fui vendo que Deus queria mais de mim. Os questionamentos que surgiram no meu primeiro encontro com a Escola foram sendo respondidos à medida que eu me dava mais a Deus e à Comunidade.
Pouco antes de completar dois anos daquele primeiro encontro estava ingressando na Comunidade de Vida e hoje moro em Recife, onde sou muito feliz e experimento diariamente da alegria daquele dia inesquecível.
Sou muito grato à Deus e a cada irmão que oferta sua vida nesta belíssima missão que é a Escola de Evangelização, e mais do que aquilo que fazem é o testemunho de cada um que é fecundo na Igreja.
Ângela Barroso
