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Onde um missionário encontra a perfeita alegria

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Deus alcança também a nós, missionários, em nossas dores, toca nossas feridas, nossos medos e nos abre à Sua misericórdia

Aline Ascenção Veras, é casada com Carlos Emanuel, e os dois são consagrados na Comunidade de Aliança da Comunidade Católica Shalom em Brasília (DF). Ela fala sobre sua experiência como missionária na Promoção Humana, setor do Shalom responsável por alcançar diretamente pessoas em situação de vulnerabilidade social, jovens infratores, pessoas enfermas, moradoras de rua e dependentes químicas. Confira:

“Comecei a servir na Promoção Humana em 2013, no pastoreio de jovens no Projeto Mãe das Dores, que realiza visitas a hospitais e presídios, e do qual sou coordenadora desde abril de 2015. Em Brasília, visitamos a Unidade de Internação Provisória de Menores em conflito com a Lei, em São Sebastião, que abriga adolescentes de 12 a 17 anos por 45 dias, enquanto aguardam julgamento. Eles recebem orientação pedagógica, acompanhamento psicológico, atendimento médico e participam de atividades de espiritualidade. Em 2015, iniciamos um trabalho no Hospital Regional do Guará, junto a pastoral da saúde.

Essa missão me faz aprofundar a primazia dos jovens e o amor aos pobres. Por meio do Mãe das Dores, colho frutos de santidade e de perfeita alegria, como diz São Francisco. Para nós, Shalom, a perfeita alegria é ‘chorar com os que choram e sofrer com os que sofre’, ou seja, ser consolo, pois Jesus é o pobre que se apresenta a nós em hospitais e presídios. A dor Dele é a nossa. O fruto de comunhão de coração me faz amar a Deus e amar os irmãos. Tudo se torna uma só graça.

Ao passar pelos corredores enormes, muito me marca a cena de jovens estendendo as mãos e encostando a cabeça nas grades, pedindo oração. Eles sabem que o Shalom traz para eles a paz de Jesus Cristo. Eles nos esperam todos os sábados para, por meio de nós, ver o rosto da misericórdia do Senhor. Amar os jovens encarcerados, cantar com eles, louvar, rezar e exortar com amor é a nossa missão. Dessa forma, apresentamos o Deus de misericórdia e nos tornamos intercessores, seus pais e mães de misericórdia.

No Hospital do Guará, encontrei a consolação de Deus na oração pelos enfermos. Na fragilidade da doença, o Senhor se apresenta especialmente como médico das almas. Não podemos restituir-lhes a saúde, mas podemos amenizar a dor com a oração, partilha e escuta de seu coração. Deus alcança também a nós, missionários, em nossas dores, toca nossas feridas, nossos medos e nos abre à Sua misericórdia.

O Mãe das Dores me inseriu profundamente no sentido de eternidade ao tocar o mistério pascal do falecimento de minha mãe. Eu a acompanhei por 15 dias no hospital para tratamento de disfunção renal e hepática. Foram duas semanas de retorno para Deus. Rezávamos todos os dias o terço da misericórdia, ela partilhava comigo suas dores e alegrias. Eu não podia restituí-lhe a saúde, mas sei que o Senhor lhe concedeu a saúde da alma: a Salvação. Dessa forma, pude consolá-la e ser consolada. Deus me fez entender o sentido sacrificial de não reter a minha oferta, porque Ele a alcançou também através de minha consagração de vida. Mamãe faleceu no Corpus Christi (26/05/2016), um dia após receber a unção dos enfermos. Deus me deu a certeza do céu. Esta foi a maior graça que vivi na Promoção Humana: o sentido do céu, a salvação dada pelo Senhor em meio a nossa fragilidade humana.”


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