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Dia do Padre: Mandai Senhor, sacerdotes santos

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IMG_0066-2Para que tenhamos o altíssimo dom da Eucaristia, precisamos do altíssimo dom do Sacerdócio. O sacerdote é o canal pelo qual o céu nos é antecipado. É neste sentido que no dia 4 de agosto a Igreja celebra com muita gratidão a Deus, a memória do Padre São João Maria Vianney, Patrono de todos os Párocos, intercessor de todos os Sacerdotes.

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A vida deste santo é simples e extraordinária ao mesmo tempo. Contam seus biógrafos que suas virtudes eram evidentes muito cedo, tais como a oração, a atenção aos mais necessitados, o trabalho e a obediência aos pais. Com idade de 13 anos, indo ao confessionário pela primeira vez para se preparar para a primeira eucaristia, já demonstrava desejo pelo Sacerdócio. No entanto, foi o contato e a amizade com o Pe. Fournier, seu pároco, que fez crescer e amadurecer nele o desejo de ser padre.

Vendo a acolhida e o amor ao Sacerdócio, o testemunho da santidade de vida do seu pároco e sendo nele despertado a vocação para ser padre, maravilhosamente nos lembra do que diz o Santo Padre, Bento XVI, ao falar da vocação ao Sacerdócio: “É preciso agradecer a Deus pelo testemunho de numerosos sacerdotes, através dos quais, muitos jovens são inspirados a seguirem por sua vez a Cristo e gastarem sua vida pelos outros, encontrando precisamente assim a vida eterna”.

São João Maria Vianney viveu, no entanto, num tempo de desafios particulares, como a guerra e as perseguições religiosas. Trazia suas limitações, principalmente com os estudos, pois não conseguia aprender o Latim. Chegou um dia ser dispensado do seminário por não ter sido aprovado em um dos exames da formação para o Sacerdócio. No entanto, acreditava que, se Deus o queria como sacerdote, ele o capacitaria. Continuou se esforçando nos estudos, amadurecendo com o tempo da prova e não perdendo de vista a promessa de Deus em seu coração. Lembrava sempre do que dizia Santa Teresinha: “Deus inspira em nós o que pedirá”. Deus capacita os seus escolhidos a responderem com generosidade. Ele “perdia tempo” rezando e escutando o Senhor.

E de fato, juntando seus esforços à ação da graça de Deus, depois do último exame, o Vigário Geral chegou a dizer-lhe: “Você é mais sábio do que a maioria dos padres da aldeia”. Nessas palavras estava escondido o desígnio de Deus para a vida do jovem João Maria Vianney. No dia 13 de agosto de 1815, é ordenado sacerdote para a glória de Deus, para a salvação das almas e para a edificação da Igreja. O mundo ganhava um dos sacerdotes mais felizes e realizados com a sua vocação.

A pequena Vila de Ars, na França, nunca mais foi a mesma desde o dia 13 de fevereiro de 1818, chegada de João Maria Vianney para assumir sua simples e pobre paróquia. Não tardaria para que a providência divina cuidasse de revelar os desígnios de Deus para aquela comunidade e para a vida da Igreja através deste homem apaixonado por Jesus Cristo, pela Eucaristia, pelo confessionário e pelo homem que sofre.

Muitos santos foram inscritos no livro da eternidade por suas virtudes na defesa da fé, na construção do patrimônio do tesouro doutrinário, nas suas experiências místicas e no martírio por causa da perseguição contra a fé em Jesus Cristo. São João Maria Vianney (o Santo Cura d´Ars), figura extraordinária, foi inscrito na eternidade como Santo Apóstolo do confessionário. Diz João Paulo II: “É preciso lembrar que os santos canonizados saíram geralmente dos confessionários”.

É por causa do testemunho da vocação ao Sacerdócio, como o de São João Maria Vianney e da importância do sacerdote no mistério da Eucaristia, que Deus faz ecoar seu apelo a você que vive os anos da sua juventude ou ainda da adolescência, que se pergunta sobre o plano de felicidade que Deus tem para sua vida. Talvez o Sacerdócio seja esse plano vocacional, esse projeto e desígnio de felicidade pra sua vida.

Se tão altíssimo mistério de amor é a Eucaristia, fonte da nossa Salvação, só pode se tornar realidade mediante o sacerdote, o mediador que, por puro dom de Deus, da sua misericórdia e do poder do seu Espírito Santo, torna o céu mais próximo de nós e concretamente dentro do homem para santificá-lo, como não arder no nosso coração e não nos maravilharmos com o mistério e a beleza da vocação ao Sacerdócio!

Só o “louco amor” de Deus pelo homem explica a sua doação, a entrega do próprio Filho para morrer pelo resgate de todos os homens. É esse mesmo amor que gratuitamente escolhe dentre os homens chamados primeiramente à vocação universal – a santidade – alguns para o Sacerdócio. Só o amor é a força máxima que nos faz doar toda a vida na exclusividade do seguimento ao Senhor. Só o amor pode gerar um coração configurado ao de Cristo-Sacerdote que ama ao extremo e não mede esforços para se doar aos homens.

