Shalom

Um encontro com Francisco

E lá vinha Francisco, com aquele sorriso largo, já tão conhecido.

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Papa Francisco abraça Luís Maurício, o Loirinho

 

Um dia inesquecível para toda a Comunidade Católica Shalom. 3000 mil membros da Comunidade de 26 países, reunidos com o Santo Padre, o Papa Francisco.

Antes da chegada do pontífice, vídeos de 4 missões Brasil, Terra Santa, Cabo Verde e Uruguai eram exibidos no telão, mostrando a universalidade da Comunidade. Entre cada vídeo, o testemunho de Juan José, de Santiago de Chile, Justine Lafferrière, da França e Matteus Patrício,do Brasil. Após cada testemunho, um momento de oração. As línguas se misturavam na Aula Paulo VI. Português, inglês, espanhol, italiano, francês, árabe… Em cada idioma, a súplica pela graça de ser fiel a vontade de Deus, de ofertar suas vidas a Deus em favor da humanidade, a gratidão de ter sido alcançado e de ter sido misericordiado.

O tempo ia passando. No coração, a ansiedade. Os minutos pareciam uma eternidade. A medida que se aproximava “a hora” a grade ia ficando tomada pela multidão. As faixas com o nome “SHALOM” já ficavam erguidas. Luís Maurício, o Loirinho, também levantava a sua faixa, corria pelo corredor, mostrava o seu crachá de peregrino. O público apertadinho na grade ensaiava uma ‘ola’, gritava o nome do santo Padre, cantava. As crianças eram aproximadas do corredor. Os seguranças começaram a se movimentar, os guardas suíços a se posicionarem. As câmeras se espalhavam por todo o lugar. O secretário do Papa atravessou o corredor. A movimentação da cortina ficou ainda maior. O ministério de música começou a entoar “Ressuscitou” e o público acompanhava cantando de pulmões cheios. E no momento ápice da canção, no momento do “Ressuscitou”, as cortinas se abriram.

E lá vinha Francisco, com aquele sorriso largo, já tão conhecido. O grito preso na garganta ganhou sonoridade. Os braços se estendiam pelo corredor, as câmeras e celulares tentavam captar um pouco da emoção vivida. As crianças eram abençoadas, uma aniversariante ganhou atenção por causa de um cartaz, o solidéu era trocado por alguns segundos pelo solidéu levado por um peregrino. Ele caminhava devagar, distribuindo simpatia. E finalmente ele chegou no palco. Sentou-se na cadeira. Atrás dele a escultura “Ressurreição”. Alguns segundos de silêncio.

Então, Moysés começou a falar um pouco da história da Comunidade. A experiência do fundador. O presente para o Papa. A carta, a oferta de vida. A lanchonete, que em italiano se transformou em “pizzaria”. A graça de Deus que tudo fez. A oferta de um jovem que transformou-se em uma multidão.

Emmir tomou a palavra. Falava dessa multidão, que não é simplesmente uma multidão, é uma família. Uma família unida por um carisma e que agora desejava renovar a sua oferta de vida aos pés do sucessor de Pedro. Quando Emmir parou de falar, o Papa Francisco pensou que o discurso tinha acabado e levantou-se para abraçá-la junto com Moysés. Moysés deu continuação ao discurso e o pontífice voltou a sentar-se. Com bom humor brincou com a situação. Todos riram. Moysés finalizou o discurso e o abraço adiado por alguns minutos aconteceu. O abraço dado no fundador e na cofundadora acolhia não só a eles, mas toda a Comunidade.

