Institucional

Uma missão chamada a evangelizar o pobre

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Quando o Dom Eugenio Sales convidou a Comunidade Shalom para abrir uma casa no Rio de Janeiro já tinha uma missão clara: evangelizar a juventude da periferia da cidade. Era o ano de 1996 e a Arquidiocese do Rio fazia um trabalho de evangelização em parceria com o governo do Estado e o Exército brasileiro chamado Projeto Rio Criança Cidadã (PRCC). O PRCC tinha o objetivo de atender aos jovens que viviam em situação de risco social para que eles não fossem influenciados pelo tráfico. Dentre as atividades desenvolvidas nos quartéis estava a aula de catequese, que passou a ser a responsabilidade dos missionários da comunidade.

“A desculpa de Deus para nos trazer para o Rio de Janeiro foi justamente esse envio ao jovem pobre. Esse é um dado muito importante para nós”, conta David Nunes, consagrado da Comunidade de Aliança, que foi secretário da Promoção Humana Rio nos anos de 2012 e 2013.

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asilo 3A partir deste trabalho foi sendo desenvolvida a missão na Cidade Maravilhosa. Os missionários da Comunidade de Vida e, posteriormente, da Comunidade de Aliança, atendiam cerca de 20 quartéis mais uma casa do Centro Social da Pastoral do Menor para meninas, que ficava no Catete. Dois anos depois, a arquidiocese confiou mais uma missão de Promoção Humana (PH) à comunidade, o asilo Sagrados Corações de Jesus e Maria, em Vigário Geral, que atende idosas que não têm o apoio da família. “Temos a missão de ser o consolo para essas idosas e levá-las a um encontro com a pessoa de Jesus em vista da preparação do céu delas”, explica David.

A medida que a missão foi crescendo, também cresceu o trabalho de PH como forte expressão da presença do Carisma Shalom no Rio de Janeiro. A primeira secretária da Promoção Humana na cidade, Vilma Apolônio, conta que logo após o primeiro acampamento de jovens realizado no Rio, em 2001, os missionários prepararam outro voltado para os meninos do PRCC.

RJ asilo 2A ideia era perfeita e contou com o apoio do Exército. Foi escolhido um dos quartéis da Vila Militar para receber o retiro que teve 300 jovens. Os missionários, no entanto, não levaram em conta um detalhe: as comunidades de origem dos jovens viviam sob influência de facções rivais. “Foram grandes desafios. Pecamos pela inocência porque estavam presentes jovens das três maiores facções do Rio de Janeiro e foi guerra mesmo, mas Deus fez grandes obras na vida deles. Como vimos que não daria muito certo juntar todos num mesmo evento, depois passamos a levar os jovens para os nossos acampamentos junto com os demais jovens da missão”, lembra Vilma.

Ainda em 2001, a arquidiocese fez uma comissão para atuar no combate as drogas e convidou o Shalom para fazer parte junto com outras instituições. Era o primeiro passo para a criação do Projeto Volta Israel no Rio. A comissão trabalhou no desenvolvimento de uma cartilha sobre a dependência química e na preparação do primeiro Congresso Nacional de Combate as Drogas, com mais 700 participantes.

Em 2003 veio o convite para a abertura da casa terapêutica do Volta Israel em Bangu. O sítio, que fica próximo ao complexo de presídios de Bangu, foi cedido pelo então arcebispo do Rio, Cardeal Eusébio Scheid, em forma de comodato, em dezembro de 2003. A movimentação na missão foi grande e todos se envolveram. Vilma lembra que os jovens se uniram para capinar e fazer a faxina. Na Missa de inauguração, Deus já foi bem claro sobre o que esperava com a nova ação de Promoção Humana, deu uma profecia ao padre Emmanuel Araujo, SJ, de que, como o rio de águas cristalinas que corta a casa, a vida dos acolhidos seria límpida e transparente a partir das experiências de restauração realizadas.

banguOs primeiros acolhidos chegaram logo depois. O projeto cresceu e chegou a acolher 30 homens no mesmo período. Vilma lembra que os acolhidos chegavam a participar do espetáculo da Paixão de Cristo nos Arcos da Lapa e teve um ano em que o Cristo foi representado por um deles. “Era uma alegria para mim”, diz.

“Nós trabalhamos no resgate da dignidade do homem, fazer com que ele tenha primeiro uma experiência com Deus, porque a droga é uma consequência daquilo que ele viveu. Existe uma raiz muito mais profunda. Esta é a missão do Volta Israel: tratar o homem como um todo”, resume Vilma.

Outras ações de PH na cidade foram realizadas em parceria  com o Banco da Providência: a administração de uma casa masculina de acolhida de soropositivos, no Cosme Velho, e a evangelização de homens retirados das ruas que viviam no abrigo da Comunidade de Emaús, em Cordovil.

1529146_569772313116149_1763976624_oA Promoção Humana da missão não desenvolve mais o trabalho com os jovens do PRCC,com os soropositivos e os internos de Emaús, mas, além do asilo de idosas e do Projeto Volta Israel, conta com mais duas frentes de evangelização, uma delas focada ainda nos jovens pobres: o Criaad (Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente). No Criaad, que também fica em Bangu, os missionários da comunidade evangelizam jovens privados de liberdade que cumprem penas de três a seis meses em regime semi-aberto. “Todas as quintas-feiras nós temos um grupo de oração para eles. Fazemos uma evangelização kerigmática.Estamos começando a fazer um contato com eles quando deixam de cumprir a pena para que sejam acolhidos por nós nos nossos grupos de oração jovem”, conta o atual secretário da PH na missão, Diácono Aury dos Santos.

A última frente atual de evangelização da PH na cidade é o atendimento aos enfermos hospitalizados. De acordo com o Diácono Aury, há ainda um desejo de evangelizar a população de rua. “Para nós, Shalom, a evangelização é Promoção Humana e a Promoção Humana é evangelização. Não existe separação entre evangelização e PH. Para nós, Shalom, quando estamos acolhendo o pobre, estamos evangelizando. E quando nós estamos evangelizando, estamos acolhendo o pobre. Para o Moysés, se não for isso, vira assistencialismo e nós não estamos aqui para fazer assistencialismo. Nós nascemos para evangelizar”, explica.

Christiane Sales
Postulante da Comunidade de Aliança

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