‘O Senhor se lembra sempre da Aliança’

Comunidade Shalom tem primeiro sacerdote estrangeiro consagrado na Comunidade de Aliança

A Comunidade Católica Shalom tem 34 padres, 20 deles são membros da Comunidade de Vida e 14 da Comunidade de Aliança. Em março deste ano, em Santiago do Chile, o padre Javier Concha Bazán realizou suas primeiras promessas no Carisma Shalom. Ele é o primeiro sacerdote estrangeiro a se consagrar na Comunidade. Enfrentando alguns desafios, padre Javier realizou todo processo de formação para se tornar um membro do Shalom. Em uma breve partilha, ele nos conta como aconteceu o seu chamado vocacional. Confira:

Meu nome é Javier Concha Bazán, há sete anos sou sacerdote da Diocese de Santiago do Chile e, hoje, por graça de Deus, sou consagrado da Comunidade de Aliança na Comunidade Católica Shalom.

Realizei minhas primeiras promessas no Carisma no dia 30 de março, durante a oitava de páscoa. Para compreender tudo aquilo que aconteceu comigo naquele dia, é necessário que eu conte um pouco da minha história vocacional.

Nasci em Santiago do Chile em uma família católica. Conheci a Jesus Cristo mediante o sacramento da eucaristia que me atraiu profundamente e mediante o qual, desde a minha adolescência, Deus me movia a vivê-lo de modo muito particular comparado aos jovens da minha idade. Na eucaristia, o Senhor me conquistou e passou a me dar sinais que esclareciam meu estado de vida.

Entrei no Seminário Pontifício Maior de Santiago com 20 anos de idade e com a certeza, sempre inquestionável, de que Deus me chamava a ser sacerdote. No transcurso da minha formação, uma coisa sempre me inquietava: a necessidade de uma espiritualidade mais profunda vivida em uma comunidade de irmãos. A vida religiosa não me atraía, inclusive comecei um discernimento para saber se era realmente a vida diocesana o lugar onde deveria exercer o ministério sacerdotal ao qual Jesus me chamava. A ponto de sair do seminário para buscar meu lugar no interior da Igreja, Deus me faz uma promessa: Ele me dará o lugar no momento oportuno (isso foi em 2003). Ordenei-me sacerdote com 27 anos, em 2008, o mesmo ano em que a Comunidade Shalom chegava para fundar uma missão na arquidiocese a que pertenço. Por Providência Divina, em janeiro de 2009, em meio a missões universitárias, nosso Deus Pai, em sua infinita misericórdia, começou a manifestar o início do cumprimento de suas promessas. Foi então que conheci o carisma Shalom.

Hoje, depois de sete anos, vejo como essas promessas não são outra coisa a não ser a manifestação tangível e palpável da fidelidade de um Deus que cumpre tudo aquilo que promete e que, conhecendo minha miséria, e pela ação do Espírito Santo, move-me a retribuir, desde minha pequenez, aquilo que de graça recebi.

Sou pecador, essa é uma realidade irrefutável em minha vida; realidade que não só eu percebo, mas todos que me rodeiam. Graça que passa pelos irmãos, pelo meu bispo, pela minha paróquia, pelos jovens da universidade onde trabalho, passa pela minha família, pelos pobres, ao contemplar a misericórdia de Deus diante do pecador arrependido e, principalmente, pela vida de intimidade que tem sua fonte Naquele que me leva ao deserto todos os dias para me apaixonar e me falar ao coração (Cf. Os 216) e que me impulsiona a comunicar as maravilhas que têm feito comigo.

O fato de ser um sacerdote e que Deus me chame a viver uma espiritualidade particular para a edificação do corpo místico de Cristo, que é a Igreja, é uma confirmação de que nosso Carisma é um dom para todos os homens, seja qual for a sua origem, nacionalidade ou estado de vida. Desde que descobri o meu chamado a abraçar esta vocação, sem exceção de todos (meu bispo, a Comunidade e eu mesmo), tínhamos claramente de que era um caminho novo a ser percorrido.

Como se forma um sacerdote chileno no Carisma? Era a pregunta que todos nos fazíamos e que desconhecíamos sua resposta. Deus chama, Deus dirá. Ainda continua sendo toda uma novidade (e acredito que sempre será). Novidade que leva desafios de comunhão com o resto dos sacerdotes da Comunidade que não falam minha língua, com o resto dos sacerdotes que não moram no Chile, com meus irmãos que devem percorrer este caminho igual a mim e que têm o dever de me ajudar a assumir a formação para me apropriar cada vez mais do carisma que Deus me confere. É um desafio para os meus paroquianos que devem compreender que serei melhor pastor para eles na medida em que for fiel às promessas realizadas. Deus começou uma obra nova e confio que Ele mesmo a levará a um bom término.

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Transcrição: Mayara Raulino