Juan José, Justine Lafferrière e Matteus Patrício, que antes tinham dado seus testemunhos deram sequência ao momento, fazendo três perguntas ao pontífice. Roger Valim e Sara Ferretti davam cara aos mais antigos e mais novos da Comunidade. Francisco acompanhava as perguntas no papel e grifava palavras que eram importantes. O público ainda tentava acalmar o coração. Era muita adrenalina! Quando o Papa terminou de falar, chamou seu secretário, cochichou algo… o secretário foi até alguém da organização do Shalom, cochichou algo também, teve a resposta e voltou até o Santo Padre. E finalmente Francisco falou. Queria saber se poderia falar em espanhol para se expressar melhor, já que todas as suas respostas foram espontâneas. Primeiro respondeu ao Juan, depois a Justine e Matteus. Em seu discurso palavras-chaves: sair de si, misericórdia, “doença do espelho”, raízes, dar de graça o que de graça recebemos. No diálogo com o Matteus, brasileiro, o bom humor: “quem é melhor: Pelé ou Maradona?”. Os espectadores se divertiam com o pontífice. No fim da resposta, mais um convite a sair de si e perguntou ao público: “combinado?”. Alguns responderam “sim!”, outros ouviam pela tradução simultânea e demoraram a responder. E o Papa: “Ai, meu Deus, como estais! Parece que eu em vez de vos animar vos estou a dar um calmante para os nervos para vos adormecer”. Mais uma vez risadas, aplausos e um forte “sim” respondendo ao pontífice.

Por fim, a resposta dada aos antigos e mais novos da Comunidade. A importância do diálogo, de passar a herança. E mais uma vez o bom humor do Santo Padre: “Não sei como continua agora o programa, mas surgiu-me uma dúvida no final da última pergunta do diálogo entre jovens e idosos: Moysés, é jovem ou idoso?”. O público gritava: “jovem, jovem, jovem”. O fundador ria e brincava com o Papa.

Tudo isso foi acompanhado pelos presentes com muita atenção. Os olhos e ouvidos atentos procuravam gravar no coração cada palavra, cada ensinamento dado. A euforia inicial, com o passar do tempo, transformava-se em gratidão e no mais profundo desejo de viver o que Francisco chamava a viver. Alguns deixavam transbordar pelos olhos a emoção sentida. Era o Papa, bem ali, dirigindo-se a cada um que é alcançado de alguma forma pelo Carisma, brincando, orientando, abraçando.

A Audiência prosseguiu com um momento de oração. A música “Oferta” era cantada por todos, seguida pela “oração da renovação da nossa oferta de vida”, entoada em diversos idiomas. A oferta do Moysés diante de São João Paulo II, transformou-se na oferta de milhares diante do Papa Francisco. Uma oferta ao Ressuscitado que passou pela Cruz, uma oferta aos jovens, uma oferta a Igreja, uma oferta a humanidade ferida. A oferta de um povo que na sua miséria contempla a misericórdia de um Deus amoroso, que não cansa de se dar. O “eis-nos aqui” foi dado. O Papa deu sua bênção e concluiu com o pedido de sempre: “não se esqueçam de rezar por mim”.

Francisco desceu as escadas, dirigiu-se aos enfermos e àqueles que lhe tinham falado. A imagem era transmitida no telão. Ao abraçar o Loirinho, o público gritava e aplaudia. Aquele, sem dúvidas, foi O momento do Loirinho! Abraçou o Santo Padre, beijou sua cruz e mostrou-lhe com orgulho seu crachá de peregrino. Francisco o acariciava e se alegrava com a sua alegria, como é próprio de um pai. Por fim, mais um abraço na Emmir e no Moysés. Nesse abraço a amizade e o carinho pela Comunidade ficou ainda mais clara.

E lá se foi ele voltando pelo mesmo corredor que tinha entrado. O sorriso permanecia no rosto. Todos acenavam e se despediam de Francisco. Quando o Papa se foi e as cortinas se fecharam, via-se um povo com uma felicidade transbordante, que se abraçava e tentava partilhar rapidamente a emoção daquele momento. As lágrimas ainda corriam, as fotos eram enviadas para os irmãos que tinham ficado no Brasil e familiares. Que dia! Que momento histórico.

Hoje a recordação é viva na mente e no coração. Agora resta a responsabilidade de corresponder ao chamado de Deus feito pelo Sucessor de Pedro. Resta viver com plenitude essa vida ofertada, saindo de si, amando os não amáveis, anunciando, sendo testemunha da misericórdia, dando de graça o que de graça receberam.

Mayara Raulino


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