Formação

Frei Patrício: Os santos da porta do lado

As bem-aventuranças, este é o programa da felicidade, da alegria que Jesus nos oferece, o caminho para sermos santos.

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Hoje celebramos uma festa bela, fascinante, que comove o nosso coração, a festa de todos os santos… Não só os santos do calendário, aqueles e aquelas que foram canonizados por meio de decreto papal pela Igreja, mas hoje é festa grande no Céu. Todos os que estão no paraíso são santos que se inclinam sobre a terra e rezam por nós. Uma festa familiar. Quantas pessoas morreram e, por terem feito o bem com alegria e com gratuidade, entraram no Reino do Céu! O papa Francisco nos deu a exortação apostólica que mais leio e mais me faz feliz, a Gaudete et exultate. Você já leu? Existe em todas as línguas, até em chinês, se você preferir… ou em árabe. É um caminho de santidade para todos, ninguém pode dizer que a santidade não é feita para si. Aliás, devemos muito a santa Teresinha, que na sua
pequenez e fragilidade humana e sempre meio adoentada, descobriu a pequena via da santidade, feita de amor e de abandono.

Neste documento, o Papa diz: “Não pensemos apenas em quantos já estão beatificados ou canonizados. O Espírito Santo derrama a santidade, por toda a parte, no santo povo fiel de Deus, porque aprouve a Deus salvar e santificar os homens, não individualmente, excluída qualquer ligação entre eles, mas constituindo-os em povo que O conhecesse na verdade e O servisse santamente. O Senhor, na história da salvação, salvou um povo. Não há identidade plena, sem pertença a um povo. Por isso, ninguém se salva sozinho, como indivíduo isolado, mas Deus atrai-nos tendo em conta a complexa rede de relações interpessoais que se estabelecem na comunidade humana: Deus quis entrar numa dinâmica popular, na dinâmica de um povo.”

Eu vi uma multidão de santos

O evangelista João com o seu livro maravilhoso, o Apocalipse, nos diz o que ele viu; e o que viu? Uma multidão que não se pode contar de pessoas vestidas com brincos cantando o hino de libertação; são todos os que, na terra, de uma maneira ou de outra têm dado testemunho de Jesus através do derramamento de sangue, como mártires ou através de outras formas de sofrimentos para viver a própria fé. Leiamos esse texto lindo da Gaudete et exultate, que mostra que os santos são a face mais bela da Igreja. Sobre esse assunto, o papa Francisco recorda que “São João Paulo II lembrou-nos que o testemunho, dado por Cristo até ao derramamento do sangue, tornou-se patrimônio comum de católicos, ortodoxos, anglicanos e protestantes. Na sugestiva comemoração ecumênica, que ele quis celebrar no Coliseu durante o Jubileu do ano 2000, defendeu que os mártires são uma herança que fala com uma voz mais alta do que os fatores de divisão.”

Somos filhos de Deus

Somos filhos de Deus, irmãos de Jesus, amados no Espírito Santo. Caminhamos para uma lenta, mas forte transfiguração de toda a nossa vida através da força da palavra de Deus, dos sacramentos e da oração. Um filho que não fala com seu pai e não dialoga para realizar a sua vontade não é bom filho. Os santos são cristãos que se esforçam para viver o Evangelho dos pequenos gestos. A santidade dos grandes gestos pode ser que não tenhamos possiblidade de viver.

Para Francisco, na Gaudete et Exsultate, diz que devemos nos lembrar como Jesus convidava os seus discípulos a prestarem atenção aos detalhes: o pequeno detalhe do vinho que estava a acabar numa festa; o pequeno detalhe duma ovelha que faltava; o pequeno
detalhe da viúva que ofereceu as duas moedinhas que tinha; o pequeno detalhe de ter azeite de reserva para as lâmpadas, caso o noivo se demore; o pequeno detalhe de pedir aos discípulos que vissem quantos pães tinham; o pequeno detalhe de ter a fogueira acesa e um
peixe na grelha enquanto esperava os discípulos ao amanhecer.

Ser santo é viver as bem-aventuranças

As bem-aventuranças, este é o programa da felicidade, da alegria que Jesus nos oferece, o caminho para sermos santos. Eis o que nos diz o papa Francisco comentando as bem-aventuranças como projeto de vida: “Sobre a essência da santidade, podem haver muitas teorias, abundantes explicações e distinções. Uma reflexão do género poderia ser útil, mas não há nada de mais esclarecedor do que voltar às palavras de Jesus e recolher o seu modo de transmitir a verdade. Jesus explicou, com toda a simplicidade, o que é ser santo; fê-lo quando nos deixou as bem-aventuranças (Cf. Mt 5, 3-12; Lc 6, 20-23). Estas são como que o bilhete de identidade do cristão. Assim, se um de nós se questionar sobre «como fazer para chegar a ser um bom cristão, a resposta é simples: é necessário fazer – cada qual a seu modo – aquilo que Jesus disse no sermão das bem-aventuranças. Nelas está delineado o rosto do Mestre, que somos chamados a deixar transparecer no dia-a-dia da nossa vida. A palavra feliz ou bem-aventurado torna-se sinônimo de santo, porque expressa que a pessoa fiel a Deus e que vive a sua Palavra alcança, na doação de si mesma, a verdadeira felicidade.”

Oração
Senhor, que eu seja santo. Faze-me santo.


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