Hoje é comemorado o Halloween, o dia das bruxas. Para um pouco mais além do senso comum, esse dia não carrega consigo somente brincadeiras e fantasias, ou o conjunto dos registros cinematográficos que fixaram a data no imaginário popular. Esse dia, mesmo que a intenção não seja clara, deliberada, torna-se uma porta de abertura ao mundo espiritual, não de uma forma positiva, mas carregada de algo sombrio, obscuro.
A palavra consagração traz consigo o sentido de “separação”. Quando algo é consagrado é porque foi “separado para”. Neste dia, ao embalo da data comemorativa, são criadas muitas oportunidades para as consagrações.
A origem da festa remonta as festas celtas das colheitas, e, ao longo do percurso histórico, muitos cultos diferentes foram se agregando à festa, uns em tons de deboche e outros mais sérios. Em meio a popularização da data, pouco se reflete sobre o que realmente está em jogo.
Existe, de fato, um mundo espiritual. E nele habitam seres incorpóreos, uns voltados ao bem, ações de virtude, proteção, salvação, e outros que, igualmente inteligentes e livres, optaram pela oposição ao bem, dedicando-se aos vícios, à violência, à perdição, à potencializar o que há de sombrio na existência. Tais seres existem e alimentam-se das oportunidades concedidas pelos homens. Esses espíritos malignos são, portanto, passíveis de invocação e de ação concreta no mundo visível. Os jogos místicos tão disseminados e as palavras pronunciadas à esmo têm força de invocação, pois a palavra carrega a expressão do desejo humano ou do consentimento, capazes de abrir as chaves do coração.
A tradição católica, em forma de alegoria, nos fala da batalha entre o Arcanjo Miguel e Lúcifer, anjo de luz que voltou-se contra Deus por não querer abaixar-se diante de um Deus que se encarnaria como homem. Decidiu que não se sujeitaria a esse ponto. Entretanto, Deus havia concedido poderes a estes seres celestes para o serviço e o louvor, poderes extraordinários como: alteração da matéria, inteligência elevada, como a onisciência sobre o passado, dentre outros. Esses poderes não foram revogados por Deus, pois Deus não concede seu amor de forma condicionada, nem os Seus dons. Estes seres, portanto, possuem poderes para mover objetos, levitar, atear fogo, alterar as condições físicas da matéria, conhecer o passado inteiro de cada indivíduo. E esses seres, não podendo vencer Deus, tentam contra o objeto do Seu amor: o homem. Desta forma, toda abertura do homem a essas forças espirituais são oportunidades indispensáveis à essa inteligência maligna. A ingenuidade, a ignorância ou indiferença do homem em relação a este mundo espiritual transforma-se num prato cheio para o lado sombrio da batalha.
A bruxaria, de fato, existe, e os seus feitiços são reais. O satanismo, de fato, existe, e seus efeitos são reais. A batalha espiritual existe e, há todo momento, o mundo espiritual toca a vida real. Podemos, portanto, consagrar, separar nosso dia aquilo que escolhermos, e assim será feito.
Aqueles que abrem espaço para essa relação com esses espíritos malignos devem estar cientes que a atitude é grave, e é real. Aqueles que estão cientes da gravidade e mesmo assim escolheram se envolver, é preciso que saibam que a escravidão é parte constitutiva desse submundo, não é opcional, mas a qualquer momento o homem pode renunciar, e sair. Isso pode ser feito através de uma oração de corte de maldição, a ser feita por um ministro consagrado a Deus. Tal possibilidade se baseia no fato de que Deus é o Senhor de tudo que há. E aqueles que consagraram sua vida a Deus, escolheram relacionar-se com Ele, não precisam temer, basta vigiar, pois não há ninguém como Deus.
Há uma inteligência maligna à propagar a morte, as trevas, a perdição. Que este dia sirva-nos para lembrar que o mundo espiritual existe, e que não podemos nos orientar na vida de forma assertiva ignorando essa existência.
Leituras sugeridas:
O Inferno, Monsenhor de Ségur.
Catecismo da Igreja Católica.