A Palavra de Deus, fonte de toda a nossa espiritualidade, deve antes de tudo ser assumida com fé, amor e perseverança. Jesus recorda que é preciso “escutar e praticar” a Palavra; não podemos, portanto, ter uma leitura corrida, desatenta e sem prestar o devido amor ao Senhor que nos fala ao coração. Três são as atitudes fundamentais que devem estar dentro de nós quando nos aproximamos do santuário da Palavra de Deus; ela dever ser lida: lenta, atenta e amorosamente.
– Lentamente: não somos acostumados a ler lentamente. Hoje temos quase uma “voracidade compulsiva” em ler muito. Há, poderíamos dizer, um “engordamento artificial” de idéias que não conseguimos digerir. É muito importante na oração evitar essa fome de palavra, ter mais cuidado na escolha do que lemos e ler mais lentamente, quase saboreando palavra por palavra, repartindo as palavras como se fossem uma fruta que queremos saborear e não apenas engolir.
– Atentamente: prestar atenção ao que se diz ou se lê. Para Santa Teresa, este é o segredo da verdadeira meditação. É preciso, diz ela, saber o que diz e para quem diz, para que seja verdadeira oração. A mesma pedagogia devemos usar quando queremos compreender o que estamos lendo para poder penetrar no seu sentido. Três perguntas podem ser úteis aqui: “O que diz a Palavra? Para quem é dirigida? O que diz para mim hoje?”. Essa releitura da Palavra é fundamental para, diante dela, não nos portar como espectadores ou visitantes de um museu, mas atualizá-la para a nossa vida.
– Amorosamente: ler com amor, como se a Palavra ou texto fosse dirigido tão somente a nós. Essa personalização da Palavra é fundamental para que possamos ser “tocados” pelo espírito do autor que, quando escreveu, tinha uma finalidade: sermos gerados pela Palavra ouvida e meditada. Quando lemos algo com amor, isso produz mais fruto dentro de nós.
A leitura meditada é um caminho fácil que todos podemos percorrer, e podemos sentir que o Senhor nos alimenta em um banquete “festivo”. “Todos vós que tendes fome e sede, vinde à nascente”, recorda o profeta Isaías 55,2. O que importa é comer; que a comida seja preparada por nós ou por outro, pouco importa. Mas quando a comida é preparada pelo próprio Deus, aí não podemos recusá-la.