Francisco nos ensina que a oração é uma das asas que nos erguem para o céu; a outra é a fé. Com uma asa só, não se pode voar; a fé sem a oração é tão vã quanto a oração sem a fé. Mas, se a tua fé é frágil demais, é bom clamar: “Senhor, dai-me a fé!” E muito raro que essa oração não seja atendida. O grão de mostarda, como disse o Senhor, torna-se uma grande árvore. Quem quer receber sol e ar, abre as janelas. Seria ridículo ficar por trás das cortinas fechadas e queixar-se: Não há luz; não há nem um pouco de ar!
Nosso baluarte Francisco de Assis apresenta para o Carisma Shalom, o ponto principal que precisamos amadurecer em nossos corações, a Busca do Amado, que vem através da intimidade, através da oração. Sem ela não esperes encontrar o que procuras. A oração é o início e o fundamento de todo esforço para Deus. É ela que faz brilhar o primeiro raio de luz, que faz sentir antecipadamente o gosto do que procuras, e que desperta o desejo de progredir.
A verdadeira oração para Francisco é aquela em que o espírito e o coração se põem em uníssono com as palavras. Conseqüentemente, a atenção é indispensável. Não deixes que teus pensamentos fiquem vagando. Recolhe-os continuamente e, cada vez que te deixas levar para longe de tua oração, volta ao ponto em que deixaste. Poderás recitar o saltério da mesma forma. Aprenderás, assim, a praticar a perseverança e a vigilância na oração.
A oração e a vigilância andam unidas. É em companhia da oração que deves ficar à porta do teu coração. Francisco sempre alertava aos seus irmãos a ficarem de olhos bem abertos, para poderem perceber imediatamente a menor modificação que se produza em seu campo de visão. Assim acontece com o coração que ora sem cessar. Encontramos na aranha um exemplo eloqüente: ela fica no meio da teia, ouve a menor mosca que venha prender-se nela e mata-a. Assim também, a oração deve ficar, como sentinela, no meio do teu coração. Ao menor estremecimento que revele a presença de um inimigo, ela o afasta.
Quem fica diante de uma janela aberta, ouve os ruídos de fora. Não pode ser de outra forma. Mas ele pode, ou não, prestar atenção às palavras que chegam até ele; isso depende da sua vontade. O homem em oração é constantemente solicitado por um fluxo de pensamentos alheios, de sentimentos e impressões. Conter o fastidioso desenrolar desse filme interior, é tão impossível quanto impedir que o ar circule num cômodo cuja janela esteja aberta. Mas depende de cada um prestar atenção nisso, ou deixar de prestar. Afirma Francisco que esse aprendizado só se faz pela prática.
Vivemos em um mundo que é movido pela rapidez das informações, são tantas e tão pouca interiorização que nos impede de chegar ao conhecimento daquilo que almejamos. Muitas vezes estamos com o nosso ser perdido, sedento e procurando “conhecimento” para nos preencher e saciar a nossa sede, que só pode ser encontrada no conhecimento profundo de Deus.
O nosso conhecer de Deus não deve ser um conhecimento intelectual, científico, reflexivo, nem tirados de nossas ideias e conceitos que preenchem a nossa alma, mas é o saborear das coisas espirituais. Deus é a realidade mais profunda do nosso ser ao qual somos chamados como criaturas do Criador. Tudo ao nosso redor tem um “interior” e um “exterior”. A sensibilidade do nosso coração percebe o “exterior” de tudo e penetra até o “interior” de tudo, desta forma descobrimos a riqueza do Seu Chamado para todas as criaturas.
Esta grande amizade de Francisco com o Seu Criador resultou de uma experiência amorosa que transbordou em sua vida e chegou a toda humanidade. Deus no coração de Francisco, Deus que era levado por Francisco a cada criatura, era o viver e ampliar o Reino de Deus no coração de cada homem, o Reino de Deus na fraternidade universal de todos os homens. Hoje muitos são chamados mas poucos escutam a Voz do Amado. Muitos deixam a mensagem morrer com o mensageiro.
Só a partir de uma experiência entre o Criador e a criatura é possível viver uma relação de amor e de correspondência. A vocação Shalom nasceu aos moldes de uma vocação franciscana. Francisco e Moysés refletem o rosto de Cristo para humanidade, respondem autenticamente com uma visão evangélica e cristã ao desejo de resposta do homem que busca incansavelmente em meio aos desafios do mundo. E desta experiência de Francisco e da sua vivencia na espiritualidade franciscana buscamos refletir que SOMOS UMA RESPOSTA para a Igreja e para o mundo.
A vocação Shalom é para o Criador, uma resposta de amor, de louvor, de parresia e missionariedade, de amor esponsal, de pobreza, de fraternidade, de amor a Igreja e aos homens. Uma vocação que nasce aos pés da Igreja, que se desenvolve e cresce na medida em que cada um de nós, formos “coluna” da Igreja de Cristo, como foi Francisco de Assis. Para chegar a uma inspiração, nosso fundador, também percorre um caminho como Francisco, um caminho de crescimento, um caminho “sempre a percorrer”, um caminho de escuta constante, de convite constante à uma amizade “Se alguém escuta o meu chamado e abre a porta,entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo” (Apcalipse 3,20).
Descobriremos à luz do Espírito o ponto em comum que moveram São Francisco e o nosso Fundador, onde a maior aventura de suas vidas foi responder ao convite do nosso Amado Criador e bradar aos quatro cantos do mundo O AMOR NÃO É AMADO. E foi assim que se tornou uma RESPOSTA ao AMOR, através do Carisma Shalom. Um convite que se estende a todos. Deus espera ansiosamente uma RESPOSTA de cada um de nós. Shalom!
Por Valdo Lacerda, consagrado da comunidade de aliança da missão Recife.
Muito bom irmão, parabéns