Não precisamos temer o chamado de Deus! Deves fazer a tua parte dando o primeiro passo e Deus proverá. Não tema as renúncias necessárias e vitais, especialmente no que diz respeito ao celibato, consagrando todo o conjunto da sexualidade humana no serviço ao Senhor, para melhor e mais potencialmente se doar ao serviço do Senhor e da Igreja, na missão de salvar almas para Cristo! O celibato sacerdotal não é um mal à pessoa do sacerdote e nem à sua integridade moral, afetiva e psíquica.

Vai além de uma realidade humana. “Se o celibato é vivido – como diz o Papa Bento XVI – com maturidade, alegria e dedicação, é uma bênção enorme para a Igreja, para o sacerdote e para a sociedade” . Não obstante os seus desafios, a exemplo dos outros estados de vida, concluímos que o celibato é fonte de intensa e profunda felicidade.

Invadido pela graça de Deus

O Sacerdócio está intrinsecamente ligado ao mistério eucarístico pela sua natureza da oferta de um sacrifício vivo e pela intervenção e iniciativa divina. Não é a Eucaristia uma realidade vazia, mas, uma Pessoa viva que se faz presente entre nós, pobres seres mortais. O sacerdote é um homem profundamente invadido pela graça de Deus. Ele não atribui a si mesmo o ser sacerdote. Ele não pode por força própria conquistar esta graça, ela é dom da bondade de Deus. “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu quem vos escolhi” (Jo 15,16). É bem verdade que muitos sacerdotes da Igreja do nosso tempo são jovens como você que hoje buscam encontrar a vontade de Deus, o projeto maravilhoso de salvação para o qual Deus, na sua providência divina, reservou para cada um dos escolhidos para este ministério humilde e de serviço.

Deus é o primeiro interessado para que descubramos a sua feliz e santa vontade para nossas vidas. Não precisamos temer as propostas de Deus, pois elas são aquilo que já trazemos dentro de nós, nos dado no Batismo. A vocação ao Sacerdócio não é fruto da sabedoria humana, mas é iniciativa divina. Não tenha medo da sua condição de pecador, pois Deus nunca chamaria a quem fosse capacitado porque não está na sua dinâmica escolher os que se acham melhores. O Senhor deseja receber a oferta da viúva e ouvir a oração sincera do servo do centurião, a qual se reza diariamente com a Sagrada Liturgia da Santa Missa: “Senhor, não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo!” Importa ouvir e desejar corresponder à voz de Deus que diz: “Vinde em meu seguimento, e farei de vós pescadores de homens” (Mc 1,17).

O Sacerdócio é uma proposta vocacional que você, jovem do sexo masculino, deve descobrir. É um chamado desafiante, mas cheio de encanto, alegria, redenção e plena felicidade. Se, ao nos debruçarmos sobre o mistério da Eucaristia, chegamos ao limite da compreensão e somos invadidos pelo mistério de amor que ela traduz, também o Sacerdócio nos envolve nesse mistério de sermos escolhidos, capacitados e transformados pela graça de Deus.

Diante da beleza e do esplendor da Eucaristia, Deus não será incoerente em deixar de chamar a muitos para que sejam canais do seu amor e do seu poder. Diante da vocação de São João Maria Vianney, respondida com tanta fidelidade e santidade, ouvimos o Santo Padre nos dizer: “Fixem o olhar em nossos santos! São experiências assim que nos ajudam a descobrir a verdadeira face do Cristianismo e nos marcam outra vez pelo senso de admiração e pela segurança de estarmos diante daquele que nos ama”. Coloquemo-nos em oração, escutemos o Senhor que quer falar e chamar a muitos que trazem consigo o dom da vocação ao Sacerdócio. Assim nos fala Moysés Azevedo: “A voz de Deus se distingue de todas as outras. A voz de Deus é inconfundível e irresistível”.

Só nos resta rezar uma prece de confiança: Mandai Senhor, sacerdotes santos, para tão grande mistério de amor, a Eucaristia! Mandai confessores para a reconciliação dos teus filhos! Mandai operários para a tua vinha! Derramai a tua graça para que muitos jovens tenham a feliz coragem de investir suas vidas para a vocação ao Sacerdócio, se assim for este o teu desígnio para eles. Pela intercessão do Padre Cura d´Ars e da Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus e da Igreja, Mãe de todos os sacerdotes, interceda por nós, especialmente pelos que são chamados à altíssima vocação do Sacerdócio, pelos que já deram o seu sim generoso ao Sacerdócio e assim, seja o Teu Filho em nós, Eucaristia viva! Amém!

 

Artigo publicado originalmente na Revista Shalom Maná


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