Institucional

“Orar é ver Verdades”

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teresa 02Uma das experiências que mais marcaram a minha vida e apesar de me trazer grande alegria me trouxe também uma imensa dor. Foi quando no ano de 1994, fui chamada por Deus a deixar tudo e partir em missão para a Comunidade de Vida.

Nesse mesmo tempo, fui direcionada a leitura do livro da Vida de Santa Teresa, onde em um trecho ela relatava a sua fuga de casa e a entrada no Mosteiro da Encarnação de Ávila, para ser Carmelita. Ela mesma nos descreve sua entrada:

Lembro-me bem, e creio que com razão, que o meu sofrimento ao deixar
a casa paterna não foi menor que a dor da morte. Eu tinha a impressão de que os
meus ossos se afastavam de mim e que o amor de Deus não era maior
do que o amor ao meu pai e à minha família, 
sendo necessário fazer tamanho esforço que,
se o Senhor não me tivesse ajudado, as minhas considerações não
teriam bastado para que eu prosseguisse. No momento certo, 
o Senhor me deu ânimo
na luta contra mim mesma e, assim, 
levei adiante o meu propósito. (V 4,1).

Conhecer Teresa de Jesus a partir desse relato foi certamente me deparar com um mulher humana e o seu caminho de oração profundamente humanizado. Caminho esse que para mim foi um divisor de águas, pois me convenceu da possibilidade de corresponder a santa vontade de Deus com todos os meus limites e fraquezas.

Teresa definiu a vida espiritual pela oração. Mestra da oração, afirma que o homem tem uma riqueza que por ignorância não explora, e que a oração expõe a verdade da própria vida. E que aquele que não entra em si pela porta da oração, se ignora.

A necessidade e busca pela verdade de quem somos e de quem é Deus que se dá através da oração, o que sempre inquietou muito o meu coração. Motivada e impulsionada pela experiência dessa grande Santa, quando afirma que “Orar é ver Verdades” e que a oração é onde o Senhor nos dá luzes para entender as verdades, fui sendo convencida a cada dia do caminho pelo qual precisava me determinar; caminho esse o qual já ansiava viver por fazer parte da identidade do nosso carisma Shalom: “Não haverá novo se não houver uma profunda vida de oração em cada um de nós!”.

A vida de Santa Teresa me apresenta um pouco do que esta mulher pensou e escreveu sobre a pessoa humana e sobre o que Deus é capaz de fazer por ela. No livro “O Castelo Interior ou Moradas”, testemunha o que Teresa encontrou em sua trajetória de vida: a pessoa humana. Na linguagem teresiana, a “alma”. Nesta obra, a pessoa é comparada a um castelo. A princípio, este castelo assemelha-se a uma jóia: “Consideremos nossa alma como um castelo, feito de um só diamante ou de limpíssimo cristal”.

O castelo se concebe, desde o princípio, como um espaço divisório entre o interior e o exterior: “Consideremos, portanto, que esse castelo tem, como eu disse, muitas moradas, umas no alto, outras embaixo, outras dos lados. E, no centro, no meio de todas está a principal, onde se passam as coisas mais secretas entre Deus e a alma” (1M1,3).

Teresa nos alerta para a necessidade de estarmos centrados em Deus e em nossa própria casa, que é o nosso interior. É nessa verdade de vida que se vê a si mesmo. A preocupação teresiana para que “não se distorça o conhecimento próprio tem aqui sua razão: afirmar assim quando é Deus (presente) em mim, com a comunicação de seus dons, e quando sou eu com minha debilidade constitutiva, por isso, a necessidade do autoconhecimento do homem, isto é, de ver-se como Deus o vê.

A união entre oração e verdade é essencial na experiência teresiana. A oração é o caminho da verdade. A verdade de Deus, a nossa verdade, a verdade de tudo. A definição da verdade é muito clara para Teresa, ela compreendeu que o Senhor é a própria Verdade. “E que o caminho da verdade é considerar somente as coisas que nos aproximam de Deus”, tudo o que nos afasta de Deus é mentira.

Querida e amada Teresa, rogai por nós!
Para que a nossa vida resplandeça a beleza de quem somos e de que Deus verdadeiramente é!

Shalom!

Ticiane Sampaio – Consagrada na Comunidade de Aliança Shalom
Salvador/Ba

 


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