Esta produção francesa de 2011 é daqueles filmes que a gente começa a assistir sem muita expectativa, sem saber direito se a história será pueril ou água com açúcar mas que acaba nos surpreendendo para bem? Pois foi o que aconteceu com ‘A Guerra dos Botões’ por causa da carga poética e dos grandes temas abordados no enredo.
Duas pequenas cidades do interior da França na década de 50 são retratadas através das crianças e jovenzinhos em suas angústias e descobertas. Elas competem entre si através dos olhos dos pequenos como dois times de fiéis mosqueteiros liderados por um grande rei. Com muita sensibilidade vemos os valores fundamentais da vida sendo experimentados e estamos falando da amizade, da liderança, da fidelidade e da descoberta do amor entre dois adolescentes. Se fala também da pobreza, do trabalho e da responsabilidade de um jovenzinho que perde o pai, de professores educadores, da importância do estudo. Belíssimo sem dúvida é a descoberta e a permissão da liderança feminina que se afirma e se une ao ‘clube do Bolinha’ dando uma reviravolta no desenrolar da história mostrando com delicada propriedade o que o Beato João Paulo II chamou com tanta beleza em sua encíclica ‘Mulieris Dignitatem‘ de gênio feminino.
‘A Guerra dos Botões’ fala também de inteligência e competição, de traição e sofrimento, de impasses de consciência, da descoberta do mundo interior e não somente do mundo adulto, cheio de escolhas e de contradições. A direção e o roteiro do filme, porém, são tão sensíveis que colocam essas questões de tal modo que fazem do filme quase um conto de fadas e menos um retrato fiel da realidade.
‘A Guerra dos Botões’ não dá respostas fáceis e prontas mas leva a pensar e nos recorda que somos pessoas e, como tal, sempre capazes de escolher e escolher o Bem mesmo que isso implique em sacrifícios e perdas.
Recomendo o filme e espero que como eu todos fiquem curiosos para saber que botões são esses que podem gerar uma guerra.
Elena Arreguy